Previsão de geada deixa produtores de milho em alerta na região

A previsão de geadas para esta semana deixa os produtores de milho em alerta na região de Campo Mourão. Uma forte massa de ar polar que se desloca pela Região Sul do Brasil, vai fazer despencar a temperatura em Campo Mourão e região a partir desta terça-feira. Há previsão de ocorrência de geada para quinta-feira (1º de julho), quando os termômetros deverão chegar aos 4ºC.

“Pelo jeito do clima a geada já é praticamente concreta. Agora vamos ver a sua intensidade. Dependendo da força, corremos o risco de perder tudo que se salvou da estiagem”, comentou o produtor de Campo Mourão, Vicente Mignoso, que já estima uma perda de 30% com a seca.

Mignoso plantou 90 alqueires de milho, segundo ele, cerca de 30% da cultura estão na fase de maturação e 70% no estágio de frutificação, fase mais suscetível da cultura. “A geada não vir eu acho difícil, se vier de fraca intensidade o milho ainda consegue escapar, mas se for de forte intensidade queima muito as folhas da planta e aí o prejuízo será muito grande”, teme.

De acordo com o último levantamento da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (SEAB), a área total de milho na Comcam é de 421.670 hectares. A produção estimada é de 2.403.519 toneladas. Deste total, 1% está na fase de floração; 30% em frutificação e  69% no estágio de maturação. Os dados apontam ainda que 30% da cultura estão em condições ruins; 30% (médias); e 40% boas condições.

Na região, historicamente, as perdas mais significativas do milho, com geadas, costumaram ocorrer nas cidades de Luiziana, Iretama, e Roncador, onde o plantio é concluído mais tardiamente em relação a outras cidades. “Tem produtor na região que está com praticamente 100% da lavoura iniciando o estágio de frutificação. Ou seja, com o milho em sua fase mais crítica”, observou Mignoso.

Em contrapartida, caso seja confirmada a geada desta semana, os agricultores serão beneficiados para a safra de verão. A geada vai limpar o campo e acabar com as pragas próprias dessa época. Entretanto, a geada não prejudicará as culturas de inverno, agora beneficiadas pelas chuvas dos últimos dias.

Estimativa

Relatório mensal do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, aponta que o Paraná deve produzir 38 milhões de toneladas de grãos na safra 2020/21, em uma área de 10,4 milhões de hectares. Esse volume de produção representa 8% menos do que o produzido na safra 2019/2020, em uma área 3% maior.

Os números divulgados na quinta-feira (24) mostram os efeitos da longa estiagem no Paraná, com perdas significativas na segunda safra de feijão e na produção de milho safrinha, fundamental para abastecer o mercado de proteínas animais e para o cumprimento dos contratos internacionais.

Por outro lado, destaca-se o reajuste positivo da área de trigo no Paraná. Se o clima favorecer, o plantio pode ser um pouco maior do que se imaginava. Isso pode garantir, junto com o Rio Grande do Sul, onde a área também cresce, um suprimento interno um pouco maior, cooperando assim para a redução das importações.

Milho

Estima-se a produção de 9,8 milhões de toneladas nesta safra, 19% a menos do que o Estado colheu no ciclo 2019/2020. Houve quebra de aproximadamente 4,9 milhões de toneladas em relação à produção inicial esperada. A perda percentual é de 33%.

Cerca de 1,8 milhão de toneladas dessa quebra, 37% da perda total do Estado, corresponde à região Oeste, principal produtora. “Na região Norte, segunda maior área do Estado, como as lavouras se desenvolveram um pouco mais tarde, talvez haja possibilidade de recuperação”, explica o analista de milho do Deral, Edmar Gervásio. Segundo ele, a partir do próximo mês esses números devem ser mais exatos.

As chuvas registradas em junho contribuíram para uma redução da perda no campo e estabilização das condições gerais de lavoura. Dos 2,52 milhões de hectares plantados, 26% têm boas condições, enquanto 41% apresentam situação mediana e 33% condições ruins. Com relação à área, a expectativa aponta para 2,5 milhões de hectares, 10% a mais que na safra passada.

O preço recebido pelo produtor paranaense pela saca de 60 kg na semana passada foi de R$ 79,94, valor quase 13% menor quando comparado ao fechamento de maio, em parte devido à valorização do real frente ao dólar. Já no mercado internacional, os valores ficaram estáveis.