Polícia dividida

A greve dos policiais federais de todo o Brasil tem uma razão de ser: a Medida Provisória 657, editada pelo governo na semana passada, no momento em que ocorreram os vazamentos de informações do escândalo da Petrobras. Supostamente, uma represália, entende a maioria dos policiais em relação à medida governamental, que nos corredores das delegacias federais é chamada de “MP da Chantagem”. Os delegados da PF, beneficiários da MP que não reconhece autoridade nos funcionários de outros escalões, censuraram o movimento paredista em véspera de eleição.  Para a Associação dos Delegados de Polícia Federal e para a Federação Nacional dessa categoria, o movimento é “injustificável” e “inoportuno, com finalidade exclusivamente eleitoreira”. O fato é que a Polícia Federal neste momento está rachada e automaticamente, paralisada em termos de ações, o que, para o governo é interessante. Afinal os assuntos que têm surgido, fruto de suas atividades, não têm se mostrado muito favoráveis a quem está numa disputa eleitoral árdua. Parao presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais, Carlos Antônio, uma das categorias supostamente prejudicadas pela MP, “não gostaríamos de fazer essas paralisações na semana que antecede a eleição, mas o governo não nos deu outra opção ao editar essa medida”. Se o movimento terá algum reflexo na disputa que se encerra no domingo, é o que se verá! Pela pouca influência de situações anteriores muito mais graves, a impressão que passa é que nada será alterado.

A quem interessa!

Há uma coincidência em fatos ocorridos nos últimos tempos: o esvaziamento (e descrédito)  do IBGE; a não divulgação de números aparentemente negativos obtidos pelo Ipea; a desmobilização da Polícia Federal que aparentava uma excessiva liberdade de ação, independente do interesse governamental, terão relação entre si?

Longevidade eleitoral

Um fato curioso, resultado desta eleição de 5 de outubro: o  deputado Elio Rusch, presidente do Democratas, realiza um feito inédito. Eleito com 10 mil votos a mais que sua eleição anterior (55 mil votos), aos 62 anos de idade, completa 34 anos de vida pública em dezembro. Três eleições de vereador em Marechal Cândido Rondon e quatro de deputado estadual (mais o mandato que se inicia em janeiro), sempre eleito diretamente, jamais tendo assumido como suplente. Acrescenta ainda no seu currículo, um mandato como diretor da UPES.

Ações estranhas

A depender do interesse da Associação dos Magistrados Brasileiros, os seus 3 mil associados inativos deverão receber o salário-moradia, concedido a todos os da ativa (sem protestos visíveis da população, acrescente-se). Pelo menos é o teor do pedido enviado ao STF, no corpo da ação originária que trata desse auxílio no Supremo. A propósito e não sem propósito: foi concedido em Brasília o direito de Joaquim Barbosa, exercer a advocacia. Solicitação que fora questionada pelo presidente da OAB regional da “ilha da fantasia”.

Solidariedade negada

A denúncia divulgada por jornal paulistano, dando conta de uma possível contribuição milionária à campanha senatorial de Gleisi Hoffmann, em 2010, feita pelo doleiro, Alberto Youssef,já produziu um efeito: o presidente regional do Partido Solidariedade, deputado Fernando Francischini, mesmo sendo da bancada paranaense, não foi “solidário” com a senadora. Quer porque quer,depoimento seu na CPI do Congresso. A senadora retruca: “é valentia seletiva do ex-delegado. Quando divulgaram o nome de dezenas de deputados, ele não falou em convocar ninguém”!

Porta arrombada

A visão externada ontem por esta coluna é a mesma de comentaristas da imprensa nacional: ao endurecer com as campanhas do segundo turno, em relação ao uso da mistificação e mentiras, nas campanhas eleitorais, o TSE em realidade está passando a tranca, depois da porta arrombada.  Houvesse esse rigor desde o início, o PT não teria passado com seu trator em cima de Marina Silva. Igualmente o “bateu,levou” que tomou conta do segundo turno, teria sido evitado. Acrescente-se que desde quando ocupou pela terceira vez a presidência do TSE. O ministro Marco Aurélio vinha alertando para o mau uso do horário eleitoral. Supostamente criado para a apresentação de programas dos candidatos.