Prefeitos são contra retorno das aulas presenciais na rede estadual na Comcam

Prefeitos da Comcam se manifestaram contrários ao retorno das aulas presenciais na rede estadual de ensino, durante reunião online, na tarde desta sexta-feira (25), com a chefe do Núcleo Regional de Educação, Ivete Keiko Sakuno. Há um pedido do Secretário Estadual de Educação, Renato Feder, aos gestores, para o retorno. Aconteceria gradativamente, a partir do dia 22 de julho. 

Durante a manhã de hoje houve uma reunião, também online, entre presidentes de associações de municípios com o Secretário da Saúde Beto Breto e da Educação Renato Faeder, em que reforçaram o pedido. O presidente da Comcam, Leandro Cesar Oliveira, prefeito de Araruna, participou do encontro.  

Na ocasião, ele cobrou a aceleração da segunda dose da vacina contra Covid-19 para toda equipe da educação dos municípios e imunização da população geral o mais rápido possível.  As informações repassadas pelo Estado aos presidentes de associações municipais, é que até o dia 31 de agosto, a expectativa é que 80% da população já esteja vacinada contra o vírus. 

Durante a reunião com os prefeitos da Comcam, Oliveira explicou à chefe do Núcleo de Educação que há uma grande pressão sobre os prefeitos, por parte dos diretores de escolas, para aceleração da vacinação para profissionais da educação e não retorno das aulas presenciais até que todos estejam vacinados. “O secretário está bem intencionado com relação à educação. Nossos filhos estão perdendo sim, mas em primeiro lugar a vida”, defendeu Oliveira. Ele disse que cobrou ainda do Secretário da Saúde, a possibilidade de o Estado estender a vacinação também para pessoas dos 12 a 18 anos e a distribuição mais igualitária de doses da vacina aos municípios. “Infelizmente estamos perdendo muita gente ainda”, alertou Oliveira. 

O prefeito de Iretama, Same Saab, disse que os municípios não têm segurança nenhuma para o retorno às aulas neste momento. Ele cobrou mais proximidade do secretário estadual da Educação com os municípios. “A forma como o Estado está prevendo o retorno será muito antidemocrática”, disse. O prefeito citou as dificuldades dos municípios no controle da disseminação do coronavírus.

“Começamos o controle e aí vem estas questões. Colocamos o tempo todo à população para evitar aglomeração e vamos colocar 15 alunos em uma sala de aula? Coloca o secretário para falar com nós”, pediu Same à chefe do NRE. Ele teme que com o retorno das aulas presenciais, os municípios voltem a sofrer com o aumento desenfreados de casos da Covid-19. “A minha posição é começar a aula para todo mundo depois de todo mundo vacinado”, defendeu.

O prefeito de Nova Cantu, Airton Agnolin também se manifestou contrário.  “Pedimos a compreensão do Estado. Somos grandes parceiros e vamos continuar sendo. Mas a vida é o bem maior. Em Nova Cantu não vejo possibilidade de voltar às aulas no dia 22”, afirmou. Da mesma forma se posicionou o prefeito de Peabiru, Julio Cézar Frare. Segundo ele, as aulas presenciais só retornam no município quando sentir segurança para os servidores e alunos. “O número de mortes de crianças por Covid-19 cresceu 1.500% no Paraná nos últimos dias. Como vamos mandar estas crianças para as salas nesta situação”, questionou. “Se isso acontecer estaremos dando um tiro no escuro”, emendou. 

O prefeito de Barbosa Ferraz, Edenilson Miliossi, também é contrário. “Volta as aulas somente quando quase toda população estiver vacinada. Hoje, no momento, não vejo essa possibilidade. Inclusive vejo um contrassenso do governo colocar os alunos numa sala de aula, sendo que eles próprios não estão recebendo os prefeitos e secretários para atender presencialmente”, observou. O prefeito de Quinta do Sol, Leonardo Romero, também descartou autorização do município para retorno presencial das aulas na rede estadual. “Sem vacina a gente não volta as aulas”, afirmou. 

NRE

Conforme explicou a chefe do Núcleo Regional de Educação, Ivete Sakuno, o Estado busca o alinhamento junto aos municípios para o retorno presencial das aulas. Inicialmente o retorno seria gradativo, não envolvendo o transporte escolar. Ou seja, apenas alunos das sedes dos municípios voltariam, desde que os pais autorizassem. “Já temos todo o protocolo de segurança implantado. Tem um Comitê da Saúde que valida o protocolo”, afirmou.

Segundo ela, as escolas criaram um plano de retorno, que contempla uma série de restrições de segurança como: um agente para cada duas salas de aula para fazer higienização entre os períodos, apenas uma ou duas turmas por turno, e turmas com número reduzido de alunos, respeitando, dentro da sala de aula, 1,5 metro e meio de distância um estudante do outro. “Pelo padrão das nossas salas seriam em média 13 alunos por sala”, disse.

O presidente da Comcam disse que vai tentar uma reunião entre o Secretário de Saúde e da Educação do Estado entre os prefeitos para voltar a discutir o assunto.