Erro tático
Mais uma vez se confirma uma verdade da política: muito poder pode levar à inconseqüência. Líderes acharem-se acima do bem e do mal, razão para tomarem atitudes insensatas. Lula que por diversas vezes, enquanto governante, conseguiu driblar situações que em condições normais seriam altamente comprometedoras, do alto do prestígio que adquiriu, a ponto de ser um dos poucos políticos capazes de transferir prestígio, entendeu que nada o atingiria. Inclusive porque elegeu uma candidata com pouco carisma e que hoje desfruta de altíssimo grau de aceitação. Como todos os que são do ramo sabem, situação pouco vivida. Aqui no Paraná só Ney Braga, em 1965, no Estado, com Paulo Pimentel, e Jaime Lerner em 1992 e 1996, como prefeito, elegendo Rafael Greca e posteriormente Cássio Taniguchi. Reverenciado como mito político, a cujo prestígio somou-se a compaixão pela doença sofrida e que ainda hoje o aflige, Lula pode ter-se sentido acima das avaliações humanas. Daí meter-se em empreitadas perigosas. Começou por lançar candidato a prefeito de São Paulo um inexpressivo ex-ministro de Educação, tripudiando sobre o prestígio da mais viável candidatura do PT, a ex-prefeita e senadora Marta Suplicy. Não satisfeito, iniciou a articulação de uma CPMI que o vingaria das agressões sofridas por seu governo do hoje governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo. Esquecido que a abrangência do novo caso poderia chegar a pessoas de sua intimidade como o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz e o do Rio, Sérgio Cabral. Por fim, e ainda pior; teria tentado interferir em decisão do STF que ameaçava colocar em julgamento os 38 envolvidos no mensalão. Confirmada a intervenção, inominável, obrigando agora sim, o Supremo, até para salvar sua imagem, a colocar o escândalo em julgamento. Um erro tático que pode custar caro a seus companheiros.
Intervenção…
A reação do ministro Gilmar Mendes, denunciante da suposta tentativa de Lula de chantageá-lo oferecendo em contrapartida a uma posição favorável adotada por ele no retardamento do julgamento do mensalão, uma amenizada no encontro que teve na Europa com o hoje execrado senador Demóstenes Torres, está sendo alvo da repulsa de vários ministros. Situação que vai render muito!
…absurda
Pior ainda se confirmado que Lula já contatara outros ministros como José Dias Tofolli e Lewandowski, além de possível intervenção de Sepúlveda Pertence junto à ministra Carmem Lúcia. Um absurdo completo que merece a repulsa que outros ministros estão manifestando.
Insegurança
Com manifestações anônimas já vazadas na Internet, em veladas ameaças à integridade física do principal repórter que capitaneou as matérias altamente comprometedoras a dirigentes da cúpula da Polícia Civil, Mauri Konig, pelo uso de viaturas a serviço oficial em atividades extra funcionais, a RPC está na obrigação de pedir à Secretaria de Segurança, proteção ao seu profissional.
Um Coliseu
A aprovação de financiamento ao estádio do Atlético que servirá à Copa do Mundo, verdade que para poucos e talvez até inexpressivos jogos, comprometendo o governo do Paraná, cria uma insegurança: se não houver o financiamento público, de validade discutível com tantas necessidades a exigir intervenção estatal, terá Curitiba um estádio incompleto depois de ter sido a melhor arena multiuso do País.
Medidas pontuais
A inadimplência alcançada pelo crédito de veículos, liberado de maneira quase irresponsável, obriga o governo agora a, para socorrer as montadoras a novas posturas salvadoras. Medidas pontuais como as adotadas em 2010 podem ter conseqüências desastrosas.
Em choque
As denúncias comprovadas com fotos e registros de datas e horários, nas ações de agentes da Polícia Civil do Paraná, não podem ser jogadas na vala do esquecimento. Soma-se ao registro anterior de mal uso do dinheiro público no setor, absorvendo mais de R$ 200 milhões, atravessando os governos de Requião e adentrando o de Beto Richa, sem providências saneadoras.
