53 anos: Coamo estima receita global de R$ 31 bi em 2023 e anuncia sobras a cooperados

A Coamo Agroindustrial Cooperativa completou 53 anos de fundação nesta terça-feira (28), registrando no exercício de 2023 uma receita global entre R$ 30 a R$ 31 bilhões, superando o recorde de 2022, de R$ 28 bilhões. Deste valor, após a dedução estatutária, será adiantado o pagamento, no dia 5 de dezembro, de R$ 230 milhões em sobras aos mais de 30,7 mil cooperados no Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.

O anúncio foi feito na tarde desta terça, durante uma coletiva de imprensa, na sede da cooperativa, em Campo Mourão, pelo presidente dos Conselhos de Administração da Coamo e da Credicoamo, José Aroldo Galassini. “Mesmo caindo os preços [das commodities] ainda vamos ter uma receita melhor que o exercício anterior”, comentou Galassini, ao informar que o balanço, com números exatos, será divulgado em assembleia geral dos cooperados a ser realizada, provavelmente, em de fevereiro de 2024.

Apesar de um 2023 difícil para o agronegócio, segundo Gallassini, principalmente devido a queda nos preços das commodities, o que impactou diretamente no faturamento da cooperativa, as perspectivas para 2024 são positivas. “Estamos passando por um plantio bom, que aumentou áreas e tudo mais. Tivemos um problema climático que afetou algumas áreas com as fortes chuvas que causou muita erosão levando sementes e adubos. Isso vai atrapalhar a produtividade dos produtores que tiveram problemas. Mas ainda assim teremos uma boa safra ainda maior que a do ano passado”, prevê.

Em relação ao preço dos produtos agrícolas, ele lembrou que após um período sofreram queda, porém, os insumos continuaram com preços elevados, prejudicando a rentabilidade do produtor. “Para se ter uma ideia, a soja chegou a R$ 200,00 e está a R$ 127,00; milho chegou a R$ 100,00 e hoje está R$ 47,00. O trigo também atingiu 100,00 e depois caiu para quarenta e poucos. Um ano, realmente bastante difícil”, ressaltou.

Sobre a distribuição das sobras a todo o quadro de cooperados no próximo dia 5, Galassini destacou que o dinheiro é considerado o décimo terceiro do produtor rural. No resultado do exercício, os cooperados estarão recebendo a título de sobras R$ 0,75 centavos para cada saca de soja entregue na Coamo, R$ 0,25 para o milho, R$ 0,25 para o trigo e R$ 1,60 para insumos. “No balanço, em fevereiro, vamos fazer o total da sobra a ser distribuído”, informou.

Investimentos para os próximos 3 anos

Durante a coletiva de imprensa, o presidente executivo da Coamo, Airton Galinari, adiantou, sem informar valores, que a Coamo fará investimentos robustos em toda sua área de atuação, abrangendo ampliação e modernização de entrepostos e indústrias, construção da fábrica de etanol de milho em Campo Mourão, entre outros.

O presidente executivo informou que está agendada para o dia 13 de dezembro uma assembleia geral da Coamo para apresentação dos investimentos propostos pela diretoria para o triênio 2024/2026. “Ainda estamos finalizando alguns detalhes para levar a prestação do Conselho. Mas é um investimento bastante alto. Não vamos adiantar valores antes da aprovação pela assembleia, mas os investimentos contemplam indústria, novas unidades de recebimento, ampliações, modernizações nas indústrias existentes e entrepostos já existentes, entre outros”, detalhou, ao reforçar que serão executadas obras de ampliações nas indústrias de Campo Mourão, Paranaguá e Dourados. Em relação a construção da indústria de produção de etanol a partir do milho, em Campo Mourão, Galinari comentou que os estudos estão bastante avançados.

Logística

Um dos principais problemas e o grande gargalo no agronegócio tem sido a logística. Para se ter ideia, segundo Galinari, nos últimos quatro anos o cooperado da Coamo vendeu menos do que colheu. “Então temos quatro anos de acúmulo de estoques. Isso tem pressionado cada vez mais a questão da logística. Temos problemas de escoamento nos portos”, afirmou.

Para driblar estas dificuldades logísticas, atualmente, de acordo com ele, a Coamo está operando em seis portos, algo nunca feito antes. As operações estão acontecendo nos portos de Santos, Paranaguá, Antonina, São Francisco do Sul, Ibituba e Rio Grande do Sul. “Estamos fazendo operações logísticas bastante complicadas”, disse, ao lembrar que a cooperativa embarcou recentemente o primeiro navio da história, no porto do Rio Grande do Sul, com venda direta de soja para a China. “Isso justamente para oferecer modalidade diferente de mercado para nosso cooperado”, argumentou.

Credicoamo

A Credicoamo também tem apresentado crescimento sólido. Este ano, o volume alcançado é de R$ 42 milhões. Deste valor, 50% será repassado ao quadro social e os outros 50% fica para giro de capital do banco. “É uma sobra bastante significativa ao cooperado”, falou José Aroldo Gallassini. O dinheiro será depositado na conta dos cooperados no dia 14 de dezembro.

O presidente Executivo da Credicoamo, Alcir José Goldoni, destacou a solidez do banco da cooperativa e sua importância para o cooperado. “A Credicoamo é uma agência voltada para o associado. Temos dentro da Credicoamo todos os produtos do mercado financeiro. Mas a operacionalidade destes produtos é que são diferenciadas porque eles são construídos para os associados para um atendimento diferenciado. Além disso, o associado tem a vantagem das sobras, quanto mais ele se move tanto com a Coamo quanto com a Credicoamo, mais ele tem retorno”, frisou.

Atualmente a Credicoamo tem 26 mil associados, 460 funcionários e 51 agências instaladas em 75 entrepostos da Coamo. “A Credicoamo está bem estruturada hoje para atender todas as necessidades do cooperado em todas as linhas de créditos. Temos todos os produtos dos bancos, mas somos diferentes porque trabalhamos com nosso próprio banco”, observou Goldoni.

53 anos

A Coamo comemora nesta terça-feira 53 anos de fundação. Enviado pela extinta Acarpa (hoje IDR-PR) para impulsionar a realidade rural da região, o engenheiro agrônomo José Aroldo Gallassini conduziu os primeiros experimentos de trigo e de soja em terras mourãoenses em 1969. Com o sucesso do plantio, as produções aumentaram e a preocupação se tornou para quem vender os produtos recém-produzidos.

A partir desse movimento somado ao conhecimento de Fioravante João Ferri, madeireiro do Rio Grande do Sul, que surgiu a ideia de formar uma cooperativa. Gallassini e Ferri sabiam que este seria um passo importante para desenvolver a agricultura de Campo Mourão e oferecer uma vida melhor para os agricultores e suas famílias.

Após uma série de reuniões com lideranças do setor, nasceu então, em 28 de novembro de 1970, a Cooperativa Agropecuária Mourãoense Ltda (Coamo). A cooperativa iniciou por 79 agricultores pioneiros, que pelo desejo de se fortalecerem enquanto produtores rurais, sobretudo garantir a armazenagem e comercialização das suas safras, gravaram os seus nomes na história da cooperativa.