Em vídeo, empresário critica burocracia que impede colocar indústria para funcionar

O empresário mourãoense Marcos Aurélio publicou vídeo no canal Youtube onde faz um desabafo revoltado com a burocracia no país, Estado e município. Ele diz que há quatro anos tenta colocar para funcionar a indústria farmacêutica Santa Rita de Cássia, mas o excesso de exigências e demora nas vistorias poderá fazer com que tenha que desistir da atividade e dispensar os funcionários.

A indústria produz solução fisiológica, água oxigenada, água boricada e álcool em gel e segundo ele já poderia estar faturando R$ 1 milhão. “Sou obrigado a manter oito funcionários, mas provavelmente em janeiro teremos de fechar as portas”, lamentou, ao anunciar que ingressou com mandado de segurança contra a prefeitura e também va acionar o Estado e governo federal.

No vídeo, aberto com a música Vida de Gado, de Zé Ramalho, o empresário critica as “regalias” do Congresso e a falta de autonomia da Regional de Saúde do Estado. “Governador Ratinho, Darci Piana, para que vocês querem regional de saúde aqui se não é para dar autonomia para esses funcionários poder liberar a produção?”, questiona, ao poupar das críticas os Bombeiros e o IAP.

Indignado, Aurélio percorre as instalações da empresa mostrando todas as adequações que fez no prédio e também explica sobre a utilidade de alguns equipamentos. “A parte que mais dói o coração é ter de jogar fora produtos que custaram mais de R$ 400 mil”, diz ele, ao mostrar caixas vazias. “Estou dentro da minha empresa, estou sujeito a fechar. Poderia estar faturando R$ 1 milhão por mês. Brasília demora 15 dias para responder um email”, acrescenta.  

O empresário também reclama das reprovações das vistorias realizadas.  “Me arrumaram 26 não conformidades, questionei todas elas e viraram cinco. Cada um que vem aqui escreve o que bem entende”, critica, ao mostrar documentos e laudos técnicos, que segundo ele custaram caro. 

Ele afirma que a Vigilância Sanitária do Paraná  tem apenas duas funcionárias credenciadas, em Curitiba. “E a Regional não tem autonomia para fazer nada. O município muito menos”, acrescenta. O empresário diz ainda que perdeu um contrato para fornecer álcool em gel para uma grande rede de farmácia do Rio Grande do Sul. “Tive que engolir o contrato e quase recebo um processo porque meu produto foi indeferido”, lamentou.

No vídeo ele faz várias críticas ao Congresso Nacional e ao sistema político em geral. “Isso aqui vai virar uma Venezuela se bobear. Com esse gigolô do Congresso Nacional que tem verba pra tudo. Agora vão criminalizar quem tem o ICMS atrasado mas não votam a reforma tributária”, complementa, ao anunciar que vai continuar gravando vídeos e promete entrar em repartições públicas.

PREFEITURA

No que diz respeito a prefeitura de Campo Mourão, o chefe da Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, Carlos Bezerra, explica que as vistorias para liberação de qualquer tipo de empresa é feita com base na legislação vigente. 

Segundo o prefeito Tauillo Tezelli, o empresário falta com a verdade nas acusações relacionadas ao município. “A prefeitura procura dar agilidade a todas as empresas que desejam se instalar, desde que dentro das normas legais. Abrir uma empresa para fabricação de medicamentos não é a mesma coisa que abrir uma loja de calçados, por exemplo”, observa o prefeito.

“Quem dá a autorização para o funcionamento de empresas como essa é a Anvisa. Ao município e ao Estado cabem as vistorias, conforme as normas federais, que no caso de produtos da área da saúde, tem um rigoroso processo para liberação, pois se trata de saúde humana. O município e o Estado também respondem caso infrinjam essas normas”, explicou Bezerra, ao acrescentar que tudo está documentado pelo município. O prefeito Tauillo acrescenta que quando a empresa cumpre as exigências necessárias, toda a documentação é liberada.