Campo Mourão completa 75 anos de emancipação nesta segunda
Campo Mourão completa nesta segunda-feira (10), 75 anos de emancipação político-administrativa. Porém, uma mudança na lei municipal transferiu o feriado para o dia 17. Por isso, na data do aniversário haverá atendimento normal tanto nas repartições públicas quanto no comércio.
Este ano, a prefeitura definiu uma vasta programação de aniversário. Entre elas está show com a dupla sertaneja Fernando & Sorocaba e o Grupo Família Lima. O show da Família Lima será no dia 16 (domingo), às 21 horas, na praça São José. No dia 17 (segunda-feira), feriado municipal em comemoração ao aniversário, o show será com a dupla Fernando & Sorocaba, no mesmo horário e local.
A programação começou com o Hackathon da Nasa nessa quarta-feira (5) e o Empreende Week que prossegue até esta sexta-feira, realizado pela Secretaria de Inovação e Desenvolvimento Econômico (Seidec). Na segunda-feira (10), haverá também Festival de Teatro e missa em ação de graças ao aniversário da cidade, às 19 horas, na Catedral São José. Dia 11 (palco cultural), às 19 horas no Parque do Jardim Modelo; dia 12, atividades para crianças na Praça São José; dia 13, palco cultural, às 19 horas, na Praça do Lar Paraná; dias 14 e 15 (à noite) palco cultural na Praça São José.
Do dia 10 a 23 será realizado o Festival de Teatro e de 25 a 29 a Festa Literária (Feira do Livro). No feriado municipal do dia 17, além da atração artística, haverá o desfile de aniversário, a partir das 8h30, na Avenida Irmãos Pereira.
Ao longo de sua história, Campo Mourão colecionou fatos, conquistou a ordem e atingiu uma importante colocação na economia do Paraná. Hoje, estima-se que a cidade já passa de 100 mil habitantes. O município dispõe de um belo quadro urbanístico, com modernas edificações, parques à disposição do povo, boas universidades, investimento na área gastronômica e bons supermercados. Na saúde, a Santa Casa, mesmo com poucos recursos, garante o atendimento para Campo Mourão e toda a região da Comcam.
História
Muita gente que mora em Campo Mourão não imagina, mas o município ‘deve’ muito ao governador da província de São Paulo, Dom Luiz Antonio Botelho e Socio Mourão. Ele foi o responsável por, entre 1769 e 1770, enviar uma expedição para a região do Rio Ivaí, na época chamado de Rio Dom Luiz. Setenta e cinco homens foram comandados pelo Capitão Estevão Ribeiro Baião e Francisco Lopes da Silva com a missão de descobrir e batizar as novas localidades.
Ao avistarem um enorme campo aberto, batizaram o local de “Campos Mourão”, posteriormente mudado para “Campo do Mourão”, e, mais tarde, simplificado para “Campo Mourão”, em homenagem ao governador de São Paulo.
A história do município é dividida em três momentos: o descobrimento pela expedição de Dom Luiz, seguido pela chegada das primeiras famílias atraídas por informações de que a nova terra era próspera e a criação do município. No livro “Campo Mourão na espiral do tempo”, a escritora Edina Simionato relata encontros de expedicionários com os índios que ocupavam a região: “em 1893 os expedicionários vindos de Guarapuava (PR), Norberto Marcondes, Guilherme de Paula Xavier e Jorge Walter chegaram à região com 120 homens, para se dedicarem à criação de gado. Eles também fizeram os primeiros contatos com duas tribos de índios, uma de chefe Gembre e a outra liderada por Capitão índio Bandeira, que, ao que consta, seria um mestiço.”
Até a década de 1960 o município de Campo Mourão compreendia toda a Microrregião 12 e os municípios que hoje a integram eram seus distritos administrativos. Na década de 80, foram desmembrados dois dos seus últimos distritos administrativos: Luiziana e Farol do Oeste, ficando sobre sua tutela apenas o distrito de Piquirivaí.
A cidade tem suas origens também em antigas estradas onde se passavam circos e lojas voadoras vindo de Mato Grosso e São Paulo com destino ao oeste do Paraná. A partir de então começou a receber migrantes gaúchos e catarinenses que vinham atraídos pela fertilidade da terra roxa e por problemas políticos na região, formando assim a base da sociedade mourãoense.
As famílias que chegaram no início do século passado e deram início a uma vila nos campos que serviam de ponto de descanso de vaqueiros que passavam tocando boiadas para negociar no Mato Grosso e de tropeiros que usavam o chamado Caminho de Peabiru em direção às Missões no Rio Grande do Sul, Paraguai, Uruguai e Argentina, ainda têm seus descendentes morando na cidade, como os Teodoro, os Custódio, Oliveira, Mendes, Paula Xavier e Marcondes.
Campo Mourão: a história que os livros não contam
Há 70 anos, os paranaenses elegiam o empresário Moysés Lupion como governador. Quebrava-se um jejum de anos, sem eleições, imposta pela ditadura Vargas. Em março daquele ano, a Assembleia Legislativa iniciava seus trabalhos para a elaboração da nova Constituição do Estado. Meses depois, em agosto, com a Carta Magna já promulgada, o deputado Lopes Munhoz reivindicava a criação de novos municípios, cujo dispositivo foi inserido na Constituição recém aprovada.
A notícia correu o Paraná. Em Campo Mourão, Francisco Albuquerque ouviu a novidade pelo rádio. Assim que terminou de ouvir, de imediato procurou o fazendeiro Pedro Viriato de Souza Filho, que tinha ligações políticas em Curitiba. Entusiasmados com a possibilidade da criação do município, Pedro Viriato viajou no dia seguinte para Curitiba.
Na Capital, conseguiu uma audiência com o governador. No Palácio São Francisco – hoje sede do majestoso Museu Paranaense – expôs a Moysés Lupion a necessidade da criação de mais um município no projeto que tramitava na Assembleia Legislativa. Enquanto atenciosamente Lupion ouvia a explanação, um assessor palaciano interrompeu o diálogo e mencionou que naquele momento era impossível a criação do município de Campo Mourão. E foi mais adiante: Campo Mourão somente poderia virar município 15 anos depois. Pedro Viriato ficou furioso e desacatou o assessor na presença do governador. nimos acirrados, o governador concordou com a criação do município, desde que Pedro Viriato fosse o prefeito. Ou seja, a cidade somente se tornou município graças a uma discussão e articulação política.
Outro detalhe que a história omite é que foi o deputado estadual Lacerda Werneck que defendeu a criação do município de Campo Mourão na Assembleia Legislativa. O projeto já estava tramitando e não previa a criação de outros municípios. Campo Mourão tem ainda uma dívida histórica com a memória deste parlamentar que articulou a sua criação.
O projeto de lei que criou o município de Campo Mourão foi aprovado com a emenda prevendo a criação da cidade. Enviado ao governador o projeto, tornou-se a Lei nº 2, sancionada em 11 de outubro de 1947.