Projeto Cooperativa do Livro completa 4 anos com expansão em Campo Mourão

Fundado em 2019, o projeto Cooperativa do Livro, completou em março de 2023 quatro anos de existência com crescimento em Campo Mourão. Para se ter ideia, conforme a idealizadora da iniciativa, professora de História, Nair Sutil, somente nos seis primeiros meses deste ano foram emprestados pelo projeto 328 livros. O número é superior a todo o ano de 2022.

A Cooperativa do Livro funciona todos os domingos, na Feira Criativa, na Praça São José das 9 às 12 horas. Nair lembra que o projeto tem também como cofundador o estudante de Geografia, Joab Jacometti. A ação conta com uma rede de voluntários. Os exemplares são emprestados gratuitamente a qualquer morador que tiver interesse. O principal objetivo é estimular e facilitar o acesso à leitura.

A professora avalia que o projeto cresceu graças a dois pontos fundamentais: à equipe de voluntariados comprometida que acredita no livro como uma possibilidade humanizadora e à comunidade leitora que encontrou no projeto um lugar para realizar suas leituras sem burocracias. “Nosso público leitor é fascinante, atendemos pessoas de todas as idades e com gostos de leitura particulares”, descreveu Nair.

Atualmente a Cooperativa tem um acervo de mais de mil títulos. Abarca todos os gêneros literárias. São clássicos da literatura brasileira, estrangeira, autoajuda, espiritualidade, literatura de autores contemporâneos e literatura infantil. A idealizadora do projeto lembra que não há problemas com devoluções. “Nossos leitores entendem o propósito do projeto que é a circulação do livro empreste-leia-devolva fazendo-o chegar no maior número de pessoas”, informou.

Ela lembra que desde o início da ação, o objetivo era chegar também aos bairros da cidade e em outros municípios da região. E isso, conforme Nair, tem se concretizado em parceria com o Projeto de Extensão Leituras et Cetera do Colegiado de Letras, da Unespar Campo Mourão, coordenado pelo professor Antânio Carlos Aleixo. “Já temos um ponto de leitura no bairro Santa Cruz em breve estaremos em Engenheiro Beltrão, Araruna, Mamborê e Ubiratã. A parceria com o Leituras et Cetera do Colegiado de Letras tem sido fundamental para chegaremos em mais pessoas”, avaliou Nair.

O projeto

O projeto começou ‘pequeno’, apenas com cerca de 70 exemplares. E boa parte doada pela própria comunidade. Mas aos poucos foi ganhando corpo e espaço. Crescendo cada vez mais. Para se ter ideia, atualmente são cerca de 1 mil exemplares, dos quais mais de 300 estão emprestados.

Influenciada pela profissão, professora Nair conta que começou com a iniciativa levando os exemplares aos domingos ao Parque do Lagoa para emprestar às pessoas interessadas.

O projeto passou a funcionar também na Feira Criativa, na Praça São José. Porém, com a chegada da pandemia da Covid-19, Nair optou pelo sistema delivery. Levava o livro diretamente até o leitor. Ou seja, nem o temido vírus conseguiu parar o projeto. Para conhecer mais a Cooperativa do Livro, os interessados podem acessar a página no Instagram @cooperativadolivro. Por lá pode ser informar de tudo, títulos disponíveis, tipos de obras, entre outros. “Só temos a agradecer toda a comunidade que está acreditando no projeto, aos nossos voluntários e demais parceiros”, acrescentou professora Nair.

Retratos da Leitura

O Instituto Pró Livro, em parceria com o Itaú Cultural, realizou durante a 26ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo (02 a 10/07) do ano passado, mais uma edição da pesquisa Retratos da Leitura em eventos do livro e literatura, que busca conhecer o perfil e os hábitos dos leitores que frequentam eventos literários.

Aplicada pelo IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) em todos os dias do evento, a pesquisa entrevistou mil pessoas, com idade superior a dez anos e não integrantes de excursões escolares, e teve os resultados comparados com a Bienal Internacional do Livro Rio e a Festa Literária das Periferias (Flup –RJ), realizados em 2019.

Os dados apresentados revelam o crescimento da participação das mulheres e dos jovens, maior escolarização e mais participação de autodeclarados brancos, em relação à pesquisa nacional. O destaque ficou para o crescimento da influência do TikTok, YouTube e Instagram no interesse em leituras de livros.

Os influenciadores digitais aparecem na pesquisa da Bienal do Livro de SP como o principal indicador de leitura. As redes sociais TikTok, YouTube, Instagram e Facebook influenciaram 28% das pessoas no interesse em leitura de livros, enquanto na Bienal do Rio apareciam em quarto lugar, com 13% de citações, e em sexto lugar na Flup, com 5%. Na pesquisa nacional, esta porcentagem cai para 3%. Entre 10 e 29 anos de idade, acima de 60% citaram influenciadores digitais como indicadores de livros, que, em 2019, apareciam com baixos percentuais.

Em 2022, a Bienal de São Paulo recebeu 8% mais mulheres em comparação à do Rio de Janeiro, realizada em 2019. Em relação à escolaridade, a grande maioria dos visitantes tem nível superior: 59% na Bienal paulistana; 61% na do Rio e 76% na Flup. Esses percentuais são maiores do que os do perfil de escolaridade dos brasileiros leitores, como revelado na Retratos da Leitura nacional, que registrou 16%.
Segundo o levantamento atual, os visitantes entre 18 e 24 anos são os que mais frequentam eventos literários. Na Bienal de SP, 36% dos entrevistados estão nessa faixa etária. No perfil referente a raça, em São Paulo 13% se autodeclararam pretos e 24% pardos; na Flup, foram 46% pretos e 21% pardos. Percentuais superiores, também, à pesquisa nacional, que apurou 17% pretos e 45% pardos.

Público leitor e gosto pela leitura

Entre os frequentadores desses eventos literários, quase a totalidade são leitores (a pesquisa considera “leitor” quem leu um livro, inteiro ou em parte, nos últimos três meses anteriores ao estudo). Na Bienal de SP, 98% declararam ser leitores de livros, dado semelhante ao da Flup (97%) e ao da Bienal do Rio (95%). Nos três eventos onde a pesquisa foi aplicada, mais de 70% dos visitantes revelaram gostar muito de ler. O maior percentual saiu da Bienal de São Paulo: 79%. Esse dado também é superior ao que informam os brasileiros na pesquisa nacional: 31% gostam muito de ler e 22% declararam não gostar.

A pesquisa apurou ainda, a média de livros lidos nos últimos três meses pelos entrevistados. Se na 5ª edição da pesquisa Retratos da Leitura, a média de livros lidos inteiros nos últimos três meses era de 1,05, na Bienal de SP esse número subiu para 4, enquanto a Flup ficou na média de 3,3 e a Bienal do Rio, 3,5. Quando se fala de livros lidos em partes nos últimos três meses, a média da Retratos da Leitura é de 1,55. A da Bienal de SP cai para 3,6; a Flup sobe para 5,2 e a Bienal do Rio fica em 3,8.

Entre os que gostam muito de se dedicar à leitura, ouvidos na Bienal de SP, 85% são mulheres e 68% homens. Em relação às faixas de renda familiar, os patamares se aproximam de 80%. Por faixa etária, a diferença fica entre 74% e 75%, acima de 40 anos, e 83% entre 25 e 29 anos. Esses percentuais também são superiores aos revelados na pesquisa nacional, 31%.

Gêneros literários

Livros de literatura foram os mais citados nos três eventos, sendo que na Bienal de São Paulo, 76% dos entrevistados responderam ler mais este gênero literário. Na Flup foram 77%, e na Bienal do Rio, 65%. Todos bem acima dos 55% na pesquisa nacional. Importante destacar que em relação a essa pesquisa geral, a Bíblia foi citada por 47% dos brasileiros e em São Paulo por somente 28% dos visitantes da Bienal, apesar desse percentual subir para 50% na faixa de 40 anos. Na Bienal do Rio, 37% citaram a Bíblia.

As citações aos gêneros romance e juvenil cresceram na Bienal de SP. Livros de ciências humanas e poesia se destacam na Flup, apontando para o perfil desse visitante que tem o maior percentual de nível superior e participação em eventos de literatura e livros, como os saraus. As mulheres aparecem à frente na citação de romances.