Estragos por tempestade de granizo e vento levam município a decretar calamidade

A tempestade de granizo e fortes ventos, que atingiu uma faixa territorial do município de Luiziana, na quarta-feira (16), deixando estragos, causando prejuízos, levou o prefeito do município, Wilson Tureck (PSD), a decretar estado de calamidade pública pelo prazo de 180 dias. Ou seja, 6 meses.

“Nossa situação econômica já estava bastante delicada pela situação da pandemia da Covid-19 e as perdas na safra de verão com a estiagem prolongada que assolou a Comcam. Infelizmente este temporal que atingiu uma parte do nosso município agravou ainda mais nossa realidade”, lamentou o prefeito.

De acordo com dados, no perímetro urbano, o Conjunto Esperança foi o mais atingido. Várias casas tiveram telhados danificados no bairro devido aos fortes ventos e pedras grandes de gelo. Em uma residência, um morador chegou a procurar abrigo dentro da pia da cozinha com medo de o telhado vir todo abaixo. “O vento foi muito forte e veio de uma vez acompanhado com granizo. Quando vi que o telhado começou a quebrar, só pensei em me proteger”, relatou ele, que se identificou apenas como Claudinei.

O documento assinado por Tureck, informa que os prejuízos causados pelo temporal ‘transcendem o erário, afetando milhares de moradores, bem como a situação econômica que já estava fragilizada e enfrentamento à pandemia da Covid-19’. “Infelizmente tivemos grandes avarias e muitos moradores afetados”, ressaltou Tureck.

O temporal atingiu a cidade por volta das 15h40. O granizo durou cerca de 4 minutos. Houve queda de uma grande quantidade de pedras de gelo. Várias áreas com soja que estavam prontas para a colheita sofreram grandes danos. Com a força das pedras, a vagens debulharam, causando a queda dos grãos, resultando em perdas, conforme produtores.

Na fazenda Colina Verde, na localidade Estrada Campina da Lizeta, por exemplo, onde os trabalhos de colheita estavam em andamento no momento do temporal, um dos trabalhadores do local informou que os prejuízos foram significativos. Naquela área específica, ele estimou uma perda de cerca de 20 sacas de soja por alqueire devido ao granizo.

Prejuízos já tinham sido registrados com a estiagem prolongado. Na propriedade, a expectativa no início do plantio era colher entre 170 a 180 sacas por alqueire, mas devido à seca, a produção caiu para em média apenas 60 sacas, volume três vezes menor que o esperado. “Já tinha sofrido uma quebra grande com a seca e só aumentou com o granizo”, falou.

Não há dados exatos do número de atingidos pelo temporal, mas a prefeitura estima mais de 1 mil famílias prejudicadas. Na tarde dessa terça-feira (22), fortes ventos e um início de queda de granizo voltou a assustar moradores. No entanto, desta vez, não houve prejuízos ou danos.

Calamidade

O estado de calamidade acelera a liberação de recursos para obras urgentes de recuperação dos locais atingidos e para casos específicos para atendimento aos atingidos dispensa realização de licitação pelo município. O decreto ainda precisa ser reconhecido pelo Estado, por meio de votação na Assembleia Legislativa.

Tempestades recorrentes

Desde o fim do ano passado, municípios da Comcam vêm sofrendo com a ocorrência de tempestades que se tornaram cada vez mais frequentes. As tormentas aumentaram expressivamente desde o início da primavera se estendendo agora no verão.

“As condições atmosféricas nestas épocas [estações] favorecem a formação de nuvens de tempestades, na maioria das vezes, localizadas, mas em diversas regiões”, explica o Sistema Tecnológico de Meteorologia do Paraná (Simepar). Segundo o instituto, o choque entre massas de ar frio e quente convergem para esta situação climatológica.

Em novembro, o prefeito de Farol, Oclecio Meneses (Podemos), decretou situação de calamidade pública por dois meses (60 dias) em decorrência dos estragos sofridos por um forte temporal de granizo e ventos de mais de 70 km/h, deixando rastro de destruição na cidade. Residências particulares, prédios públicos e comércios foram afetados. A zona rural também.

As cidades de Iretama e Moreira Sales foram outras que sofreram com tempestades (vento e granizo). A situação mais crítica foi em Moreira Sales. Serviços básicos como fornecimento de energia elétrica e água levaram praticamente uma semana para serem completamente restabelecidos à população. Ventos fortes causaram a queda de mais de 12 postes da rede elétrica e inúmeras árvores. “Parece que um tornado passou pelo município”, lembra o prefeito Rafael Bolacha (MDB).

Em Iretama, o prefeito Same Saab (PSD) também decretou emergência por 6 meses, a vigência encerra em abril agora, por causa do granizo. As comunidades da Esplanada e Vila Rural Colina Verde foram as mais atingidas, tendo telhados de residências, barracões e plantações completamente destruídas.