Da velha enxada à moderna colheitadeira, a evolução da agricultura
Nascido em Colorado (RS) em 1959, o agricultor João Mignosso chegou em Campo Mourão ainda adolescente no início da década de 70, com os pais e os 12 irmãos. Naquele tempo, o trabalho na agricultura era predominantemente manual, uma tarefa que além de dedicação, exigia muito esforço físico e paciência.
Trabalhava com enxada, colhia milho com a mão, plantava e pulverizava a lavoura com máquinas manuais e lavrava a terra com animais. Não havia energia elétrica no campo, era um tempo bem difícil, trabalhando embaixo de sol, mãos calejadas. Até que veio a agricultura mecanizada, comenta Mignosso, convidado pela TRIBUNA a contar um pouco sobre sua experiência de vida em homenagem ao Dia do Agricultor, comemorado neste domingo, dia 28 de julho.
Mignosso recebeu a reportagem na sede de sua propriedade de 260 alqueires, às margens do anel viário, em Campo Mourão. Aos 60 anos, ele mora na cidade, mas é encontrado na fazenda todos os dias, onde ainda trabalha e mantém uma casa onde a família se reúne, especialmente nos fins de semana. Porém, hoje com modernas máquinas com cabines fechadas, ar condicionado, rádio, computador e até GPS. A tecnologia levou comodidade e agilidade à zona rural, com internet, câmeras de segurança, entre outros recursos da vida moderna.
Antes a gente passava a noite trabalhando para dar conta do serviço, mesmo plantando menos. Moravam quatro famílias na fazenda e ainda tinha que contratar bóia-fria, trabalhadores que vinham em cima de carroceria de caminhão. A gente plantava 80 alqueires. Hoje plantamos 260 e damos conta com apenas quatro pessoas, revela o agricultor, a bordo de uma colheitadeira que custa R$ 1,5 milhão. Essa máquina colhe em meio dia o que a gente levava o dia inteiro com três máquinas das antigas., acrescenta.
O plantio direto (sem mexer com a terra), junto com eficientes herbicidas, segundo ele, foi o divisor de águas na agricultura. Hoje não há mais necessidade de serviço braçal, a enxada foi aposentada, observa. Mas a evolução também exige conhecimento do agricultor. Antigamente qualquer pessoa trabalhava com trator ou colheitadeira. Hoje tem que fazer curso, senão não consegue. Eu mesmo aprendi o básico. Deixo o mais complicado para o filho, que é agrônomo, explica, ao mostrar recursos no painel da máquina, que aponta desde perda de grãos na colheita, produtividade por hectare, assim como áreas onde há necessidade de correção no solo.
Mignosso diz sentir-se privilegiado em vivenciar tanta a evolução. Teve gente que sofreu muito e não conseguiu chegar nessa parte boa que a gente chegou. Comento com meu filho, às vezes, que ele não aguentaria 10 por cento do que minha geração aguentou, complementa o agricultor, que além do filho agrônomo tem uma filha farmacêutica e outra médica veterinária.