Geada forte atinge lavouras de milho na região e deixa prejuízos

A forte geada de terça (29) e esta quarta-feira (30), atingiu áreas de produção do milho safrinha na região da Comcam, deixando prejuízos aos produtores rurais. Áreas de pastagens e plantações de hortaliças também foram severamente prejudicadas.

“Atingiu 100% da lavoura. A intensidade das perdas ainda sabemos, mas a princípio perdeu quase tudo. Não sei se vai sobrar alguma coisa”, relatou o produtor rural de Campo Mourão, Vicente Mignoso. Ele disse que acionará o seguro rural devido a extensão do prejuízo.

Mignoso comentou que por volta das 5 horas, o termômetro, no barracão, em área coberta marcava -1ºC grau. Sua propriedade fica localizada próximo ao Barreiro das Frutas. “Fazia uns 10 anos que não geava tão forte assim. A geada pegou a lavoura parelho, tanto nas baixadas quanto nas áreas mais altas”, informou. “É triste ver esta situação. Não é só a lavoura, é todo um trabalho perdido”, lamentou o agricultor.

Mignoso plantou 90 alqueires de milho, segundo ele, cerca de 30% da cultura estão na fase de maturação e 70% em frutificação, estágio mais susceptível da cultura. Ele estima uma perda de 30% somente com a estiagem. Agora, com a geada, acredita que ultrapassará facilmente de 70%. “Em 2020 colhemos mais de 200 sacas por alqueire, este ano, com certeza será menos da metade”, prevê.

O engenheiro agrônomo, Lucas Gouvea Vilela Sperandino, chefe do Departamento de Suporte Técnico da Coamo, informou que a geada foi de média e alta intensidade. Conforme o agrônomo, o milho segunda safra foi atingido pelo fenômeno praticamente em toda área de ação da Coamo, desde Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. “Só em torno de sete a dez dias poderemos mensurar a quantificação de perdas. Mas de imediato vai afetar sim a situação do milho”, disse.

Sperandino informou que na área de atuação da Cooperativa, em torno de 73% cultura do milho encontra-se na fase de frutificação. “A geada poderá prejudicar no aspecto de enchimento do grão. Ou seja, poderá ter um grão mais chocho e com menos peso, o que refletirá na produtividade. Menos pior do que se tivesse atingido a cultura na fase vegetativa ou florescimento. Aí os danos seriam mais severos com risco de 100% de perdas”, explicou.

O agrônomo comentou que as lavouras semeadas mais tardiamente foram as mais afetadas.  “O produtor que plantou mais tarde o prejuízo será maior já que o milho se encontra em uma fase mais inicial de desenvolvimento”, afirmou.

Área com milho na Comcam

De acordo com levantamento da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (SEAB), a área total de milho na Comcam é de 421.670 hectares. A produção inicial estimada é de 2.403.519 toneladas, mas depois das fortes geadas, deverá reduzir significativamente. Deste total, 1% está na fase de floração; 30% em frutificação e  69% no estágio de maturação.

Na região, historicamente, as perdas mais significativas do milho, com geadas, costumaram ocorrer nas cidades de Luiziana, Iretama, e Roncador, onde o plantio é concluído mais tardiamente em relação a outras cidades. Há produtores, nestas cidades, que estão com praticamente 100% da lavoura iniciando o estágio de frutificação.

Pecuária

A pecuária leiteira e de corte também deverá ser prejudicada, já que a forte geada atingiu severamente os campos de pastagens, que servem de alimentação para o gado.  O agropecuarista de Iretama, Wilson Pereira de Godoy, comentou que no município, onde a pecuária se destaca na região, geou forte, prejudicando o pasto.

“O produtor que não se planejou para um manejo de alimentação no inverno será muito prejudicado, principalmente quem atua no setor leiteiro”, comentou o agropecuarista. Segundo ele, há mais de cinco anos não geava tão forte no município.

Trigo

Em contrapartida, a geada desta semana foi benéfica para o trigo, que além do clima mais seco suporta o frio. As lavouras, que já vinham sendo beneficiadas pelas chuvas dos últimos dias, estão em pleno desenvolvimento vegetativo na região. A geada vai limpar também o campo e acabar com as pragas próprias desta época.