Há algo de novo no Museu Municipal

Há algo de novo no Museu Municipal Deolindo Mendes Pereira. A reabertura oficial, na última quinta, apresentou o respeito às pessoas excluídas ou, simplesmente, perseguidas pelo preconceito. E sim, a partir de agora, além de todo o resgate histórico do município, o espaço conta com uma sala voltada à gente. Gente desconhecida, ou não, que deixou sua marca. São trabalhadores anônimos, em vulnerabilidade social, comunidade LGBTQIA +. E lá, em uma de suas paredes, estampa a vida de Manoela, a primeira travesti da cidade. Uma bela homenagem em vida. Comunicada da honraria, ela visitou o espaço.

Manoela foi levada pelo pastor Adão Adriano, coordenador da Comunidade Salvando Vidas. Há um mês, após passar por problemas de saúde, ele a acolheu na entidade. “Nunca vi ninguém tão feliz. Quando entramos no espaço e ela viu a sua foto, achei que ia enfartar. Ela ficou muito contente com a homenagem”, afirmou.

Coordenador do museu, o historiador Jair Elias explicou que, ao mesmo tempo em que o espaço foi fechado para reformas, uma comissão também decidiu por mudanças. “Uma comissão definiu novas salas do museu. E escolhemos a Manoela devido a uma reportagem em que ela saiu na Tribuna. Trata-se de uma sala com o objetivo de homenagear aqueles que são silenciados e perseguidos. Mas agora, passam a serem representados”, disse.

Fechado em março, o museu foi reaberto na última quinta. De acordo com Elias, uma ampla reforma aconteceu. O prédio recebeu nova fiação elétrica, assim como um forro com manta térmica, contra risco de incêndios. “Também fizemos uma raspagem nas paredes externas do imóvel a fim de encontrar a cor original dele. Assim, resgatamos a cor original”, disse.

História

Na segunda metade da década de 1970, a comunidade mourãoense sentiu a necessidade de ter um museu. A ideia nasceu nas comemorações do aniversário da cidade, em 1977. Então, em 19 de março de 1978, foi fundado o Museu Histórico de Campo Mourão, reunindo as primeiras peças para a composição do seu acervo. A primeira sede do Museu foi na Biblioteca Pública Municipal, que funcionava em um prédio público na rua Francisco Albuquerque.

Com a ampliação do acervo, o Museu passou a funcionar, a partir de 84, dentro das dependências da Casa da Cultura. Em 1991, recebeu o nome de “Museu Municipal Deolindo Mendes Pereira”, em homenagem ao descendente da primeira família que se estabeleceu em Campo Mourão, em 1903. E que colaborou com o enriquecimento da história local.

No ano 2000, foi locada pela Fundação Cultural uma residência nas proximidades da Casa da Cultura para servir de sede do Museu. Em 19 de dezembro de 2003, durante as comemorações do Sesquicentenário do Paraná, o prédio atual, localizado na Avenida Capitão Índio Bandeira, esquina com o Colégio Santa Cruz, foi oficialmente destinado para abrigar o Museu Municipal “Deolindo Mendes Pereira”.