Escândalo: denúncias de abusos sexuais contra alunas em colégio de CM vira caso de polícia

Um escândalo envolvendo denúncias de abusos sexuais contra alunas no interior do Colégio Cívico Militar Unidade Polo, em Campo Mourão, por parte de estudantes da própria instituição veio à tona nesta sexta-feira (1), após a Polícia Militar (PM) e Conselho Tutelar serem acionados a comparecerem ao local. Pais das supostas vítimas também estiveram na Escola. Houve um princípio de confusão generalizada. Tanto a diretoria da instituição de ensino como a chefia do Núcleo Regional de Educação de Campo Mourão (NRE), informaram à TRIBUNA que abriram procedimento investigatório concomitantemente às apurações da Polícia Civil, que deverá instaurar um inquérito.

Informações apuradas e confirmadas junto à diretora do Colégio, Luciana Barandas Santinoni, a denúncia envolve pelo menos cinco estudantes acusados de serem os abusadores. Alunas informaram à reportagem que sem consentimento foram assediadas por algumas vezes por eles. “Passaram as mãos nos nossos peitos e bunda (sic)”, relatou uma estudante de 16 anos, que afirmou estar entre as vítimas. Ela teve autorização da mãe para dar entrevista a imprensa, contanto que não fosse identificada.

As denunciantes dizem ainda que os abusadores assistem vídeos pornográficos dentro da sala de aula e, inclusive, em um caso, um deles até teria se masturbado e ejaculado na perna de outra adolescente. “Já tínhamos levado a situação para conhecimento da diretoria, mas nos falaram que teríamos que ter prova e representar contra eles por assédio”, relatou.

Em outro caso, conforme as denunciantes, um dos acusados chegou a retirar a genitália para fora da calça e mostrar para uma aluna. “Sempre que sofríamos estes abusos e dizíamos que iríamos denunciá-los, falavam [os abusadores] que não tínhamos prova”, relataram. “E só nosso relato não é suficiente”, emendou.

À TRIBUNA, a diretora do colégio, Luciana Santinoni, informou que as denúncias chegaram ao conhecimento da diretoria na quarta-feira desta semana e que assim que soube da situação abriu um procedimento investigatório.

“Até então os relatos que recebemos [na quarta] era de assédio verbal. Mas assim que soubemos fizemos o registro e começamos a ouvir os meninos que são acusados. Conversamos também com os professores. Eles informaram que não identificaram situações dentro de sala de aula, já que segundo as meninas, os abusos ocorreram em sala”, informou.

Luciana disse que está apurando o caso com rigor e que se os fatos forem comprovados, os estudantes serão punidos. “Estamos acompanhando o caso com toda atenção. Comunicamos também os pais dos acusados e das meninas que se apresentaram como vítima. Se for comprovado que houve abuso, serão punidos todos os envolvidos”, ressaltou.

Prints de conversas sobre os abusos vazaram nas redes sociais, dando grande repercussão ao caso. Pais de alunas que se identificaram como vítimas compareceram ao colégio na manhã desta sexta-feira com a Polícia Militar. A diretora disse que teve de deixar os acusados fechados em uma sala de aula para proteger a integridade física deles. “Eles estão sendo ameaçados por outros alunos”, frisou, ao reconhecer a denúncia como de extrema gravidade. Ela disse que alguns dos acusados chegaram a confessar o assédio, ‘mas verbal’. “Cada uma está sedo ouvido individualmente”, ressaltou.

A chefe do Núcleo Regional de Educação de Campo Mourão (NRE), Ivete Keiko Sakuno Carlos, disse que assim que soube da situação, determinou à Ouvidoria do Núcleo à acompanhar o caso. “É uma denúncia muito grave que deve ser muito bem apurada. Acionei nossa Ouvidoria que já está acompanhando o caso”, afirmou.

Medida protetivas

A conselheira tutelar, Zilda Inglez Modena, que atendeu a ocorrência juntamente com a Polícia Militar, informou que o Conselho Tutelar está adotando medidas protetivas contra as meninas que se declararam vítimas dos abusos.

“Em um primeiro momento repassamos orientações à Escola e à própria Polícia Militar de como agir nestas situações. Encaminhamos as supostas vítimas à delegacia de Polícia Civil para o registro de boletim de ocorrência”, informou.

A conselheira disse que informará também o Ministério Público para que acompanhe a denúncia. “A Polícia Civil vai abrir um inquérito para apurar o que houve e se houve esses abusos. Se aconteceu é um crime muito grave. Nós enquanto Conselho Tutelar temos a prerrogativa de aplicar questões protetivas. E foi o que fizemos”, informou.

Zilda acrescentou que as estudantes foram encaminhadas ao CRAS para acompanhamento psicológico. “É uma denúncia gravíssima que merece todo rigor de apuração. Mas quem vai realmente confirmar o que houve será a Polícia Civil que passará a investigar o caso com a abertura de um inquérito investigatório”, afirmou.