Exposição ‘Caminhos da Produção Orgânica’ atrai grande público em Campo Mourão
A 1ª Exposição Caminhos da Produção Orgânica, que prossegue durante toda esta sexta-feira (16), na Praça São José de Campo Mourão, está atraindo um grande público entre estudantes, produtores da agricultura familiar, empresas de tecnologia voltadas ao setor de orgânicos, instituições financeiras e comunidade em geral. A expectativa dos organizadores é que mais de três mil pessoas de toda a região visitem a feira.
O encontro regional foi aberto às 8h30 e prossegue até às 19 horas. Até feira com a comercialização de produtos orgânicos está sendo promovida no local. O evento é organizado pelo núcleo regional do Ministério Público Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo (Gaema), em parceria com instituições públicas e privadas, como IDR-Paraná, Centro Universitário Integrado, Unespar, Colégio Agrícola, entre outros.
Na parte da manhã a exposição foi voltada ao público em geral. Já agora à tarde está sendo aos produtores rurais, que receberão informações mais técnicas sobre a cadeia produtiva de orgânicos. A Promotora de Justiça, Rosana Araújo de Sá Ribeiro, coordenadora regional do Gaema, informou que o principal objetivo do encontro é disseminar informações técnico-científicas sobre a produção orgânica aos produtores e conscientizar a população sobre a produção sustentável.
Ela fez uma avaliação bastante positiva do encontro. “São várias instituições de ensino presentes, empresas do setor de tecnologia que trabalham no sentido de produzir com sustentabilidade ambiental, e os produtores que estão na ponta do sistema de produção”, avaliou. Municípios da região encaminharam ônibus escolares com caravanas de estudantes, desde crianças a adolescentes. “A presença deste público é muito importante porque se trata de educação ambiental. É também um ato de cidadania”, afirmou Rosana.
Durante a feira estão sendo promovidas exposições técnicas, exposição de polonização de abelhas, conservação de minas, estradas, métodos da produção orgânica, comercialização, caminhos de produção, entre outros. Seis estandes estão instalados no local com os temas: Políticas públicas e assistência técnica para a produção orgânica (Instituto do Desenvolvimento Rural do Paraná e Município); Biodiversidade: agroecologia (universidade e faculdades); Certificação e capacitação ( Instituto do Desenvolvimento Rural do Paraná e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural); Assistência técnica e alternativas orgânicas para produção; Linhas de crédito e agentes financeiros (Banco do Brasil, Sicredi, Sicoob, Caixa Econômica Federal); e Rodada de negócios e comercialização (Ceasa, Coafcam, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Adapar).
O gerente regional do IDR-Paraná, núcleo de Campo Mourão, Jairo Quadros, comentou que durante a exposição o visitante tem a condição de receber informações sobre quem são os responsáveis por projetos de produção, importância da assistência técnica, quem certifica estes alimentos, entre outras. “É importante frisar que há uma demanda muito grande da sociedade pela produção de alimentos seguros e alimentos orgânicos”, disse.
A demanda por produtos orgânicos é bastante grande conforme Quadros. Até 2023, o Paraná, por exemplo, quer que 30% da merenda escolar servida aos alunos seja orgânica. E 100% até 2030. “Se pensarmos que somente em Campo Mourão temos 22 mil pessoas aproximadamente que precisam consumir todo dia, o volume a ser produzido é muito grande. Por isso estamos treinando e orientando estudantes de colégios e faculdades que são as pessoas do futuro e darão continuidade ao sistema de produção”, acrescentou.
Líder na produção de orgânicos
O coordenador do programa de Agroecologia do IDR-Paraná, André Luiz Alves Miguel, informou que o Paraná é líder em número de agricultores orgânicos no Brasil. Está, atualmente, próximo de chegar a 4 mil agricultores certificados. Segundo ele, a cada quatro ou cinco anos este número dobra, um crescimento anual em torno de 16%.
O coordenador informou que o Estado possui regiões bastante tradicionais na produção orgânica como a região metropolitana de Curitiba, que tem um público consumidor bastante grande. No norte pioneiro, região de Londrina, o IDR-PR conseguiu estruturar nos últimos seis anos um polo de produção de hortaliças de frutos, destinando produtos principalmente ao estado de São Paulo.
O Instituto tem ainda outras experiências envolvendo fruticultura, afirmou Miguel. “A gente tem visto que agricultura orgânica tem avançado para outras regiões do Estado que já tem outra agricultura consolidada, como o caso da região de Campo Mourão com processo de cooperativismo envolvido. A gente tem enxergado que é possível aumentar na sustentabilidade da produção agrícola, e a produção orgânica vem para contribuir com isso”, afirmou.
Junto a crescente demanda por produtos orgânicos, aumenta também as certificações que agregam valor à produção, aumentando consequentemente a renda a quem produz. Isso reflete na qualidade de vida do produtor. “Somado a isso conseguimos juntar a questão da sustentabilidade ambiental, reduzindo uso de agrotóxico e insumos. Ou seja, no final temos um processo que trabalha questões sociais, ambientais e econômicas”, argumentou o coordenador.
Conforme Miguel, a pandemia reforçou a tendência de preferência pela população por alimentos orgânicos. No período, segundo ele, as pessoas buscaram alimentos mais seguros buscando preservar a saúde. “O IDR-Paraná vem trabalhando para conseguir estruturar trabalhos que a gente consiga fornecer alimentos locais de qualidade à população, mas também gerar renda aos produtores. E temos conseguido também projetos até com exportação de alimentos orgânicos para a União Europeia, Estados Unidos e China”, observou.