Grupo médico de Campo Mourão chega ao RS carregando esperança
Eles são bastante jovens. Todos ainda estudantes de medicina do Centro Universitário Integrado. Mas carregam consigo uma vontade enorme em ajudar. De estender as mãos. A necessidade de serem voluntários é tanta que, na manhã dessa terça-feira (14), partiram de avião, rumo ao Rio Grande do Sul, para colaborarem com as vítimas da tragédia. Uma catástrofe gigantesca. Que parece não ter fim. Mas que vai diminuindo a cada abraço. A cada doação. A cada gesto de solidariedade.
Taynara Eletra, Luiz Guilherme Black, João Pedro Colombo, Daniel Uber e Ana Clara Moraes Daleffe pertencem às turmas 2 e 3 de medicina. Juntos, deixaram Campo Mourão por volta das 8h. Mesmo o céu bastante fechado não foi o suficiente para afugentá-los. Além deles estava o médico Mario Moletta. Os seis fazem parte do projeto “Humanika”, desenvolvido pelo Centro Universitário Integrado de Medicina, cujo principal objetivo é levar atendimento médico aos locais menos assistidos do país. E sempre deu certo.
Prestes a se formar, a estudante de medicina Ana Clara é mais uma vez, voluntária do projeto. Antes disso, já esteve duas vezes em Roraima. Convidada para ajudar às vítimas do Rio Grande do Sul, não pensou duas vezes. E nem mesmo as dores, coceiras e febre da dengue – que contraiu há uma semana -, fizeram com que desistisse. “Não podia ficar em casa. Assistindo aos noticiários vi que eles precisam da gente. Aliás, precisam de todo o país. Temos uma missão importante. E vamos ajudar no que for preciso”, disse.
Além da ajuda disposta, o grupo também levou no avião uma grande quantidade de remédios. Todos comprados a partir de uma campanha de arrecadação de dinheiro, realizada pela Associação dos Engenheiros Agrônomos de Campo Mourão. Foram quase R$ 23 mil arrecadados. A ajuda também foi composta pelo Paraná Supermercados (produtos limpeza, higiene pessoal e alimentos), Armarinhos Continental (roupas, toalhas, cobertores), e CampoPlastic (sacos de lixos, marmitas), enfatizou o presidente da associação, Fernando Mignosso.
O avião tinha destino na pista da cidade de Garibaldi. Mas devido às péssimas condições do tempo, pousaram em Caxias do Sul. Lá, dois outros voluntários, Cristian Horbach e Guilherme Berizzollo, amigos do médico Mário Moletta, já aguardavam o grupo. Então, os levaram de carro até o município de Encantado, onde farão os atendimentos médicos. Todos ficarão em abrigos, junto à população atingida pela enchente.
Primeira missão ao RS aconteceu há uma semana
Esta é a segunda equipe do “Humanika” a chegar ao Rio Grande do Sul. A primeira partiu à Canoas há uma semana. O grupo foi com uma UTI móvel e uma infinidade de materiais de primeiros socorros. De acordo com um dos coordenadores do projeto, Matheus Del Cistia, a ambulância contava com muitos recursos para um atendimento avançado, principalmente, em casos graves.
“O objetivo neste primeiro momento é contribuir com as vítimas e tentar auxiliar a equipe de saúde local, que está com muitos furos na escala. E na cobertura dos plantões de emergência nas unidades de saúde que ainda restam”, explicou. Para ele, mais do que ajuda em si, o “Humanika” pretende levar esperanças a uma população que quase nada mais tem.