Célia, a incrível ‘mãe’ de 130 gatos e 78 cães

Como fazer do mundo um lugar melhor? Maria Célia Baran descobriu. Mulher diferenciada, ela praticamente voltou toda a sua vida à causa de animais abandonados. Hoje, morando sozinha numa chácara, distante quase 15 km do centro de Campo Mourão, passa os dias cuidando de quem muito já foi maltratado. A bem da verdade, não vive exatamente sozinha. Convive ao lado de 130 gatos, 78 cães, uma égua, e outras galinhas e patos. São 250 bichos ao todo. E ela está muito feliz com eles. É o modo o qual optou viver: cuidar de quem não tem como se defender.

Lutando sozinha, Célia não dispõe de recursos públicos. Afinal, não possui uma ONG ou associação. Tudo o que faz, além do prazer e de um amor único, vem do próprio bolso. E ultimamente, ele está “furado”. Ela conta que quase tudo é arcado com o próprio suor. Bibliotecária concursada, transforma o salário em rações, medicamentos e benfeitorias aos amigos. Ela está por ela. Não fosse a ajuda de uma ONG da cidade, que a ajuda com algumas rações e tratamento veterinário, já teria abandonado a luta. “Tudo é muito caro”, disse.

Tudo começou há muitos anos, quando Célia participava de uma das associações de animais da cidade. Desde então, não parou mais de ajudar a causa. No início os levava para casa. Mas com o crescente número de abandonos pela cidade, foi obrigada a se mudar para uma chácara, em Araruna. “O local era espaçoso. Mas distante do meu trabalho. Então vendi lá e, há dez anos, comprei outra em Campo Mourão”, explicou.

Agora com o abrigo efetivado – “Gato Gordinho”-, ela reuniu uma turma tão grande que as dificuldades financeiras logo surgiram. Diariamente são quilos e quilos de ração. Além de medicamentos, vacinas e outros inúmeros procedimentos. Em suma, não há bolso que aguente.

Há alguns dias a propriedade ficou sem água. A bomba do poço artesiano queimou. Mais um prejuízo, desta vez de R$ 4,5 mil. Sem condições, Célia emprestou dinheiro à primeira parcela. As demais, irá honrar com rifas e bingos que faz mensalmente. “Tenho que fazer estas promoções senão nossos bichinhos ficam sem comida”, disse.

Já há algum tempo, Célia não está mais abrigando animais. Hoje, os que lá estão são mais idosos, que necessitam de maiores cuidados. Ela também conta com a ajuda voluntária de Vítor, um rapaz de 24 anos que, por decisões próprias, deixa o lazer nos finais de semana para limpar, lavar, zelar e cuidar dos animais. “Hoje venho de carona com ela. Mas antes, vinha a pé, quase 15 km”, disse.

Aos 59 anos, Célia jamais abandonará os amigos que lá estão. Nunca. Cada um mantém seu nome, sua personalidade. Ela sabe dos seus medos, suas fraquezas. E está tudo bem. O carinho resgata a alma. Mas ela não está mais recolhendo. “Pretendo continuar minha missão com os que estão aqui. Mas para isso, também aceito doações. Tenho muitas tarefas aqui”, disse.

Serviço

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