Excesso de chuva deixa lavouras de soja em risco e preocupa produtores

As chuvas que não dão trégua desde dezembro do ano passado na região de Campo Mourão estão causando apreensão no campo. Devido o excesso de umidade, os produtores rurais não estão conseguindo fazer o manejo de aplicação de defensivos para o controle de fungos e outras pragas. 

Em algumas situações pontuais, já há registro de perdas. Conforme relatos, na região da Comcam, nos municípios de Ubiratã, Quinta do Sol e Engenheiro Beltrão, a soja está brotando ainda no pé em algumas áreas semeadas mais cedo. O Departamento de Economia Rural (Deral), núcleo de Campo Mourão, órgão vinculado à Secretaria Estadual de Agricultura, está fazendo um levantamento detalhado da situação.

“Na região de Campo Mourão, a preocupação maior é com o atraso da aplicação dos defensivos, o que está deixando as lavouras mais susceptíveis a pragas e doença”, falou João Dimas do Nascimento, técnico do Deral. Segundo ele, as perdas mais significativas no Estado estão sendo registradas nas regiões Sudoeste e Vale do Ivaí, onde a soja foi plantada mais cedo e estão prontas para colheita agora. 

O produtor rural de Campo Mourão, Gabriel Jort, tem anotado os registros de chuvas desde 1980. Segundo ele, janeiro de 2021 é o mais chuvoso em 41 anos. Até esta sexta-feira (29), o acumulado do mês atingiu 511 milímetros. A média para o mês varia entre 60 a 200 mm.

“A chuva está interferindo no tratamento da cultura para percevejo, lagarta e ferrugem asiática. Já estamos com pelos menos uma semana de atraso nas aplicações dos defensivos”, falou, ao comentar que o cenário é bastante preocupante.  Jort plantou 70 alqueires de soja. Ele disse que se a chuva continuar pelos próximos 15 dias os prejuízos serão inevitáveis. “Além de atrapalhar no tratamento da cultura, o excesso de chuva e falta de luminosidade afeta o ciclo da planta. Com o tempo nublado e chuvoso, já está começando a cair as vagens”, informou. 

O produtor Vicente Mignoso também está preocupado. Ele tem uma área de 260 alqueires de soja. Mignoso falou que com o atraso da aplicação dos defensivos a cultura está exposta a doenças e pragas. “Devido ao tempo chuvoso não tivemos janela para aplicação de fungicida. Tem 15 dias que não tivemos como aplicar. Com isso a soja fica desprotegida e a doença entra”, preocupou-se.

Mignoso informou que cerca de 60% de sua área está no estágio final de ciclo e 40% em frutificação. “Esta safra teve uma janela de plantio muito extensa. Começamos a plantar no dia 30 de setembro e terminamos no dia 15 de novembro. Normalmente a janela de plantio seria de 15 a 20 dias”, afirmou.

A Comcam tem uma área total de 690 mil hectares de soja. A produção estimada é de 2,4 milhões de toneladas da oleaginosa. De acordo com relatório do Deral, 55% da cultura estão no estágio de floração na região e 45% em frutificação. Ainda conforme os dados, 97% das lavouras apresentam bom desenvolvimento e 3% estão em condições medianas.  Até o momento, cerca de 50% da produção regional já foi comercializada antecipadamente pelos produtores, o equivalente a 1,4 milhão de toneladas.

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