Morre ‘seo’ Vital, o porteiro que conquistou o Colégio Integrado inteiro

Muitos alunos que passaram pelo Colégio Integrado de 1987 até meados de 2019, hoje médicos, advogados, doutores, professores, entre outros, irão se emocionar ao ler esta reportagem. Ou, no mínimo, se lembrar do sempre sorridente e carismático Vitalli Nicola Filho, o ‘seo’ Vital, como era mais conhecido. É que ele partiu do plano terrestre. Morreu na manhã desta quinta-feira (7) aos 83 anos de idade. Para ser exato, faleceu às 8h15. Ficou quatro dias internado no Hospital Santa Casa da cidade. Morreu por problemas de saúde. Nanda, a neta, informa que ele já estava bastante debilitado. Sofria Alzheimer.

O velório de Vital terá início às 21 horas desta quinta, na Capela 2 do Prever. O sepultamento será nesta sexta-feira (8), às 10 horas, no Cemitério Municipal São Judas Tadeu. “Ele estava bem debilitado. Foi internado no domingo [3] porque teve uma parada respiratória e desde então não reagiu mais”, relatou à TRIBUNA, Nanda, com a voz embargada pelo choro. Seo Vital, coincidentemente completou 83 anos no domingo, dia em que foi internado. Ele agora fará companhia à esposa em outro plano de vida. Ela faleceu em 2010. Deixa uma filha, duas netas e um bisneto.

Funcionário modelo

Vitalli Filho foi um funcionário modelo enquanto trabalhou no Integrado, até 2019. Em maio de 2012, quando ainda tinha 73 anos de idade, ele foi personagem das páginas da TRIBUNA. O jornal contou sua história.

Na época, já era aposentado, poderia estar descansando em casa. De tão apaixonado e compromissado pelo que fazia, conquistou todos em seu local de trabalho. Acreditem, da portaria do Colégio Integrado. Naquela época, estava no posto já há 25 anos, quando a instituição iniciou suas atividades em Campo Mourão.

Mesmo já tendo sofrido um infarto e aposentado, ele disse que gostava do trabalho e das pessoas do local. “Não consigo ficar longe daqui”, falou na época à reportagem. A instituição fazia questão de retribuir o carinho. “Ele faz parte da história do colégio e quando não pode trabalhar, todos sentem sua falta”, falou à TRIBUNA, na ocasião a então diretora Ana Paula Previate.

‘Seo’ Vital lembrava até o dia em que começou a trabalhar no Integrado: dia 10 de janeiro de 1987. “Precisava de um emprego e me disseram que o colégio estava contratando um porteiro. Me apresentei, deu certo e nunca mais saí”, disse ele na ocasião.

Nascido em Coroados (São Paulo), Vital contou que mudou-se para Peabiru, aos 11 anos de idade. Trabalhava na lavoura de café, mas no final da década de 70, já com aproximadamente de 40 anos, as fortes geadas da época desanimaram seu patrão de continuar com a cultura.

Desempregado, veio para Campo Mourão onde passou a dedicar-se ao serviço de guarda noturno. O primeiro emprego que conseguiu na cidade foi de guarda noturno, no antigo mercado Catarinense. Ficou cinco anos no ofício, depois ajudou na construção da indústria de fiação da Coamo e antes de ir para ao Integrado trabalhou também na construção do banco Bradesco. “Mas foi no Integrado que eu me encontrei mesmo”, afirmou na época à TRIBUNA.

Tantos anos como porteiro do Colégio Integrado, seo Vital passou a conhecer todos os alunos e os pais dos estudantes. Em dias de chuva acompanhava as crianças até o embarque no carro, com um guarda-chuvas. Foi tanto tempo no Integrado, que antigos alunos que já se tornaram pais entregavam os filhos aos cuidados do porteiro.