Getulinho deixa a vice-presidência da Santa Casa de Campo Mourão

Desanimado especialmente com a falta de atendimento do governo do Estado a necessidades ligadas ao repasse de recursos financeiros, o vice-presidente da Santa Casa de Campo Mourão, Getulio Ferrari Junior, mais conhecido como Getulinho, deixou nesta semana a vice-presidência do hospital. A diretoria já havia cogitado entregar os cargos durante reunião do Conselho de Desenvolvimento de Campo Mourão (Codecam), recentemente, e também em recente reunião em Curitiba com o secretário estadual da Saúde, Beto Preto.

Pedi afastamento porque não estamos conseguindo dar conta de atender a Santa Casa como deveria. O governo não está atendendo a demanda do hospital e quem sofre com isso é o povo. Já nos reunimos com o governo um monte de vezes e fica só na promessa e nada acontece, desabafou.  Getulinho, disse que vai se dedicar agora aos negócios da família. Ele é produtor rural. 

O ex-vice-presidente entregou a carta de desligamento à diretoria do hospital no início desta semana. No documento ele justificou também que em função do cargo ocupado está tendo suas atividades particulares prejudicadas. Quero agradecer a oportunidade de ter participado da gestão anterior e por um período desta gestão, diretoria a qual tenho certeza que pode contribuir e muito ainda para o grande desenvolvimento da Santa Casa de Campo Mourão, disse no documento. 

Ele comentou que mesmo como desligamento não irá se furtar continuar contribuindo com a Santa Casa. É claro que vou continuar ajudando, mas não quero ficar na diretoria porque a cobrança é maior e da situação como o governo está tratando o hospital não estou a contento, falou, ao comentar que a reponsabilidade do hospital é da diretoria independente de o Governo ajudar o não. 

Getulinho desabafou que o Governo do Estado está tratando a Santa Casa como um ‘hospital de fundo de quintal’. E não é isso, o hospital tem uma grande importância regional, mas infelizmente depende do apoio perverso do poder público, neste caso especialmente do Estado, disse. O Governo tem que dar atenção que precisa, mas pelo que percebi nas reuniões em Curitiba ele não está nem aí com o hospital, falou que a responsabilidade é da diretoria, desabafou. 

Em recente entrevista à TRIBUNA, Getulhinho pediu maior apoio da região à causa do hospital. Se os 25 prefeitos forem a Curitiba ajudar cobrar a pressão é maior, falou na ocasião. Segundo ele, da forma como o governo quer repassar os recursos não resolve o problema. A Santa Casa precisa de dinheiro para custeio, para pagar as despesas de manutenção do hospital, mas o Estado só repassa pelo sistema de produção, ou seja, só paga serviços produzidos”, sintetizou. 

Esse sistema, segundo ele, inviabiliza a gestão porque o dinheiro vem na conta do município, que é gestão plena na Saúde e pode ser usado também por outro hospital que apresente a produção. Outro empecilho é que o governo federal tem um teto limitador para pagamento de AIHs (Autorização de Internamento Hospitalar). Ou seja, procedimentos que passarem do teto, o governo federal não paga. Já pedimos o aumento do teto, mas em Brasília é a mesma enrolação, criticou.

Além disso, segundo Getulinho, o Estado atrasou em quase três meses o repasse do convênio do Hospsus. E para piorar, quase R$ 400 mil desse repasse já fica retido na Caixa para pagamento de juros da dívida da Santa Casa, que hoje está em quase R$ 17 milhões.

Na reunião em Curitiba a diretoria propôs ao governo que coloque pelo menos R$ 1 milhão no orçamento do Estado para custeio da Santa Casa. O Estado tem que entender que o hospital existe para salvar vidas, é um serviço de primeira necessidade. Ficar mandando dinheiro para fazer obra de ampliação e não mandar para manutenção em vez de melhorar, piora a situação, observou Getulinho. 

A diretoria também reclama da demora para o atendimento da solicitação de credenciamento de novos leitos de UTI, que atualmente são 13. Segundo a direção, o hospital precisaria de pelo menos 25 UTIs. Mas é uma burocracia infernal, uma morosidade, ninguém define nada, lamentou o ex-vice-presidente.