Luciana precisa de ajuda para ‘resgatar’ o filho das ruas de Portugal

Uma mãe desesperada. Cujos dias se transformaram em pesadelo. E a distância do filho, em aflição. Assim tem sido a vida da Técnica de Enfermagem, Luciana Woinarski. Residente em Campo Mourão, ela passa por um drama sem precedentes. E precisa “resgatar” o filho, Eduardo, das ruas de uma cidade de Portugal, onde ele se transformou, segundo ela, em uma espécie de andarilho. A bem da verdade, um invisível, guiado pelo mundo dos entorpecentes e cego diante da própria realidade.

A história de Eduardo começou por volta de 2013, quando ainda morava em Campo Mourão. Período em que andou com pessoas erradas, adentrando a um mundo escuro e quase sem voltas. Agora como um dependente químico, Luciana, a mãe, e Celso, o padrasto na época – hoje eles estão separados -, buscaram saídas de emergência. E o internaram numa clínica. Ao sair da unidade, já aos 18 anos, o casal achou por bem afastá-lo da cidade. Para eles, seria uma maneira de recomeçar, principalmente, ao mantê-lo distante de um mundo e realidades já “contaminadas”. Então compraram passagens à Portugal. E Eduardo embarcou em 2015.

Em Barreiro, cidade litorânea de Portugal com cerca de 63 mil pessoas, Eduardo passou a morar na casa de um outro mourãoense, também filho do padrasto, Celso. Como uma espécie de irmão de coração, Eduardo teve casa, comida e carinho. Logo arrumou emprego como Sushiman em um restaurante local. E tudo ia bem. Principalmente, com o seu afastamento das drogas.

Ambientado na cidade portuguesa, Eduardo teve pelo menos dois relacionamentos. E deles, dois filhos. Com a primeira namorada portuguesa chegou a morar três anos. Já a segunda, cinco meses. Mas as coisas já andavam fora do prumo. Eduardo havia recaído. As drogas haviam retornado ao seu mundo. Agora, estava vulnerável, mais uma vez, como uma pipa em meio a um furacão. E mesmo tentando ajudar o companheiro, a mãe do seu segundo filho não aguentou a pressão. E o deixou.

Luciana conta que praticamente todas as pessoas que conviveram com o filho, em Portugal, tentaram, de alguma forma, ajudá-lo. Um deles teria sido o próprio patrão, o dono do restaurante em que trabalhou por quase sete anos. “Ele gostava muito do meu filho. E o internou em uma clínica de lá por seis meses. O tratamento era bastante caro”, disse ela. No entanto, a paciência chegou ao limite. E Eduardo acabou demitido há cerca de 40 dias.

Vivendo em um mundo paralelo, Eduardo também acabou afastado do convívio com o “irmão”. É que a dependência ditava os caminhos. E ao mesmo tempo, surgiam escolhas erradas e um comportamento intempestivo. Agora, o rapaz dócil e educado, havia se transformado em um tormento à todos aqueles que um dia o ajudaram. Eduardo passou a ficar sozinho. E nas ruas.

Em um áudio enviado de Portugal, Luciana soube que Eduardo estava em situação de rua. Já estava 10 quilos mais magro e cheirando mal, devido a precária condição de higiene. Além disso, estaria fazendo pequenos bicos para conseguir se alimentar.

Há alguns anos, Luciana foi a Portugal visitar o filho. “Naquela época ele estava bem. Trabalhava e mantinha uma vida normal. Mas hoje, sei que não está bem. Está morando na rua. Virou um andarilho”, disse ela. Para piorar, só tem notícias dele através de traficantes, que ligam ao Brasil, insistentemente, exigindo dinheiro. “Nos últimos 10 meses mandei R$12mil. E não tem fim. Traficante que liga a meia noite, duas da manhã. Esses dias soube que ele apanhou de traficantes. Quebraram três costelas dele. É só Deus pra me ajudar. Minha vida virou um inferno”, disse.

Luciana e o padrasto, Celso, são unânimes: Eduardo sempre teve um excelente caráter. É um sujeito bastante educado. Mas doente pela sua dependência química. E por isso, acreditam que mereça uma nova chance. “Fui casado com a mãe dele por 18 anos. O considero como um filho. Ele é um menino do bem. Mas está doente. Merece outra chance na vida”, disse Celso.

Diante do drama em que vem passando, Luciana deseja ir a Portugal e trazer o filho de volta ao Brasil. Mas ela não tem recursos. Há alguns dias, uma amiga dela, médica, postou nas redes sociais um pedido de ajuda. “Doaram R$500. Mas a passagem de ida e volta custa cerca de R$ 9 mil. Fora a passagem da volta do meu filho”, explicou. Em vulnerabilidade social, Eduardo, aos 26, está incomunicável. Ele não possui mais o aparelho celular que conversava com a mãe.

Luciana trabalha em dois empregos em Campo Mourão, como técnica de enfermagem. Somente na Santa Casa, são 12 anos. Além de Eduardo, ela tem outro filho, de 13. “Eu tenho vergonha de pedir. Mas não tenho outra saída. Não quero dinheiro pra mais nada. Somente às passagens. Sei o valor do dinheiro. Trabalho o dia inteiro, dignamente. E não desejo o que estou passando a ninguém. Só quero ter meu filho de volta”, afirmou.

Serviço

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