Pobreza dos atendidos e falta de estrutura pública desafiam trabalho das conselheiras

Nesta segunda-feira, dia 18 de novembro, é comemorado o Dia do Conselheiro Tutelar, função criada em 1990, juntamente com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Lutar pelos direitos desse público no âmbito do município é a atribuição desse profissional, que deve ter um apurado sentido de ética e determinação para gerir conflitos que inevitavelmente vão aparecer durante o trabalho.

Em homenagem a data, a reportagem da TRIBUNA entrevistou a presidente do Conselho Tutelar de Campo Mourão, Vera Zagoto. Ela está completando 13 anos na função (quatro mandatos) e não disputou a reeleição este ano. “Acho que já dei minha contribuição e é preciso que outras pessoas possam também contribuir. Está na hora de descansar”, justifica.

A situação de pobreza das famílias das crianças e adolescentes atendidos, a burocracia e a falta de estrutura da rede de atendimento, para ela, são os principais desafios do trabalho. “Quando a família não tem o básico para sobreviver as situações de conflito se agravam e as crianças são afetadas. Aí a gente sai para cumprir o papel de garantir o direito da criança e tem que se envolver com toda a família”, pondera. 

Apesar das garantias legais, ela ressalta a falta de estrutura na rede pública. “Temos apenas um CREAS para atender toda a cidade. Para terapia psicológica temos só um ambulatório de saúde mental, que não consegue atender a demanda e acaba atuando apenas em situação de risco. Infelizmente muitos dos nossos adolescentes estão se mutilando, com ideias suicidas e precisam de assistência urgente”, pondera a conselheira.

O Conselho Tutelar de Campo Mourão conta com cinco conselheiras. Além do atendimento ao público na sede, que fica na Secretaria de Ação Social, outra faz o plantão 24 horas e sempre tem que ter uma de folga. “Nosso trabalho é muito mais burocrático do que as pessoas imaginam. Todo o trabalho de campo tem que se transformar em medidas protetivas na rede de atendimento”, explica Vera. 

Em janeiro serão empossadas as conselheiras eleitas em outubro para um mandato de quatro anos. As duas atuais que disputaram a eleição se reelegeram. Para participar da eleição, os candidatos a conselheiros são submetidos a uma prova de seleção. Eles ainda devem ter curso superior em qualquer área, possuir CNH e alguma experiência na atuação com crianças e adolescentes. 

Humildade para aprender, educação e responsabilidade é a receita da conselheira Vera para as novas que vão assumir o próximo mandato. “É importante saber que o trabalho é feito com parcerias, por isso tem que existir a colaboração e é fundamental o bom entrosamento da equipe”, completa.