Durante encontro, vereadora pede união para ‘mudança de mentalidade’ à causa animal

Durante encontro na manhã desta sexta-feira (8), no auditório da Comcam, entre secretários municipais e defensores da causa animal de toda região, a vereadora de Campo Mourão, Elvira Schen, voluntária da PAIS (Associação dos Protetores de Animais Independentes), disse que os defensores da causa precisam de mais união para mudança da mentalidade da sociedade em relação ao assunto, inclusive dos governantes.

“Precisamos de união porque essa mudança de mentalidade da sociedade e dos governantes só os protetores vão conseguir porque sabemos lidar com a emoção, o coração e a razão. Em Campo Mourão a gente tem sido muito criticado às vezes por pegar nos pés das pessoas, às vezes até brutos”, falou, ao lembrar dos altos gastos da associação com os cuidados voltados a cães de rua. “O gasto é enorme, nunca nossa associação está com dívida menor do que R$ 100 mil”, emendou.

O encontro teve como pauta central, políticas públicas voltadas ao bem estar animal. Na ocasião, o secretário de Proteção e Bem-estar Animal de Maringá, Marco Antônio Lopes de Azevedo, compartilhou com os municípios a experiência de política pública implantada pelo prefeito Ulisses Maia em defesa dos animais na Cidade Canção. Participaram do evento também o secretário de Assuntos Metropolitanos e Institucionais de Maringá, Fausto Eduardo Herradon e o vereador, Flávio Mantovani, defensor da causa animal.

Elvira que é atuante na causa há cerca de 22 anos, disse que somente agora, com a administração do prefeito Tauillo Tezelli, é que a cidade começou a ter ‘algum resultado’. “Antes era bater na porta e dar meia volta”, falou se referindo a falta de interesse do poder público para o problema. A vereadora também defende a castração e educação das crianças como principais pilares para o controle populacional e diminuição de animais soltos nas ruas.

Ela destacou, por exemplo, as ações do programa de castração do Governo do Estado, que já castrou mais de 2,5 mil animais na cidade. “O volume precisa aumentar. Agora temos um castramóvel pequeno do município que vai começar a percorrer os bairros, mas ainda é pouco”, chamou a atenção.

Resultados positivos

Na ocasião o secretário Marco Antônio apresentou resultados alcançados com o projeto implantado em Maringá, falou dos desafios e também compartilhou erros e acertos com os municípios. Como exemplo, citou que o trabalho de castração em massa para o controle populacional de animais, e a educação com as crianças na escola, alcançaram resultados ‘extremamente’ positivos. “Na nossa opinião, estes são os dois principais pilares de uma política pública que vai se consolidar ao longo do tempo”, falou.

Para se ter ideia, de 2018 para cá, quando foi implantada a política pública voltada a causa animal em Maringá, o secretário informou que foram castrados mais de 28 mil cães. Além disso, o município é rígido no cumprimento da legislação, com equipes de fiscalização atuando em toda a cidade. Feiras de adoção também faz parte das ações.

“Nossa legislação em Maringá também tem um dispositivo que notifica o tutor que deixa o cão solto na rua e pode até multá-lo caso essa condição continue”, informou. Ele comentou que o intuito do município não é multar o morador, mas sim conscientizá-lo sobre a situação. “Não adianta ter só lei e não fiscalizar e não adianta ter uma lei que na prática não vai funcionar”, observou, ao comentar que a atualização da legislação em Maringá voltada à causa animal foi feita ouvindo os poderes [Executivo e Legislativo] e protetores de animais.

O vereador de Maringá, Flávio Mantovani, que há 20 anos defende a causa animal destacou a importância da troca de experiência com outros municípios na implantação de ações voltadas ao bem estar animal. “É sempre bom compartilhar nossa experiência. Sempre temos um pouco a aprender e a ensinar. Sabemos que a causa animal assim como qualquer outra não consegue chegar em 100% da população”, citou.

O parlamentar destacou o programa de castração em massa em Maringá como uma das principais ferramentas para o controle populacional de animais de rua. Mas disse que a população também precisa se conscientizar da responsabilidade. Segundo ele, os gastos ao município são altos com cães de rua. Para se ter ideia, informou, por mês, o município gasta com um cachorro que fica no abrigo municipal em torno de R$ 450,00. Com um tempo médio de 10 meses para adoção o valor chega a R$ 4.500,00.

Se no caso é um cachorro atropelado em que a secretária de Bem-estar Animal manda ambulância para recolher, por exemplo, o animal chega a custar quase R$ 20 mil até se recuperar totalmente. “As pessoas não fazem as contas destes custos”, observou. Segundo Mantovani, nos últimos anos, Maringá arrecadou cerca de R$ 1,5 milhão em multas por maus tratos a animais. O valor foi revertido para a própria causa animal. “Muitas vezes infelizmente tem que ter a mão pesada”, lamentou.