Regional de Saúde diz que população ‘perdeu medo’ do Covid-19 e cobra ações mais rígidas dos municípios

Diante de flagrantes de aglomerações e desrespeito a normas preventivas ao novo coronavírus (Covid-19), o chefe da 11ª Regional de Saúde de Campo Mourão, Eurivelton Wagner Siqueira, disse acreditar que parte da população ‘perdeu o medo’ do vírus.  

“A população realmente perdeu o medo. Aquela situação de pânico que se instalou no início da pandemia não tem mais. Parece que para alguns tudo voltou à normalidade”, lamentou Siqueira, ao cobrar ações mais rígidas dos municípios para o cumprimento das medidas de prevenção. 

“Cabe aos municípios implantarem medidas mais rígidas e cobrarem mais. Existe toda uma legislação para isso. Existe a obrigatoriedade da máscara. Existe o decreto estadual e municipal. Agora de nada adianta isso tudo se efetivamente não fazer o cumprimento”, ressaltou o chefe da Regional de Saúde. 

Desde o início da pandemia, a Comcam soma 3.198 casos de coronavírus e 93 mortes. Ou seja, 93 famílias da região perderam seus entes queridos para o vírus. Siqueira alerta que a região vive um momento  de alto índice de contaminação. “Estamos confirmando um grande número de casos semanalmente. É aquilo que eu venho dizendo: estamos em um platô alto”, alertou, ao comentar que está sendo uma tendência nacional a população ‘perder o medo’ da doença. Como exemplo, citou as praias do Rio de Janeiro que ficaram lotadas durante o fim de semana. 

Siqueira chama atenção para o que classifica de ‘insensibilidade’ de parte da população. Segundo ele, mesmo com a região registrando praticamente um óbito por dia, e mesmo com o alto índice de mortes no Paraná, muitas pessoas ainda não se sensibilizaram e não estão enfrentando o vírus com o cuidado que deveriam. “Algumas pessoas têm uma visão de que danos colaterais são aceitáveis”, lamentou. 

Siqueira disse que apesar de algumas pessoas entenderem que há uma redução de mortes na região, não se pode afirmar que os números caíram efetivamente. “Não caíram. Estão estáveis. E com números bastante altos”, alertou.  

Ao analisar o índice de confirmações de coronavírus no noroeste do Paraná, que engloba a região de Campo Mourão, a partir da primeira semana de julho (há 9 semanas), os dados mostram que por semana os números não baixaram de 1,2 mil casos. Em algumas situações, os números foram ainda maiores, chegando a 1.590 por semana. “Isso demonstra que estamos em um platô alto. A contaminação está alta. Pode ter caído um pouco o número de óbitos, mas na região está morrendo um por dia”, observou Siqueira. 

Ele alertou ainda para o fato da lotação dos leitos UTI’S. “Estão cheias. Qualquer coisa diferente elas estouram. Nossa macrorregião está beirando os 60% [de ocupação] a todo momento. E não existe mais possibilidade de se conseguir abertura de mais leitos de urgência. Isso porque não tem mais equipes. Não existem mais profissional para isso”, falou. 

Siqueira fez um apelo à população. “Peço que não veja estes números com a normalidade que está sendo vista. Infelizmente parece que a população perdeu a indignação das vidas que estamos perdendo. A pessoa tem que se indignar um pouco mais com os óbitos que estão ocorrendo. Isso, neste momento, pode estar longe de você, mas amanhã pode ser alguém da sua família ou até você a vítima”, frisou. 

Pedaladas e práticas esportivas

Siqueira lembrou que na última semana havia uma ‘pressão’ bastante grande para abertura de prática esportiva amadora no Paraná, inclusive na Comcam. No entanto, segundo ele, o COE Estadual (Centro de Operações de Emergência) se pronunciou contrário ao retorno das atividades esportivas. “Se algum município liberar é por sua responsabilidade. A prática esportiva gera o contato e aumenta o risco de contaminação”, falou.

Ele chamou a atenção também para as pedaladas em grupos na região, prática muito comum em Campo Mourão. Isso também deve ser evitado neste momento. “Mesmo com as pessoas utilizando máscaras não é recomendado devido a aglomeração. É muito arriscado”, acrescentou.