‘Ainda existe a chance dela [condutora] ser recolhida em presídio’, diz advogada da família de Anthony

A manifestação realizada na tarde deste sábado (15), em frente ao Fórum de Campo Mourão, pedindo justiça pela morte do adolescente de Araruna, Anthony Pietro, de 14 anos, reuniu aproximadamente 150 pessoas. O momento contou com a participação de familiares, amigos e, até mesmo, diversas pessoas que se comoveram com a tragédia que ocorreu no dia 24 de novembro de 2024, quando uma mulher de 77 anos, embriagada e com a carteira de habilitação suspensa, provocou o acidente de trânsito que matou o rapaz.

A advogada de defesa, Tatini Bertolucci, enfatizou a necessidade de a justiça ter celeridade para solucionar o caso, para que a autora do acidente seja condenada e recolhida em presídio

A condutora foi indiciada pelos crimes de homicídio doloso, com dolo eventual, lesão corporal agravada, condução sob efeito de álcool e por dirigir com carteira de habilitação suspensa. No entanto, ela está cumprindo a pena em prisão domiciliar, em Curitiba. O que a família pede é que ela pague pelos crimes que cometeu em regime fechado. “Ainda existe a chance dela [condutora] ser recolhida em presídio, tudo vai depender das circunstâncias do processo”, afirmou a advogada de defesa, Tatini Bertolucci, ao dizer que a justiça precisa ser célere.

O cumprimento da pena em regime domiciliar, em Curitiba, foi autorizado judicialmente, pois a idosa está passando por tratamento de saúde, decorrente de uma fratura na perna ocasionada pelo acidente. Mas a família tem esperanças de que essa situação se reverta o quanto antes. “Nós sabemos que, aos oitenta anos de idade, o Código de Processo Penal permite que ela [a autora dos fatos], mesmo condenada, fique presa em casa, e o nosso intuito é que ela seja recolhida em presídio. Nós sabemos que não é impossível que esse júri e essa condenação ocorram a tempo de isso acontecer”, pontuou a advogada.

O pai do adolescente, Luiz Tiago Rosa, expressou que, após 81 dias do acidente, ‘o sentimento de impunidade é muito grande’

Os familiares estão correndo contra o tempo para que a justiça seja feita. Para isso, contam com o apoio da sociedade em atos pacíficos como o realizado na tarde deste sábado. “Oitenta e um dias desde o acidente, e a sensação de impunidade é muito grande”, afirmou o pai de Anthony, Luiz Tiago Rosa, complementando que o ato teve a intenção de pedir atenção especial ao Poder Judiciário sobre esse caso.

A concentração dos manifestantes foi na Praça do Fórum, onde familiares e a advogada de defesa explicaram o caso e reafirmaram a importância do apoio popular. Um momento de oração também foi realizado, em memória de Anthony. Posteriormente, em passeata, os presentes deram a volta na praça e se dirigiram até a porta principal do Fórum, clamando, mais uma vez, por “justiça”. O ato, que durou pouco mais de 40 minutos, foi marcado por emoção e uma grande comoção entre todos.

Relato do acidente e angústia da família, que só quer justiça

O grave acidente que ceifou a vida do adolescente de 14 anos no dia 24 de novembro de 2024, na rodovia PR-558, aconteceu quando ele retornava de Campo Mourão a Araruna com seu pai, em um veículo VW Virtus, após o jovem realizar uma prova na UTFPR. “Voltando para a casa, ele estava feliz, tranquilo, a gente estava conversando e, chegando na curva, eu vi esse carro desgovernado, vindo em minha direção. Tentei tirar, só que o carro estava em alta velocidade, não consegui fazer nada no momento, só frear”, relatou Rosa.

Natielli Marçal Fanti Rosa, mãe da vítima, afirmou que ‘lutará por justiça até o fim’

Segundo a mãe do adolescente, Natielle Marçal Fanti Rosa, naquele domingo que mudou completamente a vida da sua família, ela recebeu uma ligação de seu marido, dando a notícia sobre o acidente e dizendo que ‘o Anthony não estava nada bem’. “Nesse momento, já me desesperei. Algo veio no meu coração que alguma coisa muito grave que tinha acontecido”, contou, ao dizer que saiu desesperada de casa e pediu para um motorista que estava em frente de sua residência a levar até o local do acidente.

No endereço, ela falou que viu um ‘cenário de guerra’. “Imediatamente corri para dentro do carro para ver meu filho, só que, naquele momento, quando eu cheguei, já não tinha mais nada que pudesse fazer”, informou ela. Depois disso, desolada, ela entrou em choque, chegando a desmaiar. Natielle comentou, ainda, a última coisa que disse ao filho, antes de ele sair de casa. “Eu lembro que eu coloquei a mão sobre os ombros dele e falei assim: ‘Anthony, fica tranquilo e que Deus te abençoe’”, recordou-se.

“Ele era um irmão muito legal. Ele brincava comigo às vezes, mas teve uma hora que ele faleceu”, declarou Emanuelly Fanti Rosa, de apenas 7 anos de idade, ao descrever com tristeza a partida de Anthony

Para a irmã do garoto, Emanuelly Fanti Rosa, de apenas 7 anos de idade, da qual ele ajudava a cuidar, só resta tristeza e saudade. “Ele era um irmão muito legal. Ele brincava comigo às vezes, mas teve uma hora que ele faleceu”, falou a criança. “Anthony, eu te amo”, expressou a menina.

A dor que a família está sentindo é indescritível, por isso, Natielli afirmou ‘lutará por justiça até o fim’. “A nossa luta só está começando. Se a gente receber um não aqui em Campo Mourão, a gente vai para Curitiba; se Curitiba nos negar, a gente vai para Brasília”, anunciou. “Quando a gente tiver essa resposta de justiça, o nosso coração vai ficar mais em paz”, emendou.

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