Campo Mourão celebra 78 anos com vasta programação e investimentos em obras
Campo Mourão, a capital do Centro-Oeste paranaense, completa nesta sexta-feira (10) 78 anos de emancipação político-administrativa. Por força de uma mudança na lei municipal, o feriado alusivo à data será transferido para o dia 13 (segunda-feira). Assim, nesta sexta, o expediente será normal nas repartições públicas e no comércio. Para marcar a data, a Prefeitura de Campo Mourão preparou uma ampla programação de aniversário, com eventos que incluem shows, atividades esportivas, lazer, cultura e inovação.
Nesta sexta-feira haverá um ato cívico às 8h30 em frente à prefeitura para marcar a data. Já à noite, a partir das 21 horas, haverá show musical gratuito com a dupla Clayton e Romário na Praça São José. No sábado (11), o destaque será o retorno do Atlético Paranaense a Campo Mourão após 19 anos, para enfrentar o Nacional pela Taça Paraná. O jogo acontece às 15h30, no Estádio José Carlos Galbier.
A programação segue no domingo (12) com o Festival da Criança, a partir das 14 horas, no Parque da Pedreira. Na segunda-feira (13), a Banda de Música da Marinha do 8º Distrito Naval se apresenta no Teatro Municipal, às 20 horas. De 13 a 26 de outubro, o município também sedia a 22ª edição do Festival de Teatro de Campo Mourão (Fetacam).
O prefeito do município, Douglas Fabrício, destacou o desenvolvimento de Campo Mourão ao longo dos anos e o papel da cidade na economia estadual. “Campo Mourão é referência no setor agrícola e vem despontando também em outras áreas, como tecnologia, saúde e infraestrutura”, afirmou o gestor. Segundo ele, cerca de R$ 90 milhões estão sendo investidos atualmente em obras nos setores de saúde, educação, pavimentação, turismo, ação social, esporte e lazer. “Nosso foco é garantir qualidade de vida à população, com especial atenção à saúde, às crianças e aos idosos”, reforçou o gestor.
Entre os projetos em execução ou já entregues, Douglas citou o Muralha Digital, que já auxiliou forças de segurança em mais de 20 casos; o Projeto Rua de Lazer, com atividades esportivas e recreativas nos bairros; a Festa Nacional do Carneiro no Buraco, com recorde de público em 2025; parceria inédita com o Governo do Estado e Santa Casa, ampliando as cirurgias eletivas de 80 para mais de 500 por mês — 89% delas pelo SUS; e o Programa Acelera Especialidades, que promove mutirões e reduz filas de atendimentos.
Além disso, o prefeito destacou também obras do Posto 24 horas do Lar Paraná, que funcionará como pronto atendimento; o projeto Todos na Escola, com distribuição de uniformes e materiais para alunos da rede municipal a partir de 2026 (o projeto já foi enviado à Câmara Municipal e prevê um aporte de R$ 4,3 milhões) para sua execução; ampliação e revitalização da UBS Jardim Damferi; construção do AME – Ambulatório Médico de Especialidades em parceria com o governo do estado; implantação do CER – Centro Especializado em Reabilitação, no valor de R$ 7 milhões; da oficina ortopédica, de R$ 1,8 milhão; entre outros investimentos. “Todos esses investimentos são graças ao bom relacionamento da nossa administração com o governo do estado, governo federal e a nossa Câmara de Vereadores”, destacou.
Uma senhora cidade
Ao longo de sua história, Campo Mourão colecionou fatos, conquistou a ordem e atingiu uma importante colocação na economia do Paraná. Hoje a cidade atingiu a marca de 104.122 habitantes, conforme estimativa de 2025 do IBGE. O município dispõe de um belo quadro urbanístico, com modernas edificações, parques à disposição da população, boas universidades, investimento na área gastronômica e bons supermercados. Na saúde, o setor vem cada vez mais se modernizando.
Muita gente que mora em Campo Mourão não imagina, mas o município “deve” muito ao governador da província de São Paulo, Dom Luiz Antonio Botelho e Sousa Mourão. Ele foi o responsável por, entre 1769 e 1770, enviar uma expedição para a região do Rio Ivaí, na época chamado de Rio Dom Luiz. Setenta e cinco homens foram comandados pelo capitão Estevão Ribeiro Baião e Francisco Lopes da Silva, com a missão de descobrir e batizar as novas localidades.
Ao avistarem um enorme campo aberto, batizaram o local de “Campos Mourão”, posteriormente mudado para “Campo do Mourão”, e, mais tarde, simplificado para “Campo Mourão”, em homenagem ao governador de São Paulo.
Campo Mourão e sua história
A história do município é dividida em três momentos: o descobrimento pela expedição de Dom Luiz, seguido pela chegada das primeiras famílias atraídas por informações de que a nova terra era próspera e a criação do município. No livro “Campo Mourão na espiral do tempo”, a escritora Edina Simionato relata encontros de expedicionários com os índios que ocupavam a região: “em 1893 os expedicionários vindos de Guarapuava (PR), Norberto Marcondes, Guilherme de Paula Xavier e Jorge Walter chegaram à região com 120 homens, para se dedicarem à criação de gado. Eles também fizeram os primeiros contatos com duas tribos de índios, uma de chefe Gembre e a outra liderada por Capitão índio Bandeira, que, ao que consta, seria um mestiço.”
Até a década de 1960 o município de Campo Mourão compreendia toda a Microrregião 12, e os municípios que hoje a integram eram seus distritos administrativos. Na década de 80, foram desmembrados dois dos seus últimos distritos administrativos: Luiziana e Farol do Oeste, ficando sobre sua tutela apenas o distrito de Piquirivaí.
A história que os livros não contam
Há 70 anos, os paranaenses elegiam o empresário Moysés Lupion como governador. Quebrava-se um jejum de anos, sem eleições imposta pela Ditadura Vargas. Em março daquele ano, a Assembleia Legislativa iniciava seus trabalhos para a elaboração da nova Constituição do Estado. Meses depois, em agosto, com a Carta Magna já promulgada, o deputado Lopes Munhoz reivindicava a criação de novos municípios, cujo dispositivo foi inserido na Constituição recém-aprovada.
A notícia correu o Paraná. Em Campo Mourão, Francisco Albuquerque ouviu a novidade pelo rádio. Assim que terminou de ouvir, de imediato procurou o fazendeiro Pedro Viriato de Souza Filho, que tinha ligações políticas em Curitiba. Entusiasmados com a possibilidade da criação do município, Pedro Viriato viajou no dia seguinte para Curitiba.
Na capital, conseguiu uma audiência com o governador. No Palácio São Francisco – hoje sede do Museu Paranaense – expôs a Moysés Lupion a necessidade da criação de mais um município no projeto que tramitava na Assembleia Legislativa. Enquanto atenciosamente Lupion ouvia a explanação, um assessor palaciano interrompeu o diálogo e mencionou que naquele momento era impossível a criação do município de Campo Mourão. E foi mais adiante: Campo Mourão somente poderia virar município 15 anos depois. Pedro Viriato ficou furioso e desacatou o assessor na presença do governador. Ânimos acirrados, o governador concordou com a criação do município, desde que Pedro Viriato fosse o prefeito. Ou seja, a cidade somente se tornou município graças a uma discussão e articulação política.
Outro detalhe que a história omite é que foi o deputado estadual Lacerda Werneck que defendeu a criação do município de Campo Mourão na Assembleia Legislativa. O projeto já estava tramitando e não previa a criação de outros municípios. Campo Mourão tem ainda uma dívida histórica com a memória deste parlamentar que articulou a sua criação.
O projeto de lei que criou o município de Campo Mourão foi aprovado com a emenda prevendo a criação da cidade. Enviado ao governador, o projeto tornou-se a Lei nº 2, sancionada em 11 de outubro de 1947. (Com informações de Jair Elias)








