Clima atípico antecipa ciclo da soja e Coamo já recebe grande volume de produção em janeiro

O clima atípico – seco e com temperaturas extremamente elevadas desde o fim da primavera e início do verão-, encurtou o ciclo da soja, antecipando consequentemente a colheita em algumas regiões. A Cooperativa Coamo, por exemplo, iniciou janeiro já recebendo grandes volumes da commodity, conforme o presidente executivo, Airton Galinari.

“É um cenário que observamos de tempos em tempos esta colheita mais antecipada. O último ano que tivemos uma colheita importante no mês de janeiro foi há 5 anos na safra 2018/2019, onde recebemos quase 20% de toda soja do ano dentro no mês de janeiro”, falou Galinari em entrevista ao programa “Informativo Coamo”. “Este ano ainda não sabemos como vamos terminar o mês, mas iniciamos já com bastante recebimento em algumas regiões [como Juranda, por exemplo]”, citou.

O presidente executivo disse que a colheita está bastante acelerada especialmente em algumas regiões e, de certa forma, ‘normal’. “Vemos a colheita em ritmo acelerado, a níveis de colheita normal. No entreposto de Toledo, por exemplo, recebemos 93 mil sacas na gerência somente na segunda-feira, ritmo normal de safra”, ressaltou. Galinari disse que a cooperativa observa grande quantidade de áreas que estão se aproximando da colheita, que “vai com certeza acontecer no mês de janeiro”.

Ele informou que, consultando cooperados, a colheita da soja foi antecipada este ano de 10 a 15 dias devido ao clima com temperaturas elevadas e bastante seco. “Os dias mais longos com alta intensidade de sol e temperatura encurtam o ciclo da planta”, explicou.

O reflexo disso, lamentou, é o comprometimento da produtividade, mas por ora está vindo dentro da média. “No oeste estamos tendo produtividades na média do esperado, não são aquelas produtividades de supersafra, mas são aquelas médias, algo em torno de 55 a 65 sacas por hectares”, disse.

Com a entrada antecipada da safra brasileira, o presidente executivo informou que o prêmio da soja nos portos em relação à bolsa de Chicago caiu fortemente. Ele lembrou que isso aconteceu mesmo com a expectativa de uma safra menor no centro-oeste brasileiro. Os prêmios da soja no porto de Paranaguá caíram para 5 centavos de dólar por bushel, ante 80 centavos no final do ano passado, segundo dados levantados pelo Cepea/Esalq.

Por outro lado, conforme Galinari, a Argentina e o Rio Grande do Sul deverão ter safras maiores, após a seca da temporada anterior, o que também tem pressionado os contratos futuros na bolsa de Chicago. “O comprador, sabendo que vai ter disponibilidade, ele tira os pés e isso derruba os prêmios”, previu.

Estiagem

Galinari demonstrou também preocupação com a falta de chuvas para o plantio da segunda safra de milho, realizado logo após a colheita de soja. Ele relatou que havia previsão de chuvas que não estão se concretizando. “A cada dia as chuvas estão se afastando, isso compromete. Preocupa para a implantação do milho segunda safra”, afirmou.

Exportação

A Coamo divulgou na terça-feira dados consolidados das exportações de grãos e farelos em 2023. No total, a Cooperativa exportou 4,76 milhões de toneladas no ano passado, mais que o dobro de 2022, quando a safra sofreu com a seca. As exportações registraram 10,7 bilhões de reais de faturamento, o que equivale a 35% das receitas globais da cooperativa.

Além de Paranaguá (PR), por onde a Coamo embarcou 3,65 milhões de toneladas de produtos agrícolas, o equivalente a 14% das movimentações do porto, a cooperativa também exportou através dos Portos de Santos (SP), Antonina (PR), São Francisco do Sul e Imbituba (SC) e Rio Grande (RS), visando contornar gargalos logísticos, conforme havia adiantado à Reuters Galinari, em entrevista no início de dezembro. A Coamo encerrou o ano de 2023 como líder no ranking de exportadores dos Portos do Paraná. Os principais mercados das exportações da Coamo são a China, com a exportação de soja, e a Europa, com o farelo de soja.