De “lavrador” a agricultor, Gancedo tem orgulho da atividade que garante alimento

Aos 65 anos de idade, o proprietário rural Antonio Gancedo orgulha-se de ter nascido e até hoje exercer uma atividade responsável pela produção de alimentos. “O agricultor brasileiro garante um de cada quatro pratos servidos na mesa do mundo inteiro”, afirma em entrevista à TRIBUNA para marcar o Dia do Agricultor, comemorado nesta terça-feira, dia 28 de julho.

Nascido em Cambé, ele veio com os pais para Engenheiro Beltrão em 1963 para produzir café. A geada de 1975, porém, que matou os cafezais, obrigou a mudança para outras cultivares. Entre a década de 70 e 80, lembra ele, o agricultor começou a passar por uma metamorfose. “De lavrador para agricultor”, resume. Gancedo refere-se a mudança no sistema de trabalho no campo, até então essencialmente braçal ou tração animal, com a chegada da mecanização, com máquinas como tratores e colheitadeiras. 

“O surgimento da cooperativa, a Coamo, foi um divisor de águas, porque se tornou a escola do agricultor. A assistência técnica, a tecnologia fez com que a gente aprendesse a produzir mais. Antes colhia 80, no máximo 100 sacas de soja por alqueire. Hoje colhe-se 160 até 170”, exemplifica. 

Gancedo lembra que em 1975, quando casou-se, foi morar na propriedade da família em Corumbataí do Sul, na divisa com Campo Mourão. “Na época eram 80 alqueires de café e tinha 25 famílias para dar conta. Hoje temos mais de 300 alqueires naquela região, que tocamos com quatro famílias”, relata, ao enfatizar a importância da evolução da pesquisa e da tecnologia. 

Ele ressalta que a evolução tecnológica também fez uma espécie de “seleção” no meio rural. “Quem não acompanhou o desenvolvimento ficou de fora”, observa Gancedo. Na propriedade, além de cultivar soja, milho, trigo e uma parte de pecuária, ele também fez investimento na área de turismo rural. “Como passa por ali o lendário Caminho de Peabiru, a fazenda acabou se tornando um marco, com a rota da fé e caminhadas ecológicas”, explica. Religioso, Gancedo tem até um projeto de construção de uma capela no estilo dos Jesuítas na fazenda.

Descendente de espanhóis e italianos, Gancedo diz que o agricultor é um guerreiro, por enfrentar as mais variadas adversidades. “Enfrentamos clima, política de preços, ambientalistas. Os camisas vermelhas nos veem como bandidos, mas a comida na mesa depende do nosso trabalho”, reforça o agricultor, que mora na cidade mas vai todos os dias para a fazenda, que fica na região da comunidade Rio da Várzea. 

Líder comunitário, ele também faz parte do Sindicato Patronal Rural e diz sentir-se privilegiado em vivenciar tanta evolução. “Teve gente que naquela época sofreu muito e infelizmente não conseguiu chegar onde a gente está hoje”, complementa Gancedo, pai de três filhos e avô de seis netos.