Audiência pública sobre segurança não atrai público

Quando um assunto envolve interesse comum da sociedade, como é o caso da segurança, a forma mais democrática de tratar dele é realizar uma audiência pública, um espaço onde qualquer pessoa da comunidade pode manifestar-se com ideias, críticas ou informações. Entretanto, a audiência pública realizada na noite dessa quinta-feira (29), na Câmara de Vereadores de Campo Mourão, não chegou a atrair 30 pessoas. Metade de um dos espaços do plenário ficou vazio.

A audiência, proposta pelo vereador Edson Battilani, teve a presença das autoridades ligadas à Segurança na cidade, como os comandos das polícias Militar e Civil, além de representantes da Associação Comercial, Observatório Social, do Conselho Municipal de Segurança, servidores da prefeitura e do Poder Legislativo.

Dos 13 vereadores, só sete compareceram e dos representantes da nova diretoria do Conselho de Segurança, que assumirá em setembro, apenas dois estiveram presentes. Apesar de Campo Mourão contar com 62 associações de moradores, somente três presidentes de bairros foram à audiência.

A ausência do público, por sinal, foi citada nos discursos. “As pessoas cobram nas redes sociais, teve um grupo que fez até manifesto em frente a prefeitura recentemente, mas na hora que a gente convoca uma audiência para trazer as autoridades responsáveis para o debate sobre o assunto as pessoas não se dão ao trabalho de sair de casa, lamentou o vereador Battilani.

A vereadora Elvira Schen, presidente da Comissão de Segurança da Câmara, lamentou o desinteresse da população. Quando fazemos à tarde reclamam que durante o dia estão trabalhando. Aí fazemos à noite mas também não vem, para tratar de um assunto tão importante. Aqui é a casa do povo, esse é o local para trazer ideias, fazer críticas, questionar e obter respostas, observou a vereadora, ao acrescentar que a Câmara enviou milhares de convites para a reunião. Não tem desculpa que não ficaram sabendo, completou.

Trabalho policial apresenta resultado, mas carece de efetivo

Durante a audiência o tenente coronel Julio Vieira da Rosa, comandante do 11º BPM, apresentou alguns números sobre a segurança na cidade. Segundo ele, em razão da carência de efetivo, a Polícia Militar tem dobrado os esforços no combate e prevenção da criminalidade. Colocamos até o pessoal dos serviços administrativos na rua para o policiamento ostensivo, explicou.

Segundo ele, apesar de um acréscimo no número de furtos, as ocorrências de roubo caíram. Armas foram tiradas de circulação e a recuperação de veículos furtados ou roubados teve aumento de 65 por cento, assim como também cresceu em 14,5 por cento o número de prisões nos últimos meses. Precisamos que sejam contratados mais policiais, afirmou.

O delegado-chefe da 16ª Subdivisão Policial, Nilson Rodrigues da Silva, também apresentou números e pediu união das autoridades em busca de apoio para a segurança. Ele comparou a atual estrutura da Polícia Civil para comentar sobre a defasagem de pessoal. A cidade cresceu e o contingente da segurança diminuiu. Campo Mourão já teve 30 investigadores, hoje temos 14. Tinha 12 escrivães, hoje são sete. Já tivemos quatro delegados, hoje estamos em dois, revelou. Mesmo assim, segundo ele, os números são positivos. Para ilustrar, lembrou que oito homicídios ocorridos este ano foram elucidados.

Representantes relatam problemas enfrentados na cidade

Apesar de poucos, alguns representantes da comunidade aproveitaram a audiência pública para manifestarem-se sobre situações vividas na cidade e pedir soluções por parte das autoridades. O advogado Dirceu Jacob, que representou o Conselho de Segurança, alertou sobre o transporte por aplicativo realizado de forma clandestina na cidade.

Os taxistas pagam tributos e estão enfrentando uma concorrência desleal por parte de alguns que não estão regularizados perante o município e sequer possuem carteira de habilitação com autorização para atividade remunerada, exemplificou Jacob. O secretário de Controle, Fiscalização e Ouvidoria, Cristiano Calixto, reconheceu o problema e disse que a administração municipal tem dificuldades para fiscalizar até mesmo o transporte escolar. Precisamos da colaboração da comunidade, não utilizando esses serviços irregulares, observou.

A ex-vereadora Maria Dolores Barrionuevo Alves, que é servidora federal e professora da Unespar-Fecilcam, também usou a palavra para cobrar ronda policial à noite e melhorias na iluminação nas imediações da universidade. Ali temos circulação de professores e alunos da faculdade, do Colégio Estadual, do Senac, cursinhos, enfim, uma grande movimentação de pessoas e a iluminação pública é péssima, comentou.

Para exemplificar sobre os riscos na região, ela citou a própria experiência. Fui assaltada por um pivete de bicicleta quando me deslocava a pé, que levou minha bolsa e só não aconteceu coisa pior porque gritei e fui ajudada por um casal que fazia caminhada, contou, ao acrescentar que é alto o índice de furtos e roubos especialmente de telefones celulares e bicicletas naquela área.