Decisão do Cidadania, de apoiar Lula no 2º turno, divide lideranças do partido que já falam em abandonar grupo

Mesmo com as diferenças políticas (e grandes), o Cidadania Nacional decidiu apoiar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno da disputa presidencial, que ocorrerá no dia 30 de outubro. O anúncio foi feito nessa terça-feira (4) pela cúpula do partido. A decisão divide lideranças do grupo pelo País, principalmente pelo histórico de combate contra o petista. No Paraná, a sigla “liberou” os filiados para o segundo turno (veja nota na íntegra abaixo).  O deputado federal Rubens Bueno, vice-presidente nacional do Cidadania e presidente estadual do partido no Paraná, resumiu que apoia a decisão da sigla no Estado.

Em Campo Mourão, o presidente da Câmara Municipal, Jadir Pepita Soares, já fala em deixar o partido e que a decisão (de apoio a Lula) é uma ‘vergonha’. “Vou aguardar sair a janela [partidária de transição] e vou sair do Cidadania. Estou fora. Eu como presidente do Legislativo de Campo Mourão tenho respeito com a população. É a mesma coisa de eu ser preso, julgado pelas três instâncias e depois pudesse se candidatar a vereador de Campo Mourão. Tenho vergonha na minha cara. Respeito cada voto que tive. Não aceito isso”, criticou o parlamentar.

Pepita ressaltou que diante da circunstância só aguardará a janela de transição partidária para deixar o grupo. “Vou sair do Cidadania porque aceito este tipo de coisa. É vergonhoso para todo o Brasil. Não voto no Lula nem amarrado. Prefiro a morte”, radicalizou.

O vereador afirmou ainda que não está preocupado ‘com votos’ e que tem mais dois anos de mandato para trabalhar por Campo Mourão. “O que não dá, é saber que tenho uma filha de 10 anos, um neto de dois anos e vários amigos meus com filhos recém-nascidos que podem ver o Brasil virar uma Venezuela quando estiveram com 60 anos”, comentou, se referindo à crise socioeconômica vivida pelo país causada pelo regime do atual governo. “Não vou ficar em cima do muro. Já apoiei o Bolsonaro agora vou apoiar 105%”, declarou.

A TRIBUNA tentou ouvir o prefeito de Campo Mourão, Tauillo Tezelli para comentar o caso, mas ele não atendeu e não retornou às ligações.

Reunião da Executiva

A decisão do Cidadania de dar apoio ao petista contra o presidente Jair Bolsonaro, candidato do PL à reeleição, foi tomada em uma reunião da Executiva do Cidadania, nessa terça-feira. “[A Executiva] decidiu pelo apoio ao candidato do PT no segundo turno. Uma decisão que foi quase por unanimidade. Tivemos três votos defendendo a neutralidade. E unanimidade contra Bolsonaro”, declarou Roberto Freire, presidente do Cidadania. “Bolsonaro, nesses quatro anos, demonstrou o seu total desrespeito às instituições democráticas. Por causa de todo esse risco, vamos votar no número 13”, completou.

O presidente do Cidadania já havia declarado apoio pessoal à candidatura de Lula na segunda-feira (3). Após o anúncio da Executiva do Cidadania feito por Roberto Freire, o líder do partido na Câmara, Alex Manente (Cidadania-SP), divulgou nota em que diz não endossar a posição da cúpula da legenda. Manente afirmou defender uma posição de “neutralidade” na segunda rodada da disputa.

O segundo turno das eleições de 2022 será disputado entre Lula, que no primeiro turno obteve 48,4% dos votos válidos, e o presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição e ficou com 43,2%. A votação será no próximo dia 30.

No primeiro turno, o Cidadania apoiou a candidata derrotada do MDB à Presidência, Simone Tebet, que ficou em terceiro lugar com 4,16% dos votos válidos. Durante entrevista em Brasília, Roberto Freire disse que na reunião chegou a ser levantada a hipótese de o Cidadania declarar “apoio crítico” ao candidato do PT. No entanto, a ideia foi rejeitada. “Tenho muita clareza de que precisamos vencer as eleições pra afastar qualquer risco futuro às liberdades”, disse Freire.

Primeiro turno

No primeiro turno, o Cidadania se coligou com o MDB, o Podemos e PSDB em torno da candidatura da senadora Simone Tebet. Na noite de domingo (2), em um breve pronunciamento após o resultado do primeiro turno, Tebet afirmou que não ficará neutra no segundo turno. No entanto, ela disse que esperaria as manifestações dos partidos da sua coligação para anunciar seu posicionamento. A executiva do PSDB deverá divulgar em breve sua posição no segundo turno.

Eleições: Cidadania do Paraná libera filiados para apoio no 2º turno

Nota Oficial

Em reunião na noite desta terça-feira, 04, a Executiva Estadual do Cidadania decidiu de forma democrática e não unânime pela liberação de seus mandatários, dirigentes e filiados para o apoio nas eleições presidenciais do 2º turno.

No 1º turno seguimos a decisão do diretório nacional, declarando apoio e indo as ruas em defesa da nossa candidata, Simone Tebet, onde, no Paraná, ela conquistou 4,72% dos votos, número maior que a votação nacional onde obteve 4,16% do eleitorado. Simone cumpriu um grande trabalho e teve um papel fundamental, levando para debate o que realmente importa: O futuro do Brasil.

Porém, diante do cenário que temos e ouvindo nossas lideranças, a executiva estadual decidiu pela liberação de seus membros para que cada um realize o apoio ao candidato que escolher, conforme seus princípios, valores e consciência individual.

Hélio Wirbiski
Presidente em Exercício do Cidadania Paraná