Câmara aprova doação de terreno e Campo Mourão poderá ganhar Delegacia Cidadã

Com aprovação, em dois turnos de votação, os vereadores aprovaram a doação de um terreno de cerca de 5 mil metros quadrados, na Rua Ivo Trombini, no Jardim Albuquerque, para construção de uma Delegacia Cidadã em Campo Mourão. As votações foram em sessões extraordinárias. A reivindicação é antiga. Desde 2016. Mas voltou a ganhar força novamente agora pelo vereador Escrivão Parma (PSD).

Com aprovação da doação pelo município do terreno ao Estado, a obra agora deve entrar no cronograma orçamentário do Governo do Paraná para o próximo ano. O autor da proposta, vereador Parma, comemora a doação do terreno e possibilidade de o novo conceito de delegacia vir a Campo Mourão.

“A vitória é de todos os mourãoenses. A delegacia que temos é muito antiga. Não tem condições adequadas para atendimento da população. Falo isso porque trabalhei lá há 20 anos. A delegacia Cidadã é um conceito novo de delegacia, prevê psicólogo, sala para tendimento de mulher vítima de violência, criança vítima de abuso sexual, espaço para o advogado conversar com o cliente, o que não temos hoje na nossa delegacia atual, entre outros benefícios”, explicou o vereador.

O terreno para instalação da delegacia foi escolhido ‘a dedo’ pelo delegado chefe de Campo Mourão, Nilson Rodrigues da Silva, que há 35 anos atua na Polícia Civil. O local é estratégico. “A delegacia é praticamente um escritório. Ele não prevê detenção. A pessoa é autuada e encaminhada ao Depen (Departamento Penitenciário), onde funciona a atual delegacia, Lá os presos ficam em custódia. Ou seja, a população do bairro pode ficar tranquila que ela só terá a ganhar. Não haverá presos. O bairro todo vai ganhar com segurança”, diz Parma.

Ele ressaltou que será um investimento vultoso para Campo Mourão. Será, aliás, uma das primeiras cidades do interior a receber uma Delegacia Cidadã, caso a obra se concretize. “Estaremos saindo na frente. Esperamos agora que nossos representantes em Curitiba corram atrás para que essa delegacia seja construída o quanto antes na cidade e torcemos para que nosso prefeito torne lei a doação do terreno ao Estado”, frisou o parlamentar.

Segundo ele, as conversações para a obra junto ao Estado estão adiantadas. “Já faz mais de um ano que estamos dialogando neste sentido. A doação já foi feita e agora estamos conveniados para entrarmos no cronograma do Estado. Só temos a agradecer a todos os demais vereadores que fizeram sessão extraordinária de última hora para aprovação da doação da área para a construção”, acrescentou Parma.

Conforme a proposta, a Delegacia Cidadã, é um novo modelo de atendimento em delegacias no Paraná, com espaços específicos e reservados para separar vítimas de agressores e possibilidade de auxílio de assistentes sociais e psicólogos, quando necessário. O objetivo principal é humanizar o atendimento prestado pela Polícia à população, dinamizando a investigação dos delitos e acelerando a prestação dos serviços.

Parma ressalta que com a implantação da Delegacia Cidadã a população terá um local mais apropriado e de qualidade. “A instalação de uma Delegacia Cidadã em Campo Mourão, além de melhorar a estrutura física da Delegacia de Polícia, vai trazer valorização aos profissionais que nela trabalham e implementação de novas metodologias de trabalho”, acrescentou o vereador.

Delegacia Cidadão

Uma Delegacia Cidadã possui infraestrutura de atendimento com espaços mais humanizados para o público em geral e para as vítimas de crimes. Entre as diferenças para as estruturas comuns estão a acessibilidade para pessoas com dificuldades motoras e banheiros adaptados, além de salas para atendimentos seletivos, com espaços separados para o recebimento de vítimas e de agressores ou suspeitos, e ambientes isolados para crianças, adolescentes, mulheres e idosos.

Ela reúne diversas especialidades em um único local, com serviços centralizados para a população, o que diminui custos diários da Polícia Civil. O projeto foi pensado para um novo fluxo de parlatórios (momento em que a vítima identifica o agressor) e terá salas para advogados e para a Polícia Militar. Outro espaço exclusivo é do Instituto de Identificação, responsável pela emissão do RG, o que vai agilizar ainda mais a confecção de documentos dos moradores. Todos os ambientes possuem climatizadores.

A diferença é o ambiente de trabalho dos policiais e a qualidade de atendimento para as pessoas. “Não há nada pior do que ser vítima e encontrar estrutura inadequada ao procurar o Estado, e nem para o policial trabalhar em ambientes ruins, acanhados, e com presos sem data para sair”, disse Escrivão Parma. Segundo ele, o ambiente tem outra energia para acolher a população e para as equipes de investigação.

Também há um espaço de custódia imediata dos presos em celas com beliches, destinada a homens, mulheres, adolescentes e o seguro (crimes sexuais ou organizações criminosas rivais). Mas eles não poderão permanecer no local por tempo superior ao trâmite da audiência de custódia, ou seja, depois dessa etapa serão encaminhados para o sistema penitenciário ou responderão em liberdade.

Parma classifica o sistema como uma mudança completa de concepção. “Você não identifica uma Delegacia Cidadã como delegacia. Como eu disse, mais parece um escritório. Há todo um projeto e identidade visual para evitar esse estereótipo de delegacia”, concluiu.