Museu de Campo Mourão reabre ao público nesta quinta com novo projeto de exposição

O Museu Municipal Deolindo Mendes Pereira, de Campo Mourão, será reaberto para visitação do público em geral às 19 horas desta quinta-feira (19). O importante patrimônio histórico e cultural do município passou por seis meses de reforma. Agora a estrutura conta com um novo projeto de exposição, proporcionando um espaço mais moderno e inclusivo para todos.

O historiador Jair Elias dos Santos Júnior, atual coordenador do espaço, contou que foi necessário um investimento de R$ 300 mil para a revitalização do local. Ele explicou que foi feita uma nova forração, pois anteriormente ela era de madeira, já apodrecida, e estava comprometendo a estrutura do prédio.

Com a reforma, foi colocado drywall, além de uma manta térmica. Dessa forma, é condicionada uma temperatura ideal para esse tipo de estabelecimento que demanda a preservação de peças históricas importantes para o município e a região. “Essa manta evita o risco de incêndio”, completou Júnior. Também foi feita uma nova pintura, recuperando a que havia na fachada desde que o prédio foi inaugurado, em 1951.

Ano que vem fará 20 anos que o museu está na sede atual. Desde então, essa é a primeira reforma expressiva que o prédio recebe. Por ter um acervo muito grande, o coordenador comentou que o próximo desafio será ampliar o local. Para se ter ideia, são mais de 800 peças que não estão em exposição permanente hoje por falta de espaço.

Novo projeto de exposição

Além da revitalização do prédio, a grande novidade será o novo projeto de exposição do museu. Ele contemplará não só pioneiros, mas também pessoas anônimas que ajudaram a construir a cidade. Jair Elias mencionou algumas das figuras que também passarão a ser representadas: “Nós temos uma travesti, os negros, os trabalhadores anônimos e os povos indígenas”.

Além disso, o museu também passará a contar com uma sala de música, em que os visitantes poderão comparecer no local para ouvir canções e jogar xadrez, por exemplo. “Então, é um museu agora mais inclusivo. Ele deixa de ser um espaço só de coleções e, basicamente, das famílias pioneiras, para contar a história da cidade desde os primeiros mourãoenses, que são os povos indígenas”, complementou, reforçando que esses povos ganharam duas salas grandes.

O coordenador do museu contou que o avanço decorreu de uma crítica de acadêmicos de universidades locais. Eles vinham alertando sobre o fato de não haver um espaço adequado aos povos indígenas no museu.

A visão tradicional de que museu deve ter coleções e que as pessoas não podem tocar nas peças está sendo desmistificada no novo projeto de exposições. “A linguagem que nós estamos colocando no museu hoje também está sendo fundamentada em grandes museus no Brasil”, explicou.

Entre as peças expostas no espaço cultural, há uma com mais de 10 mil anos que foi encontrada na região e uma sala só com obras de arte, como pinturas e esculturas. O local também conta com uma quantidade expressiva de artefatos dos primeiros mourãoenses. Existe, ainda, uma imagem sacra, que chegou ao município com a tradicional família Pereira, em 1903.

A partir desta quinta, será aberto no estabelecimento histórico um centro de documentação, com mais de 4 mil pastas com documentos históricos da cidade. Júnior destacou, por exemplo, que boa parte do acervo fotográfico que há no museu foi doado pela TRIBUNA. Em parceria com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), inclusive, os alunos estão digitalizando esse material, para que fique disponível na internet, a quem se interessar, em um site do museu que será criado.

O historiador comentou que também está no museu a primeira edição do jornal TRIBUNA, ainda de 1968, com um estado de conservação ‘perfeito’. “Parece que saiu agora da gráfica”, falou impressionado.

Ele disse que toda a população de Campo Mourão e região está convidada a prestigiar a reabertura do museu e fazer visitações no local. “Depois de seis meses fechado para visitação, nós vamos reabrir um museu novo, acessível a todos e que representa boa parte da comunidade que, ao longo de quase duzentos e cinquenta anos de história, contribuiu para a construção da cidade”, complementou Elias, enfatizando que toda essa história está preservada e, o mais importante, ao ‘alcance de todos’.