Colheita da soja avança na Comcam acompanhada pela desvalorização do grão

Mesmo com os dias intercalados entre sol e chuva, produtores rurais têm avançado com a colheita da soja na região de Campo Mourão, com cerca de 85% dos 683.180 hectares retirados do campo até a terça-feira (20). Os dados constam no relatório divulgado pelo Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), vinculado à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab).

O problema é que a desvalorização da commodity acompanha o ritmo da colheita. A saca está cotada nesta quinta-feira (29) a R$ 100,00. Até o início de janeiro estava em R$ 121,00, ou seja, uma desvalorização de mais de 20%. Se comparado ao mesmo período de 2023, a queda no preço é assustadora: 60,18%. Naquela época a saca chegou a R$ 163,13, encerrando 2023 a R$ 127,62. A principal justificativa para a depreciação do grão é a alta oferta do produto no mercado interno.

Conforme estimativa do Deral, a Comcam deverá ter uma produtividade de aproximadamente 2,5 milhões de toneladas de soja, média de 3.720 quilos por hectare. Da área a colher, 14% se encontram em condições ruins, 35% médias e 51% boas. “A safra sofreu em vários estágios. Foi falta de chuva, depois excesso, e por último, as temperaturas altíssimas. Todos estes fatores vão contribuir para uma quebra de produção que será contabilizada com exatidão ao fim dos trabalhos de colheita”, comentou o técnico do Deral em Campo Mourão, Paulo Borges.

Em nível de Estado, o Analista de mercado da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Edmar Wardensk Gervásio, destacou no boletim conjuntural, divulgado nesta quinta-feira (29), que já foram colhidos mais de 50% dos 5,8 milhões de hectares plantados da oleaginosa. Segundo ele, com o avanço da colheita também se observou uma produção menor.

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O relatório aponta que a produção está estimada em 18,2 milhões de toneladas, uma redução em torno de um milhão de toneladas quando comparado aos dados de janeiro. “A perda no campo, até este momento, é estimada em 3,6 milhões de toneladas ou 16,4% para esta safra”, contabilizou.

Inicialmente, em condições normais, era esperada uma produção de 21,8 milhões de toneladas, contudo o clima adverso, especialmente o calor intenso e a estiagem, reduziram a produção no campo. “Mesmo com as perdas nesta safra, ela é ainda uma das maiores que o Paraná vai colher, ficando na sétima posição”, frisou Gervásio.

Milho 2ª safra

Com relação a semeadura do milho 2ª safra, o plantio atingiu até a terça-feira 86% dos 338 mil hectares. Conforme o relatório do Deral, 3% da safra estão em médias condições e 97% em boas. O clima chuvoso tem contribuído para o bom desenvolvimento da cultura, que atualmente se encontra 14% no estágio de germinação e 86% em desenvolvimento vegetativo. A expectativa de produção é de 2,5 milhões de toneladas.

No Paraná, Gervásio destacou no boletim conjuntural que o plantio atingiu 66% dos 2,4 milhões de hectares previstos para esta safra. As lavouras já plantadas têm condição boa para 94% da área e apenas 6% têm condição mediana. Por outro lado, a colheita da primeira safra de milho chegou a 65% dos 296 mil hectares plantados. A produção atualizada é de 2,59 milhões de toneladas, 373 mil toneladas a menos do que a expectativa inicial, resultando numa perda no campo de 12,6%.