Ações do Creas reduzem população em situação de rua em Campo Mourão

Desde o início deste ano, a Secretaria Municipal de Assistência Social de Campo Mourão vem intensificando os trabalhos e buscando estratégias que contribuam para a diminuição do número pessoas em situação de rua. De lá para cá, já foram, pelo menos, 15 vidas que saíram dessa condição. Algumas das ações desenvolvidas pela secretaria são o Creas Pop e o projeto de assistência sistematizada desenvolvido por equipe especializada.

Segundo dados do Creas (Centro de Referência Especializado da Assistência Social), desde janeiro até abril deste ano, o município registrou 50 pessoas vivendo pelas ruas. Isso foi consequência, sobretudo, da pandemia de Covid-19, que atingiu o mundo todo. A partir do segundo semestre, a redução foi expressiva em Campo Mourão, considerando que, de maio a novembro, o número diminuiu para 35 pessoas. De acordo com a coordenadora do Creas e assistente social, Fernanda Pizolio Garcia Ribeiro, essa redução foi visualizada, de forma mais significativa, a partir do mês de agosto.

A coordenadora informou que os atendimentos no Creas Pop vêm ocorrendo desde o início do ano para todos que precisam. No local, são ofertados, após análise de cada situação, serviços de liberação de passagens, orientações e encaminhamentos, conforme necessidade. Fernanda enfatizou que o Creas Pop também oferece lugar para banho, espaço para lavagem de roupas e café da manhã.

No início de outubro, foi iniciado um projeto de assistência sistematizada no Creas Pop. Ele é destinado ao atendimento de 10 pessoas de Campo Mourão que estão em situação de rua. Fernanda ressaltou que são disponibilizados os mesmos serviços que aos demais atendidos, mas há um diferencial. “Para quem é de Campo Mourão, que é morador de rua e participa desse projeto, também tem o almoço”, disse.

A secretária de Assistência Social de Campo Mourão, Marcia Calderan de Moraes, definiu essa ação como uma forma de viabilizar a construção de um ‘projeto de vida’ aos cidadãos em acompanhamento. “O objetivo é que ali nós temos uma equipe técnica, então, a gente começa a formar um vínculo com eles. Através disso, começamos um processo que a gente chama de ‘projeto de vida’”, ressalta. Com isso, espera-se que essas pessoas tenham condições melhores, talvez retornarem para a família e saírem da atual conjuntura.

Os beneficiários podem ficar no local no período da manhã, momento em que são desenvolvidas atividades com eles. Fernanda informou, por exemplo, que o Creas tem parceria com os cursos de Enfermagem, Nutrição e Psicologia da faculdade Unicampo. A cada semana, um profissional vai fazer orientações aos atendidos.

Essa é uma forma de proporcionar melhores perspectivas de vida a esses cidadãos. “O objetivo maior é que esses 10 a gente consiga encaminhar, para eles terem um andamento”, explicou a coordenadora do Creas, ao apresentar alguns exemplos, como intervenções para que eles consigam um emprego, voltem para a família, possam pagar o aluguel da própria moradia, façam um tratamento adequado contra dependência química, entre outras.

Em pouco tempo, o programa já começou a surtir efeitos positivos. Em 40 dias, três pessoas já foram desligadas. “Dois foram encaminhados para tratamento de dependência e um retornou para a família”, falou Fernanda. As vagas que ficaram disponíveis já foram supridas com outras três pessoas em situação de rua em Campo Mourão.

Dos demais participantes, há aqueles que já estão participando de entrevistas de emprego e aguardando a resposta. Além disso, a equipe da assistência social continua fazendo a vinculação com a família, nos casos em que há chances de retorno. “Estão bem positivos os atendimentos”, destacou, com otimismo. A intenção é averiguar os resultados do projeto, buscando expandir os atendimentos sistematizados.

Assistência Social presta vários serviços a pessoas em situação de rua

Além dos serviços destinados às pessoas que têm vínculo em Campo Mourão, mas que continuam na rua, a Secretaria Municipal de Assistência Social também atende os que estão de passagem pela cidade. “Os outros, que são ‘trecheiros’, que a gente fala, vêm, ficam alguns dias na Casa de Passagem e seguem viagem”, comentou Fernanda.

A secretária Márcia explicou que, em Campo Mourão, há parceria com a Casa de Passagem, administra pelos freis da Fraternidade, e a comunidade Salvando Vidas, projeto do pastor Adão. A Casa de Passagem, por exemplo, oferece pernoite, banho, roupas, jantar, café da manhã e todas as demais assistências necessárias para a população em situação de rua entre o período noturno e o início do próximo dia.

A assistência social também concede o benefício de passagem. Quando há casos de pessoas que estão passando por Campo Mourão para irem até determinados destinos, elas também podem ser atendidas pela equipe assistencial do município. “Não é simplesmente dar a passagem. Então, a gente só dá o benefício da passagem quando realmente é constatado que ele [‘trecheiro´] tem um objetivo”, disse Márcia, reforçando que uma das formas de averiguação é entrando em contato com os familiares.

A secretária falou, ainda, que atualmente a política de assistência social está bem estruturada no município. “Hoje, em Campo Mourão, a gente não tem falta de vagas. A Casa de Passagem tem vagas, e nós temos essas equipes técnicas, como o Creas, para atendimento”, reforçou, ao complementar que o cartão da família mourãoense também não falta.

População indígena também recebe atendimento social em Campo Mourão

Campo Mourão também conta com uma Casa de Passagem Indígena. A cada 30 dias, em média, ela recebe um grupo diferente que vem de Manoel Ribas. Conforme Márcia, a assistência social da cidade tem contato direto com o cacique da aldeia. “Eles vêm para cá com o objetivo de comercializar os seus artesanatos”, disse. Além de receberem esse espaço para se abrigarem, os povos indígenas também ganham o cartão municipal com ajuda de custo para alimentação.

O que acontece, de acordo com a secretária, é que, em muitos casos, os indígenas acabam pedindo comida e dinheiro pelas ruas da cidade também. Márcia frisou a grande quantidade de denúncias que o Conselho Tutelar e a Secretaria de Assistência Social recebem, por haver crianças nessa condição. “Para criança, não dê! Porque a criança está em risco”, alertou. Nesses casos, a orientação é ligar para o Conselho Tutelar.

Dados

Pessoas em situação de rua de junho a outubro

* Abordagens: 213
* Atendimentos Creas Pop: 401
* Passagens liberadas: 175

Pessoas em situação de rua cadastradas no Cadastro Único em outubro

* Total: 167
* Recebem bolsa família: 145
* Não recebem bolsa família: 22