Com quebra de produção, colheita do trigo entra na reta final na Comcam

Apesar das chuvas dos últimos dias, a colheita do trigo (safra 2020/21) entrou na reta final nesta semana na região de Campo Mourão. Dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), apontam que 96% da área já foram colhidas na Comcam. Os trabalhos devem encerrar nos próximos dias.

De acordo com o último levantamento, os produtores rurais colheram 99.107 hectares de um total de 103.237 plantados na região. Segundo o boletim semanal, da área ainda a ser colhida, 50% estão em condições ruins devido as geadas e estiagem prolongada e 50% em boas condições. A produção inicial de trigo na Comcam era estimada em 320.035 toneladas, mas devido as intempéries climáticas foi revisada para 270.857, uma quebra de pouco mais de 15%.

Conforme analistas, o bom progresso da colheita tende a elevar a disponibilidade de oferta no curto prazo, potencializando o viés de baixa neste período, apesar de um cenário internacional ainda favorável a recuperações, em paralelo à recente elevação cambial. Por outro lado, os preços na Argentina voltam a ficar mais firmes devido a uma estabilização das condições das lavouras, com clima mais favorável ao desenvolvimento. Na região, a saca de 60 quilos do trigo é cotada em média a 81,00.

No Paraná, de acordo com o Boletim de Conjuntura Agropecuária referente à semana de 15 a 21 de outubro, já foram colhidos 74% da área total de trigo, estimada em 1,21 milhão de hectares. “Com condições climáticas mais propícias para o trabalho desde quarta-feira (20), espera-se que o processo seja acelerado ainda mais, reduzindo o pequeno atraso que se verifica e possibilitando que se posicione mais próximo da média para este período do ano”, diz o engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho.

De acordo com ele, em decorrência das condições climáticas nas localidades de colheita mais recente, o PH do cereal (nível de acidez) está mais baixo. No entanto, o produto mantém qualidade suficiente para uso na panificação. “O que se observa no campo são alguns pontos de acamamento das lavouras e perda de peso nos grãos”, observou.

Essa situação, aliada às quebras por seca, podem levar a novo rebaixamento na previsão de safra, a ser anunciada ainda neste mês. No mês passado, a projeção era de 3,5 milhões de toneladas 17% acima das 3,190 milhões de toneladas colhidas na temporada 2020. A produtividade média é estimada em 3.095 quilos por hectare, acima dos 2.824 quilos por hectare registrados na safra passada.