Chuva traz alívio ao campo na região

Após 36 dias de estiagem, a chuva que cai em Campo Mourão e região desde o início da madrugada desta sexta-feira (24), trouxe alívio para dentro das porteiras das propriedades rurais. A precipitação pluviométrica gera umidade no solo recuperando o volume hídrico comprometido por ocasião da seca. Em consequência, as lavouras, principalmente as de milho e trigo, além de pastagens, reagem.

No Paraná, assim como nos municípios da Comcam, o boletim semanal da Divisão de Conjuntura Agropecuária do Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), vinculado à Secretaria da Agricultura e Abastecimento (Seab), apontou que a situação das lavouras de milho tinham piorado ainda mais essa semana devido a falta de água. Espera-se agora que a cultura reaja.

Na região de Campo Mourão, dos 338 mil hectares semeados com milho, 14% apresentam condições ruins de campo, 38% médias e 48% boas condições de desenvolvimento. Até o início desta semana, 56% da safra de milho apresentavam estágio de frutificação, estágio mais suscetível da planta; 43% (maturação) e 1% floração.

“O clima seco realmente estava preocupando bastante. Desde o plantio da cultura está sendo praticamente a segunda chuva que as lavouras estão recebendo. Nas áreas semeadas mais cedo as perdas já são inevitáveis. Agora é torcer para que as áreas ainda em estágio de florescimento e frutificação possam se recuperar. E torcer para que as chuvas venham em bom volume”, comentou o produtor rural Vicente Mignoso.

Se tratando do Paraná, conforme informou o analista de milho do Deral, Edmar Wardensk Gervasio, o percentual de área em condição boa caiu para 51%, enquanto a condição mediana fechou a semana em 32%. Já as áreas em condição ruim ficaram em 17%. Segundo ele, algumas áreas já vêm sendo colhidas no Estado. Esta semana a retirada da produção do campo chegou a 2% da área total estimada de 2,4 milhões de hectares. As informações contam no boletim conjuntural divulgado nessa quinta-feira (23).

Trigo

A chuva vai contribuir também para o avanço do plantio de trigo. Muitos produtores aguardavam as precipitações para a semeadura. Alguns arriscaram plantar na seca esperando a chuva cair. Na região, a área estimada com trigo é de 100 mil hectares. A semeadura alcançou essa semana 28% da área. Do total plantado, 20% estão em germinação e 80% em desenvolvimento vegetativo. Ainda conforme o boletim agropecuário do Deral, 39% da área de trigo apresentam bom desenvolvimento, 56% (médio), e 5% (ruim).

O engenheiro agrônomo, Carlos Hugo Winckler Godinho, informou no boletim que os preços do grão tiveram uma reação importante nas últimas semanas. A cotação de quarta-feira (22) mostrava a saca de trigo a R$ 74,00 na maioria das praças, valor 14% superior aos R$ 65,00 registrado há um mês.

“Esta valorização acompanha as cotações internacionais, pois a maioria dos contratos futuros em Chicago superou US$ 7,00 por bushel nesta semana, contra um patamar abaixo de US$ 6,00 há um mês”, analisou. O movimento, segundo o agrônomo, é fruto de preocupações com a oferta mundial, especialmente geadas na Rússia, a maior exportadora de trigo. A elevação dos preços pode animar alguns produtores a incrementar sua área de trigo, porém esse movimento deve ser limitado, visto que o valor ainda é muito próximo do custo variável de produção, bem como a disponibilidade de sementes é restrita.

Os trabalhos de semeadura no Paraná continuam em desenvolvimento, chegando a 45% da área a ser ocupada, porém, até então, com restrições devido a falta de chuvas em parte do Paraná. Ainda conforme Godinho, algumas lavouras implantadas apresentam germinação desuniforme devido a falta de umidade do solo.