Aos 21 anos, Lucas é o mais novo alfaiate de Campo Mourão

No Brasil, desde 1950 a data de 6 de setembro é dedicada a homenagear o alfaiate,  profissão reconhecida no século 18 na Europa. O advento da indústria do vestuário, com modernas máquinas, provocou uma grande queda na procura por esses profissionais, mas que com criatividade ainda resiste no mercado não apenas fabricando roupa social masculina de forma artesanal, mas também com locações, reparos e venda de tecidos.

Em Campo Mourão, Lucas Machado, de 21 anos, contraria as tendências da maioria dos jovens em relação a profissões e há seis meses trabalha numa alfaiataria como aprendiz. O professor é o alfaiate Alceu Alves Batista, que tem 40 anos de experiência, há 30 trabalha no mesmo local e há três anos se tornou o dono da alfaiataria onde era funcionário.

Costumo dizer que o Lucas é um presente enviado por Deus. É inteligente, interessado e tem carinho pelo que faz, diz Alceu. Natural de Mamborê, Lucas sempre teve interesse por trabalho manual e por isso se tornou marceneiro. Mas o gosto por roupas sociais fez com que começasse a frequentar alfaiatarias, o que despertou o interesse na profissão.  

Comprei uma máquina de costura escondido do meu pai e fiquei dois anos tentando aprender, até que pedi emprego para o Alceu, que é amigo do meu padrasto e hoje é mais que um professor para mim, afirma Lucas, que é casado e mora em Campo Mourão. Ele iniciou o curso de História na Fecilcam, mas não concluiu. Vejo um bom horizonte nessa profissão, afirma o jovem aprendiz, que também fabrica viola artesanal.

De aprendiz a dono
 
No próximo dia 10 de setembro completam três anos que Alceu é o dono da Alfaiataria e Camisaria Paris, no centro de Campo Mourão, onde por 30 anos trabalhou como funcionário. O meu professor e patrão foi o seu Antonio, que mudou-se para Curitiba e fiquei com a empresa, conta ele.
Nascido em Palmital, Alceu admite que o ramo de atividade teve que passar por adaptações ao longo do tempo. Antigamente uma alfaiataria tinha vários funcionários. Hoje geralmente se trabalha sozinho. As encomendas de roupas sob medida caíram muito, observa. Para sobreviver da profissão, as alfaiatarias também fazem locações de ternos, especialmente para casamentos e formaturas, além de consertos solicitados pelas lojas. 

Entretanto, muitas pessoas que gostam de andar bem vestidas procuram o alfaiate. Geralmente são advogados, mas a maior clientela são os homens evangélicos, especialmente da Congregação Cristã de Campo Mourão e toda região, revela Alceu, que também é evangélico. 

A peça mais solicitada é a calça social, cujo preço varia conforme o tecido. A mão de obra de uma calça fica em torno de R$ 150,00. Pronta varia de 180 a 350 reais, conforme o tecido e modelo escolhido, acrescenta. Um bom ferro de passar, máquinas e tesouras são as principais ferramentas do alfaiate.