Lodo de esgoto da Sanepar beneficia agricultores de Campo Mourão

Há 10 anos a Sanepar mantém um programa de utilização do processo de tratamento do esgoto doméstico para servir de adubo e melhorar as condições do solo para a agricultura. Em Campo Mourão o trabalho é realizado nas duas estações de tratamento de esgoto (Rio Km 119, nos fundos do Jardim Santa Cruz e Rio do Campo – fundos do Conjunto Avelino Piacentini). Todo o processo demora cerca de seis meses e a Sanepar entrega o produto na propriedade. O único custo do agricultor é a aplicação no solo.

O gestor do processo de esgoto da Sanepar na regional de Campo Mourão, Ronaldo Maximiano de Lara, explica que o processo de tratamento de esgoto resulta em dois resíduos. O líquido é devolvido ao rio, conforme as normas ambientais. Já o sólido, depois de seco, é misturado com cal para fazer a cura, depositado em barracões e depois de pronto é disponibilizado para a agricultura, após análise técnica do solo, realizada por um engenheiro da Sanepar.

A gente transforma toda a descarga que recebe das residências num produto que vai ajudar a suprir alguns tipos de deficiência no solo, como um fertilizante. Aqui todo o lodo é aproveitado e em vez de ir pro aterro vai para a agricultura”, explica Ronaldo.

Seguindo restrições da legislação brasileira, no Paraná é proibido o uso em hortas, tubérculos, raízes e culturas inundadas, bem como em áreas de integração de lavoura, pecuária e floresta, por exemplo. O mais indicado é para soja e milho e deve ser aplicado no máximo em 30 dias porque não pode ficar exposto na natureza.

Por ano são produzidas cerca de 800 toneladas na estação do Santa Cruz e Rio do Campo. Agricultores interessados podem fazer cadastro na gerência da Sanepar. Um engenheiro fará a análise do solo. “Não importa o tamanho da propriedade, só não pode ser aplicado próximo de água ou local onde ficam animais”, orienta Ronaldo. Segundo ele, vários produtores já foram atendidos. “A lista de espera é maior que o de atendidos”, enfatiza.

Além de Campo Mourão, as regionais da Sanepar de Umuarama, Maringá e Paranavaí também têm o uso agrícola do lodo como destinação prioritária. Juntas, elas representam quase 40% de todo o lodo destinado pela Sanepar no Estado para a agricultura nos últimos quatro anos. Somente em 2020, mesmo com a pandemia, foram disponibilizadas 3.644 toneladas de lodo, por meio de 27 projetos agronômicos com planos de manejo de 506 hectares.

“Este Programa, além de atender a Política Nacional de Resíduos Sólidos, contempla os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU”, explica o gerente regional da Sanepar em Maringá, Vitor Alecio Gorzoni. Maringá é atualmente a região que mais destina lodo no interior do Paraná.

O Paraná adota critérios bastante restritivos para a distribuição do produto, para evitar riscos aos agricultores e ao meio ambiente. “Isso implica em questões sanitárias, ambientais e agronômicas que resultam em cidades mais sustentáveis e campos mais produtivos”, ressalta o agrônomo da Sanepar responsável pelo Programa na região Noroeste, Marco Aurélio Knopik.

Ele afirma que a maior concentração de nutrientes no lodo refere-se ao carbono, seguido de cálcio e magnésio. O material também apresenta concentrações consideráveis de fósforo, enxofre, além de micronutrientes, como zinco e cobre. A higienização do lodo, realizada com cal virgem, faz dele também um excelente corretivo de solo, podendo substituir até 100% do uso do calcário.