Momentos finais

Cindo dias nos separam do final da mais tensa e disputada campanha presidencial de todos os vinte e nove anos da nossa ainda tenra democracia. Muitos são os fatores que contribuíram para o clima de guerra que marcou esse embate: a começar pela resistênciado PT que viu seu projeto de continuar no poder por muito tempo ainda, ameaçado. Inicialmente por Marina Silva que emergiu de uma parceria com Eduardo Campos, com o destino interrompendo a tentativa do ex-governador pernambucano de ocupar o Palácio do Planalto. O susto com o crescimento da candidata que assumiu a vaga deixada por Campos, pela tragédia que o atingiu em Santos, logo foi interrompido pelo programa de desconstrução que a poderosa campanha da presidente, em busca de um segundo mandato, moveu contra a frágil ex-seringueira. Abatida Marina, Dilma e seus companheiros viram aflorar a campanha tida como derrotada antecipadamente de Aécio Neves. Com uma vitalidade que não se imaginava possível! A ponto de, surgindo de um segundo lugar no primeiro turno com diferença superior a dez por cento, logo ter os números de Dilma, superados por ele. Novos momentos de agressividade oficial, para repetir o êxito obtido contra Marina.  Com respostas do ainda jovem mas veterano político mineiro, no mesmo nível. Faltando apenas esses cinco dias, ninguém pode afirmar com convicção que o vencedor já está definido. Um especialista em pesquisa, dono da única empresa paranaense atuante no setor de pesquisas de opinião, Murilo Hidalgo, tem uma certeza: tudo vai depender do comportamento de Minas Gerais, neste segundo turno. Exatamente o estado onde se esperava um resultado melhor de Aécio, no primeiro.

Suspeita

A suspeita levantada contra a campanhas enatorial vitoriosa de Gleisi Hoffmann[derrotada  agora na eleição governamental com surpreendente  votação negativa, 13 pontos percentuais inferior à também inesperada fraca votação de Roberto Requião, ele que fora instado a entrar na disputa para ser  “coadjuvante”],  de financiamento parcial de sua campanha  com verba desviada da Petrobras pela  dupla Youssef-Paulo Roberto, ainda pode causar prejuízo a sua imagem.  Em sua defesa a senadora afirma que a palavra de dois “bandidos” não pode ser aceita como verdade.

Premonição

Não por acaso, na coluna de segunda-feira, este colunista afirmava, ao analisar a fala de Roberto Jefferson, o denunciante do mensalão: “personagem de um dos mais importantes e sórdidos episódios da política brasileira, só suplantado pelo atual escândalo da Petrobras, que levou o conceito da maior empresa nacional à lama, e que, tanta dor de cabeça ainda vai dar, antes e depois do segundo turno”.  Essa denúncia de Paulo Roberto, de que R$ 1 milhão teria sido doado à campanha de Gleisi ao Senado, ainda não viera a público!

Vitória a qualquer preço

Aí está uma das razões pelas quais Dilma não pode perder a eleição. O que está sob sigilo nos casos Petrobras (Pasadena, refinaria Abreu e Lima, entre tantas maracutaias ainda não reveladas), incluindo nomes de dirigentes da estatal e políticos beneficiados (aparentemente 28 com foro privilegiado) se a investigação chegar ao fim, causará um estrago terrível. Com a vitória muita coisa poderá ainda ser enfiada para baixo do tapete!

Neutralidade

Um encontro da mais votada deputada federal do Paraná, Cristiane Yared, com a presidente Dilma, quando de sua passagem por Curitiba, foi destacada pela senadora Gleisi , no Facebook. Um registro de Cristiane, desqualificou o registro, reafirmando sua neutralidade no segundo turno: “Esta causa [a da paz no trânsito] é muito maior do que qualquer partido”, escreveu a futura deputada.

Justiça tardia

A Justiça Eleitoral, como as demais, também demora a agir. Se a medida adotada agora pelos seus Ministros, valesse desde o início, muita baixaria da atual campanha teria sido evitada. Inclusive as deflagradas contra Marina Silva pelos marqueteiros de Dilma Rousseff, no primeiro turno. Tirar “comerciais” de campanha do ar, agora é tarde! Outra medida , necessária às emissoras de televisão, é um  novo modelo de debate. De preferência, sem o confronto direto dos candidatos, com ofensas de parte a parte. Perguntas sem conhecimento antecipado,formuladas por terceiros, evitaria a participação nefasta dos marqueteiros.