Lobo-guará invade 11º BPM e mobiliza equipes para captura

Um lobo-guará, símbolo da cédula mais valiosa no Brasil, invadiu a sede do 11º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Campo Mourão na madrugada desta quinta-feira (24). O animal está estampado na nota de R$ 200. O bicho foi encontrado na sala do setor administrativo pela manhã por policiais militares que chegaram ao trabalho e se depararam com o ‘visitante’.

Câmeras internas de segurança registraram que o lobo foi ‘acuado’ por cães de rua que ficam no batalhão, fugindo para o interior do prédio. Equipes da Polícia Militar, Força Verde e Instituto da Água e Terra se mobilizaram para a captura do animal. Uma equipe do IAT de Umuarama, habilitada para o resgate desta espécie, também chegou a ser acionada.

O trabalho de resgate durou praticamente a manhã toda. Após muita paciência e insistência, os agentes envolvidos no resgate conseguiram fazer com que o bicho entrasse no camburão de uma viatura. Todo o processo foi acompanhado por veterinários da Clínica do Centro Universitário, que faz atendimento a animais silvestres capturados pelas Forças de Segurança. Após contido, o lobo foi encaminhado à clínica da Universidade onde passará por avaliação médica veterinária para posteriormente ser devolvido ao seu habitat.

O lobo-guará é um canídeo. É classificado pelo Ministério do Meio Ambiente como uma espécie vulnerável, está em uma lista de animais ameaçados de extinção, devido à intervenção humana. Outro risco está nas rodovias; há diversos registros deste animais que morreram atropelados. Há mais de duas décadas, a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, em inglês) classifica o lobo-guará como uma espécie “quase ameaçada”.

Perda de habitat

Estudos apontam que cerca de 60% dos lobos-guarás no Brasil estão concentrados no Cerrado. Eles também estão presentes em áreas desmatadas da Mata Atlântica, além do Pantanal e os Pampas (em parte do RS). No bioma em que há maior presença dos lobos-guarás é também onde existe maior expansão do agronegócio brasileiro.

O desmatamento no Cerrado traz mudanças intensas aos lobos-guarás. As áreas em que eles vivem foram tomadas por setores da economia, como a agricultura. Isso descaracteriza o bioma. Essas regiões se tornam pasto, cana ou soja ‘expulsando’ os animais de seu habitat natural.

Especialistas apontam que, diante dos frequentes problemas causados por intervenção humana, a população de lobos-guarás no Brasil reduziu cerca de um terço nas últimas duas décadas. A estimativa atual, segundo estudiosos, é de que haja cerca de 24 mil animais no Brasil, que correspondem a cerca de 80% da população mundial — eles também estão em países como Argentina, Uruguai, Bolívia e Peru.

O lobo-guará é também chamado de guará, aguará ou lobo-de-crina. É o maior canídeo da América do Sul, podendo atingir entre 20 e 30 quilos de peso e até 90 centímetros na altura da cernelha. Suas pernas longas e finas e a densa pelagem avermelhada lhe conferem uma aparência inconfundível.