Justiça Restaurativa faz formação de 48 educadores para trabalhar conflitos

O projeto Justiça Restaurativa fez a entrega de certificados de formação para 48 professores dos colégios estaduais de Campo Mourão, Antônio Teodoro de Oliveira e Oswaldo Cruz. A solenidade foi realizada no final da tarde dessa quinta-feira (27), na sede do Núcleo Regional de Educação (NRE), reunindo professores e diretores das duas escolas e Poder Judiciário.

De acordo com o instrutor do projeto, Fabiano França, agente de segurança do Centro de Socioeducação (CENSE), a formação foi viabilizada em parceria entre o Comitê Municipal de Socioeducação e o Núcleo Regional de Educação. Essa formação vem trazer uma maneira diferente de lidar com conflito de forma preventiva e lidar com o conflito seja na sala de aula ou no ambiente escolar, disse.

Segundo França, os 48 professores que fizeram a formação irão trabalhar com a metodologia ‘círculo de diálogo’ dentro de sala de aula. O círculo de diálogo é uma metodologia que exercita o diálogo. O diálogo hoje que a gente exerce é superficial, não vem atender uma necessidade só de escuta, é muito mais de fala. Todo mundo quer falar, mas ninguém quer escutar. Essa é uma metodologia que, praticada pelas escolas, previne os conflitos porque atende as necessidades dos estudantes, explicou.

Foram nove encontros para a formação, que iniciaram em abril, sendo encerrados somente agora no mês de junho. Temos uma perspectiva de difundir essa prática da Justiça Restaurativa para demais escolas, ressaltou França, ao comentar que a metodologia é uma técnica de resolução de conflito incentivada pelo Poder Judiciário. Ele acrescentou que durante os encontros foram abordados temas como comunicação não violenta, maneira de ser de cada um, valores da Justiça Tradicional e Justiça Restaurativa, técnica de resolução de conflitos, metodologia círculo de diálogo, entre outros.

O diretor do Colégio Estadual Antonio Teodoro de Oliveira, Geraldo Teixeira, comentou que a formação fará a diferença na instituição. Para nós do colégio, a formação será de grande valia principalmente para evitar conflitos, saber entender e compreender o comportamento do ser humano fará toda diferença, falou. A unidade atende 850 alunos e conta com cerca de 100 profissionais, entre professores e funcionários em geral.

O professor Evaldo Bertoldi, que trabalha no Colégio Oswaldo Cruz, foi um dos educadores que participou da formação. Ele destacou a importância do curso. O que acontece neste curso é uma preparação para aquilo que temos dentro da escola hoje. Nós vivemos muitos conflitos. Este curso vem dar os instrumentos para a gente fazer o trabalho junto com a equipe pedagógica na escola para os nossos alunos, disse, ao destacar a necessidade de o projeto ser levado a professores de outras instituições de ensino. Para nós fará uma diferença muito grande porque principalmente além do nosso trabalho na escola com os alunos, este curso nos ajuda como seres humanos, destacou.

O juiz da Vara da Infância de Campo Mourão, Edson Jacobussi Rueda Junior, que também é facilitador, destacou durante a solenidade de entrega dos certificados a importância de os educadores colocarem na prática a formação. Estou ansioso para saber os resultados e principalmente se irão colocar isso na prática, e espero que coloquem. Este é o primeiro passo, falou, ao comentar que dentro do Poder Judiciário existem bons resultados em resposta de resolução de conflitos com o projeto Justiça Restaurativa.

Já a professora Ivete Keiko Sakuno, chefe do Núcleo Regional de Educação de Campo Mourão, afirmou que o programa, se colocado em prática, fará a diferença no ambiente escolar. Só acredito nos cursos quando eles fazem diferença na vida da gente, quando faz transformar a pessoa e tenho certeza que realmente estes conteúdos trabalhados são conteúdos de transformação de pessoas, para que nos tornemos melhores humanos e melhores profissionais a trabalharem com nossos alunos, frisou.

Técnica restaurativa

As técnicas restaurativas de solução de conflitos no ambiente escolar no país foi uma iniciativa do Poder Judiciário para promover a paz e evitar que novos processos judiciais nasçam desses conflitos. A prática da Justiça Restaurativa é incentivada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por meio do Protocolo de Cooperação, firmado em agosto de 2014 com a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB)

Comarcas em diversos Estados já aplicam a mediação e os chamados círculos restaurativos em conflitos escolares. Ela foi iniciada em São Paulo com a figura do professor-mediador, cuja função, exclusivamente, era cuidar da boa convivência de todos no ambiente escolar.

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