Gallassini avalia como positivo volume de recursos do Plano Safra 2022/23, mas atenta para juros altos

O presidente do Conselho de Administração da Coamo, José Aroldo Gallassini, fez uma avaliação positiva do volume de recursos do Plano Safra 2022/2023 no valor de R$ 340,88 milhões, 36% superior ao plano anterior, anunciado pelo governo federal. No entanto, ele atenta para a alta taxa de juros principalmente às cooperativas e grandes produtores.

Este é o maior valor da história para esse tipo de pacote de incentivo ao agronegócio nacional. O calendário já está valendo desde o dia 1º deste mês. Em entrevista ao jornalista Ilivaldo Duarte, no “Momento Coamo”, canal da cooperativa no YouTube, Gallassini comentou que havia uma expectativa do setor de que o governo fosse demorar mais para anunciar a medida.

“Ficamos felizes por ainda ter anunciado a tempo. O volume é significativo. Ficou muito bom. Mas se perguntar se vai sobrar ou vai faltar a gente não sabe. Se você olhar o que os insumos subiram foi muito mais que estes 36%, aumentaram, inclusive até 100%”, observou Gallassini.

Segundo Gallassini, outro fator positivo foi o aumento de verbas para os programas destinados aos pequenos e médios produtores. Por outro lado, ele ressaltou que as taxas de juros ficaram um pouco acima do esperado para as cooperativas e produtores de maior porte, especialmente em relação às linhas de investimentos.

As taxas de juros para as linhas de custeio e comercialização vão variar de 5,0% a.a. a 6,0% a.a. no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf); será de 8% no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) e de 12% a.a para os demais produtores. Já nos programas de investimento, o índice varia de 7% a.a a 12,5% a.a, dependendo do enquadramento.

“O juro para o grande produtor ficou pesado. A maior parte, inclusive, do plano safra será financiado por eles. Mas se os preços continuarem bons, ele se paga. Mas a gente não esperava que atingisse tão perto da Taxa Selic que está 13,25%. Mas está definido e temos que enfrentar”, frisou.

O presidente alerta aos cooperados para que se apressem em fazer os pedidos de insumos junto à cooperativa. “Quanto antes o cooperado se interessar em financiar melhor é. Quem chegar primeiro leva. Se faltar alguma coisa no fim, os que vão pedir, se isso acontecer, talvez o juro não seja o mesmo. Então quanto antes financiar melhor”, afirmou.

Do total de R$ 340,88 bilhões anunciados pelo governo federal, R$ 246,28 bilhões serão para custeio e comercialização, uma alta de 39% em relação ao ano anterior. Outros R$ 94,6 bilhões serão para investimentos (+29%). Os recursos com juros controlados somam R$ 195,7 bilhões (alta de 18%) e com juros livres R$ 145,18 bilhões (alta de 69%). O montante de recursos equalizados cresceu 31%, chegando a R$ 115,8 bilhões na próxima safra.

O presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette, também avaliou positivamente o volume de recursos disponibilizado neste ano safra. Ele foi outro que chamou a atenção para as altas taxas de juros. “Produtividade se constrói com planejamento e previsibilidade. Se o setor agropecuário sabe o quanto terá à disposição para contratar crédito, fazer o seguro rural, pode se dedicar ao seu trabalho de alimentar o mundo. Esse plano superou nossas expectativas, com a previsão de valores mais robustos do que aqueles disponibilizados nos anos anteriores. O que chamou nossa atenção, porém, foi o aumento nas taxas de juros. A Faep já esperava esse aumento, mas não imaginava que ultrapassaria os dois dígitos, como no caso dos programas Moderfrota, Procamp Agro, Moderagro e Inovagro”, observou.