Mesmo com chuvas, plantio do milho avança e atinge 27% da área na região
Mesmo com as chuvas o plantio do milho 2ª safra 2024/25 avançou significativamente na região de Campo Mourão nos últimos dias, saltando de 3% na segunda-feira da semana passada para 27% até essa segunda-feira (3). O aumento aconteceu principalmente devido ao avanço da colheita da soja. Não fossem as chuvas recorrentes, os trabalhos poderiam estar bem mais adiantados de acordo com o agente técnico Paulo Borges, do Departamento de Economia Rural (Deral), núcleo de Campo Mourão, vinculado à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab).
Por outro lado, conforme o boletim agrícola com informações das culturas divulgado nesta semana, as chuvas têm contribuído para o bom desenvolvimento da cultura. Atualmente, de acordo com os dados, 97% das áreas apresentam boas condições enquanto 3% estão em condições médias. O informativo aponta que 77% da cultura implantada encontra-se no estágio de germinação e 23% em desenvolvimento vegetativo. À medida em que a colheita da soja avança, o plantio do milho é intensificado pelos produtores rurais”, frisou Borges.
Conforme o Departamento, a área de milho na Comcam é estimada em 450 mil hectares. A estimativa de produção é de aproximadamente 2,4 milhões de toneladas, uma média de 5,5 mil quilos por hectare.
O boletim com informações das culturas divulgado nesta quinta-feira (6) pela Divisão de Conjuntura Agropecuária do Deral aponta que o plantio do milho segunda safra teve um avanço significativo também em nível de Paraná, saltando de 9 pontos percentuais do último relatório da semana passada para 28% no relatório desta semana.
O analista do Deral, Edmar Wardensk Gervásio, explica no informativo que, nos últimos sete dias, estima-se que houve o plantio de aproximadamente meio milhão de hectares de milho no Estado. A estimativa atual é que sejam semeados 2,56 milhões de hectares de milho neste ciclo. “Este avanço normaliza o plantio e inclusive supera a média histórica das últimas 5 safras, quando o plantio atingia, em média, 13% da área”, informou. Ele ratificou que o bom desempenho do plantio é atribuído ao avanço da colheita da soja e a uma situação de clima favorável ao plantio.
Trigo
O boletim traz também informações do trigo. De acordo com o engenheiro agrônomo Carlos Hugo Godinho, os preços mensais recebidos pelos produtores de trigo em janeiro de 2025, em média, foram de R$ 72,79 por saca, levemente acima (0,5%) dos praticados em dezembro de 2024, mas 12% superiores aos R$ 65,13 recebidos em janeiro de 2024.
“A alta poderia incentivar um incremento do plantio neste ano, mas é pouco provável que isto aconteça, por diversos fatores”, informou. O primeiro deles, segundo o agrônomo, é a concorrência com o milho, cuja segunda safra está sendo implementada atualmente com um ganho de 1% de área à área de trigo nas regiões onde as geadas são mais frequentes. Ainda assim, o plantio poderia crescer sobre áreas ocupadas com aveias nos invernos anteriores.
Esta possibilidade é limitada por outro fator: o desânimo com as últimas safras. A seca restringiu a safra de 2024, que ficou 38% inferior ao seu potencial, mas muitos produtores também enfrentaram problemas em safras que antecederam esta. “Chuvas na colheita, secas, geadas e perdas de qualidade foram frequentes nos últimos anos, sendo a última safra cheia a de 2016. Nossos últimos custos divulgados indicavam certa rentabilidade para a cultura”, explicou.
O custo variável era estimado em R$ 68,68 para produzir uma saca de trigo a preços de novembro, alguns reais abaixo dos preços recebidos em janeiro, gerando uma margem de aproximadamente 6%. No entanto, dados os problemas climáticos, as exigências de qualidade e as incertezas econômicas, tal margem é pequena e deve ser pouco incentivadora neste momento para uma ampliação do plantio no Paraná. As primeiras projeções da área de trigo e dos demais grãos de inverno serão divulgadas no próximo dia 27 de março pelo Deral.