Padre diz que Lar dos Velhinhos pode fechar e cobra solução

Na missa de domingo (4) na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, o padre Adilson Naruishi usou o espaço destinado aos avisos à comunidade para alertar sobre o risco de fechamento do Lar dos Velhinhos Frederico Ozanam, em Campo Mourão. Segundo ele, a instituição (que fica na Vila Rio Grande e neste mês vai completar 50 anos), não tem de onde tirar dinheiro para quitar a dívida que já chega a R$ 200 mil.

Ao comentar sobre a situação, o padre lembrou que assim como a maioria dos asilos de idosos em todo o país, o de Campo Mourão é administrado pelos Vicentinos e passou por recentes problemas de gestão. Mas o padre também cobrou ações do poder público e citou ainda outras instituições da cidade que igualmente enfrentam situação semelhante.

“Tem coisas acontecendo, não sabemos o que está por trás, mas alguma coisa estranha existe por aí e não estão jogando limpo. O poder público não consegue atender a demanda, não sei por que. Eu não sei quem pode resolver esse problema. O que não podemos é deixar esses idosos serem devolvidos a famílias que não tem condições de cuidar ou serem colocados em qualquer lugar”, argumentou o religioso.

O padre também fez referência às exigências da legislação em relação a instituições assistenciais, que elevam o custo de manutenção, mas não oferecem contrapartida. “Se o idoso ou criança está na rua não tem nutricionista para saber se está comendo, não tem psicólogo, farmacêutico, não tem Bombeiros para saber se tem corrimão, degrau. Mas se coloca numa instituição para dar assistência, aí esses órgãos de fiscalização vem com uma série de exigências”, observou.

O sacerdote disse reconhecer a necessidade de fiscalização para evitar corrupção, exploração e outros problemas. Mas defendeu que quem cobra aponte caminhos. “Não posso jogar uma bomba na instituição e dizer salve-se quem puder. Se aquele tipo de cama, de geladeira, não pode mais ser usada, tem que apresentar a solução. Fiscalizar é fácil”, ponderou, ao lembrar que os repasses de recursos governamentais foram reduzidos.

Ao lembrar que no mês de julho é comemorado o Dia dos Idosos e dos Avós, o padre pediu atenção da sociedade para a situação. “É triste saber que nossos idosos, que já foram desprezados uma vez por questões sociais ou familiares e tiveram que ir para um asilo, agora até mesmo o asilo não pode mais cuidar deles”, observou.

Ele também lembra que instituições assistenciais não visam lucro. “Quem deveria assumir a responsabilidade está lavando as mãos”, completou. A coisa está aí acontecendo na surdina, nos bastidores, por isso quis compartilhar”, completou o padre.

A direção do Lar dos Velhinhos foi procurada pela reportagem da TRIBUNA para comentar sobre o que disse o padre, mas uma funcionária disse que a presidente vai agendar uma data. A reportagem também enviou mensagem por telefone celular para a presidente, mas ainda não teve retorno.