Coamo fecha 2023 com receita global de R$ 30,3 bilhões, crescimento de 7,6%

A Coamo Agroindustrial Cooperativa fechou 2023 com receita global de R$ 30,3 bilhões, um crescimento de 7,6% em relação a 2022, quando o montante foi de R$ 28,1 bilhões. A sobra líquida atingiu a cifra dos R$ 2,324 bilhões, um crescimento de 2,9% ante 2022. Deste valor, após dedução estatutária, R$ 850 milhões serão distribuídos em sobras aos 31.600 cooperados da empresa, nos estados do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Os dados foram apresentados e aprovados em assembleia geral ordinária realizada na tarde desta quinta-feira (15), no entreposto da sede da Cooperativa, em Campo Mourão.

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De acordo com o presidente do Conselho de Administração da Coamo, José Aroldo Gallassini, a segunda parte das sobras será depositada nesta sexta-feira (16) na conta dos cooperados. Em dezembro do ano passado a empresa já pagou antecipadamente R$ 230 milhões referentes ao benefício, pago conforme a movimentação de cada associado na comercialização de soja, trigo, milho e insumos.

De acordo com informações da Assessoria de Comunicação da Cooperativa, o patrimônio líquido da Coamo atingiu o montante de R$ R$ 10,615 bilhões, representando um crescimento de 17,5% em relação ao ano anterior; enquanto o ativo total foi de R$ 17,370 bilhões. Os principais índices foram: liquidez corrente 2,76; liquidez geral 1,81; margem de garantia 257,14% e o grau de endividamento de 38,89%, refletindo a boa situação econômico-financeira da cooperativa. Foi gerado e recolhido o montante de R$ 824,905 milhões em impostos, taxas e contribuições sociais.

Em entrevista à TRIBUNA, Gallassini avaliou que do ponto de vista de produção, 2023 foi bastante positivo. Para se ter ideia, a Coamo recebeu em 2023 a maior safra agrícola da história: 9,962 milhões de toneladas, o que representa 3,1% de toda produção brasileira de grãos. A capacidade de armazenamento da cooperativa é de 6 milhões de toneladas de grãos. “Tivemos grande produtividade de soja, milho e trigo tanto que houve problemas com armazenamento”, informou. Segundo ele, devido aos armazéns cheios, a cooperativa teve cerca de 850 hectares de soja e milho no ‘tempo’, estocados em silos bag. “E está lá ainda hoje”, afirmou.

Por outro lado, os preços não acompanharam a alta produtividade e continuam caindo. Além disso há custos de produção e investimentos do produtor na propriedade. Para se ter ideia, a soja, por exemplo, explicou Gallassini, chegou a R$ 200,00, depois a R$ 102,00 e agora R$ 105,00. “Isso é uma diferença muito grande”, observou. Houve queda significativa nos preços também do milho e trigo. “Essa desvalorização tirou toda possibilidade de renda do produtor que vinha se capitalizando com os bons preços anteriormente”, falou, ao lembrar dos problemas da safra que está sendo colhida atualmente.

Industrialização

A Assessoria de Comunicação da cooperativa informou que no parque industrial foi acrescentada a fábrica de ração para ruminantes e monogástricos com capacidade de 200 mil toneladas por ano, que entrou em produção no mês de setembro, obtendo aceitação por parte dos cooperados. O parque industrial da Coamo em Campo Mourão e Paranaguá, no Paraná, e em Dourados, no Mato Grosso do Sul, conta com um total de três indústrias de esmagamento de soja, duas refinarias de óleo de soja, dois moinhos de trigo, uma fábrica de gorduras e margarinas, uma fiação de algodão e uma torrefação de café.

Também em 2023 a Coamo obteve volumes recordes de exportação, especialmente de soja, farelo de soja e milho, atingindo o montante de 4,866 milhões de toneladas de produtos, com um crescimento de 131,0% em relação ao ano anterior. O faturamento das exportações atingiu o montante de US$ 2,226 bilhões, representando um crescimento de 88,1% em relação ao ano de 2022.

Para agilizar o recebimento e armazenagem da produção dos cooperados, além de ampliar e modernizar a infraestrutura nas diversas áreas com o incremento da verticalização para agregar valor às atividades dos cooperados, os investimentos da Coamo em 2023 totalizaram R$ 569,714 milhões. Esses investimentos foram aplicados na conclusão dos novos entrepostos e escritórios administrativos em Campo Mourão, Engenheiro Beltrão e Bragantina, no Paraná, em Rio Brilhante e Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, entre outras atividades.

José Aroldo Gallassini disse que modelo de gestão adotado há quatro anos ‘deu muito certo’

Gallassini faz balanço positivo de novo modelo de gestão

A Coamo está completando quatro anos da implantação de sua governança corporativa. O novo modelo de gestão, na visão do presidente do Conselho de Administração, José Aroldo Gallassini, está sendo um sucesso.

Pelos resultados que vem demonstrando, muitas outras cooperativas já vem copiando o novo modo de gestão implantado pela Coamo. Gallassini, comentou que o cooperado aceitou ‘muito bem’ esta transição porque os Diretores Executivos já têm mais de 30 anos de trabalho e conhecem o que fazem. “E isso deu muito certo”, ressaltou. Confira a entrevista abaixo com Gallassini.

Tribuna do Interior – Há quatro anos a Coamo implantou a governança corporativa, um novo modelo de gestão. Que avaliação o senhor faz deste novo modelo?

José Aroldo Gallassini – A Coamo está com 53 anos e todos nós já com boa idade, tanto os conselheiros quanto os executivos contratados. Chega um momento de pensar em sucessão. Eu considero que há em uma cooperativa uma dificuldade de sucessão quase idêntica a uma empresa familiar onde muitas vezes falecem os velhos e os novos vêm ‘tocar’ e muitas vezes o relacionamento não dá certo e acaba fechando. A gente se preocupa que haja uma sucessão normal quando chegar a hora e uma forma de ter essa sucessão é fazer um Conselho de Administração de produtores que ditam a política aos Diretores Executivos, que executa esta política. Então nós iniciamos isso a quatro anos e tivemos nessa quinta-feira [15] a primeira eleição do Conselho de Administração e continua os Diretores Executivos contratados para tocar a cooperativa para frente. O resultado é positivo. O cooperado aceitou muito bem esta transição porque estes Diretores Executivos já tem mais de 30 anos de trabalho e conhecem o que fazem. E isso deu muito certo.

Como foi o exercício de 2023 para a Cooperativa?
Do ponto de vista de produção foi positivo. Tivemos grande produtividade de soja, milho e trigo. Porém os preços não acompanharam e continuam caindo. Além disso tem os custos de produção e investimentos do produtor na propriedade. A soja, como referência, chegou a R$ 200,00 depois a R$ 102,00 e agora R$ 105,00. Isso é uma diferença muito grande. O milho, de R$ 100,00 caiu para 50,00 e agora chegou a 47,00. Já o trigo, que de R$ 100,00 agora está R$ 66,00 e pode chegar até R$ 33,00 conforme a qualidade do grão.

Quais as consequências da desvalorização dos produtos agrícolas?
Essa desvalorização tira toda possibilidade de renda do produtor que vinha se capitalizando com os bons preços anteriormente. Tivemos também uma safra que estamos colhendo agora com grandes problemas de erosão por conta dos altos volumes de chuvas, problema de seca em certas regiões e granizo. Ou seja, uma série de eventos que somados vão prejudicar a produção. Estamos vendo que muitos cooperados que estavam bem capitalizados estão ficando descapitalizados e até precisando de prorrogações de dívidas. Estamos reivindicando ao Governo para estes casos de dificuldades, que diz que vai nos atender. Estamos aguardando. A gente está também sugerindo que o pessoal deixe metade das sobra para quitar débitos vencidos. A diferença entre o que deve, vencido, e a sobra é muito grande e precisamos de capital de giro porque o cooperado está ficando cada vez mais com compra prazo de safra. Ainda há uma situação de liquidez boa em que o cooperado não está muito endividado, mas existem aqueles que estão mais endividados.

Apesar de todos estes imbróglios, a Coamo teve crescimento em 2023?
Sim. Nós faturamos R$ 30,3 bilhões. O resultado foi bom. Tivemos R$ 2,3 bilhões de resultado, dos quais tiram se os fundos para melhorar o capital de giro da cooperativa e devolvemos em dinheiro, aprovado pela assembleia, R$ 850 milhões em sobras na proporção de tudo que o cooperado operou entre soja, milho, trigo e insumos. Então neste aspecto o ano foi muito bom. O que ficou ruim para o setor foi a desvalorização das commodities.

A que o senhor atribui este resultado de crescimento da Coamo?
Além do trabalho desenvolvido pela administração, se deve a participação dos nossos 31.600 cooperados.

“Foi uma grande responsabilidade eu ter assumido como primeiro presidente executivo”, diz Galinari

Galinari atribui sucesso da governança ao envolvimento de todo quado social

O primeiro presidente Executivo da história da Coamo, Airton Galinari – até então, há quatro anos, antes da implantação do novo modelo de gestão não existia o cargo -, destacou que o sucesso e resultados alcançados no período estão ligados diretamente ao esforço conjunto e envolvimento de todo o quadro social da Cooperativa.

Ele lembrou que a opção pelo Conselho de Administração não ocorreu da ‘noite para o dia’. “Foi muito estudado. O dr. Aroldo se baseou em grandes empresas e grandes corporações que têm este modelo”, disse. Galinari afirmou que este novo modo de gerencia garante à empresa uma continuidade e segurança maior da gestão por trazer profissionalização no curso das ações.

“Não quer dizer que antes não havia profissionalização, quer dizer que a profissionalização que existia vinha de pessoas que construíram a cooperativa e participam do dia a dia dela desde a sua fundação”, argumentou. Confira a entrevista completa com Galinari.

Tribuna do Interior – Qual o resultado da governança corporativa implantada pela Coamo há quatro anos?

Airton Galinari – Muito positivo. Está tendo um grande resultado. E isso a gente deve principalmente ao grande apoio de todo quadro social, muito apoio do Conselho de Administração. O tempo todo todos caminhando juntos e fazendo o modelo dar certo. A Coamo foi crescendo, ganhando complexidade, mercado internacional, várias indústrias, grande área de logística. Então, mantendo um conselho participativo em que a gestão todos mê se reúne com ele e leva um balancete de informações e toda estratégia, nos guiando e nos orientando, funcionou muito bem.

Como foi para o senhor ser o primeiro CEO da história da Coamo?
Foi uma grande responsabilidade eu ter assumido como primeiro presidente executivo. Não era uma função que existia. Tivemos que aprender a conviver dentro deste novo ambiente, mas com este apoio todo, tivemos quatro anos de muito sucesso e grandes resultados dando continuidade ao trabalho todo desde a fundação da Coamo, sempre entregando grandes resultados ao quadro social.

É um modelo de gestão que veio para ficar?
Seguramente, pelos grandes resultados obtidos, sim. Já recebemos visitas de cooperativas de Goiás, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, entre outros estados do País nos procurando para conhecer e copiar este nosso modelo de gestão.

E os investimentos para os próximos anos?
Teremos grandes investimentos. A aprovação pelos cooperados para o triênio 2024 a 2026 será de R$ 3,5 bilhões em investimentos, sempre buscando levar melhores condições aos cooperados, como armazéns, moegas, tombadores, secadores, automatizações, frota de veículos, investimentos nos portos, novas indústrias, tudo isso buscando remunerar melhor aquilo que o cooperado produz.

Presidente Executivo da Coamo, Airton Galinari e o Presidente do Conselho de Administração da Cooperativa, José Aroldo Gallassini