Qualificação de candidatos a emprego esbarra no desinteresse em Campo Mourão

Mais de 50 vagas de emprego são oferecidas diariamente pela Agência do Trabalhador de Campo Mourão. Algumas funções, porém, não são preenchidas com facilidade por falta de qualificação dos candidatos. E essas vagas, como na área de mecânica automotiva, por exemplo, ficam meses sem ser preenchidas.

Para tentar ajudar os trabalhadores e empregadores, o município de Campo Mourão faz parcerias com instituições para oferecer cursos especialmente em áreas com maior oferta. Nesta semana, por exemplo, foi iniciado o de auxiliar automotivo, em parceria com o Senai. São 20 vagas para jovens acima de 17 anos. O curso é gratuito, com duração de três meses, com aulas à noite.

Mas apesar da procura por emprego e a oferta no mercado, preencher turmas para cursos não tem sido fácil. É o que revela a coordenadora do Centro de Iniciação Profissional (CIP), Marcileia Mingroni, responsável pela inscrição dos candidatos ao curso de auxiliar automotivo. “Um dia antes de encerrar as inscrições eu só tinha 10 interessados e mesmo assim, quatro desistiram. É muito estranho para uma cidade com 100 mil habitantes, com tanta gente reclamando de desemprego”, analisa.

Foi preciso uma campanha “corpo a corpo” e um apelo do apresentador Ricardo Borges, na televisão, para conseguir fechar a turma. “Não é fácil conseguir esses cursos. Tem custo para o município. Muitos dizem querer trabalhar, mas parece que poucos têm interesse em se qualificar para as funções que o mercado oferece”, complementa.

Outro curso oferecido pelo município, em parceria com o Senac e Supermercado Paraná, é o de “técnicas em açougue”, função que também tem grande oferta de vagas no mercado. O curso, com aulas teóricas e práticas, também é grátis para o aluno, mas custa R$ 3,9 mil ao município por participante.

O responsável pela Agência do Trabalhador, Gerson Maciel, acrescenta que a dificuldade não está só na questão da qualificação. “Parece que as pessoas estão fazendo mais exigências. Deixam o currículo aqui e quando encaminhamos para as entrevistas, fazem exigências em relação a salário, horários, folgas. Sem falar que muitos pegam o encaminhamento e não aparecem na empresa”, relata Maciel.

Há ainda os candidatos que deixam o currículo e quando surge a oportunidade a Agência não consegue encontrá-los. “E dos que são encontrados, nem todos manifestam interesse pela vaga”, reforça Maciel. “A gente seleciona os currículos conforme o perfil que a empresa busca, mas não conseguimos contato nem com 30 por cento. Ou o telefone está na caixa postal, ou não atende, não responde mensagem, número de terceiros e assim por diante”, informa.

Alexandre Galland, que já foi chefe da Agência do Trabalhador, conta que fechar uma turma para curso de qualificação sempre foi difícil, mesmo antes da pandemia. “Além disso, boa parte dos que começam não concluem os cursos”, ressalta. Os motivos para desistência, segundo ele, são os mais diversos. “Uns dizem que não tem dinheiro para se deslocar, outros que não podem sair à noite porque o cônjuge não deixa. As alegações são as mais diversas”, complementa.