Policial militar de Campo Mourão faz mestrado sobre o “Novo Cangaço”

“Do velho ao Novo Cangaço e da teoria ao campo de batalha”. Este é o tema de uma pesquisa da soldado da Polícia Militar do 11º Batalhão de Campo Mourão, Thais Carraro, 23. Mourãense da ‘gema’, formada em História pela Universidade Estadual do Paraná (Unespar), Thais disse que o trabalho faz parte de um mestrado em curso, via Programa de Pós-Graduação em História Pública (PPGHP). Ela, que ingressou na carreira militar em agosto do ano de 2022, está fazendo um estudo aprofundado das ações do “Novo Cangaço” no Estado do Paraná na perspectiva da História Pública.

Thais comenta que seu trabalho apresenta uma análise sobre assaltos contra instituições financeiras, no que hoje se denomina como “Novo Cangaço”, tendo como marco regulador a invasão a cidade de Guarapuava, localizada na região centro-sul do Paraná, no dia 17 de abril de 2022. Na ação, uma quadrilha fortemente armada fez várias pessoas reféns em forma de ‘escudo’ humano, atearam fogo ao Batalhão de Polícia Militar do município, interditaram vias e ainda, mataram o policial militar Ricieri Chagas, atingido por disparos de arma de fogo. Ele foi socorrido com vida, mas não resistiu aos ferimentos.

“O trabalho partiu de inquietações enquanto profissional na área da segurança pública e pesquisadora, visto que vejo as atuações do grupo criminoso como preocupantes. Me parece um crime tipicamente brasileiro, mas isso é o que descobriremos na pesquisa, já que as ações desse tipo necessitam de uma resposta rápida do poder público, bem como um trabalho de inteligência que atue na prevenção”, comentou a policial.

Thaís disse ainda entender que, ao se tratar de segurança pública, o fenômeno do “Novo Cangaço” ‘perpassa o tempo e conhecimentos históricos’. “Não é um tema atual, não surgiu de uma hora para outra e nem se manifesta igualmente em nossos dias como em décadas passadas. Entender isso, já é um primeiro passo na busca de uma resposta e caminhos possíveis com o intuito de ‘frear’ os avanços de grupos criminosos, trazendo de volta a população, vítimas dos assaltos, a sensação de segurança ao transitarem pela via pública”, destacou a policial.

“Novo Cangaço”

A expressão “Novo Cangaço” tem sido utilizada para caracterizar a ação de organizações criminosas fortemente armadas que cercam pequenas cidades para praticar assaltos, geralmente a agências bancárias.

Nesta modalidade de crime, os bandos preferem atacar, em sua maioria, instituições que guardam dinheiro em cidades pequenas, onde as forças de segurança não têm poderio bélico e estrutura para enfrentar bandos fortemente armados.

Essa modalidade de assalto, que assusta a população pela violência empregada, é chamada por policiais de “novo cangaço” em alusão ao histórico bando de Lampião, que levava o medo a cidades do sertão nordestino em meados dos anos de 1930.