Rubens Bueno lança biografia em que relata luta pela democracia na vida pública

O deputado federal Rubens Bueno (Cidadania), lançou na noite dessa segunda-feira (5), em evento online, sua biografia “Rubens Bueno: pé vermelho e democrata radical”. Com 396 páginas, editado pela Fundação Astrojildo Pereira (FAP), a obra é escrita pelo jornalista político Vanderlei Rebelo. Traz com riqueza de detalhes, a história do parlamentar pelo Paraná. Bueno, já foi prefeito de Campo Mourão por um mandato. Atualmente, exerce o 5º mandato como deputado federal. A biografia está à venda na internet.

O livro além de trazer a história do deputado acompanha muito a história do Brasil dos últimos 40 anos. “Me sinto emocionado. Um fato como este para mim é marcante, na medida que não pleiteei nada disso. De repente a Fundação entendeu que deveria escrever alguma coisa, contatou o Vanderlei, que me conhece há muitos anos, e a partir daí começou esta história”, comentou Bueno, durante o lançamento da obra.

“A história começa com o Tratado de Taubaté, toda uma história que o Norte do Paraná me deu e que de lá para cá veio desenvolvendo. Depois a política estudantil e os mandatos, as disputas eleitorais”, relatou o parlamentar. Bueno disse que para ele, toda essa história é muito rica, sobretudo as amizades que fez ao longo dos tempos, a família que constituiu, ‘as árvores que plantou’ e tudo que constituiu como político. “Um papel que me orgulha muito. Pode ter certeza que me dediquei muito para isso”, ressaltou.

O autor da obra, jornalista Vanderlei Rebelo, comentou que existia o projeto de uma obra contando o perfil político de Rubens Bueno já há algum tempo. “E em questão de um ano e meio atrás fui convidado pela Fundação Astrojildo a levar este projeto adiante. Aproveitei alguns textos que havia feito sobre toda minha experiência como repórter político e comecei a fazer esta pesquisa sobre o Rubens. Tomei depoimento de várias pessoas e depois de um ano de pesquisa e escrevendo, a Fundação, no início deste ano, imprimiu o livro”, contou.

Segundo ele, a obra tem muito de uma jornada pessoal. Conta, por exemplo, desde a primeira eleição de Bueno como deputado, em 1982. “A obra tem muita coisa que eu não li e não me contaram. São coisas que eu testemunhei ao longo dos anos”, disse. O jornalista comentou que a ideia, com a obra, é mostrar o outro lado da política. “Tem gente trabalhando sim para honrar os votos que eles representam. Acho que o Rubens se encaixou muito bem”, afirmou.

Um pouco sobre o livro

Geadas que destruíram cafezais da família, dificuldades econômicas em casa e afastamento precoce do convívio com os pais marcam as memórias mais recentes do político brasileiro que fez da sua própria luta o combustível para a conquista de credibilidade em mais de 40 anos de vida pública. É o que mostra novo livro sobre a trajetória de Bueno.

O livro é dividido em 21 partes, que contam a trajetória do homem público ainda em seu início de carreira, seu mandato na Câmara dos Deputados, sua candidatura a governador e outras experiências relevantes que Rubens Bueno protagonizou em sua vida política.

Rubens Bueno, conforme conta a obra, é o segundo filho de José Bueno Sobrinho e de Maria Aparecida, nascido em Sertanópolis, na tarde de um agradável domingo de outono, dia 23 de maio de 1948. Mais tarde, ele se tornaria conhecido em todo o país como o homem pautado por princípios inegociáveis: combate à desigualdade, integridade no exercício da função pública e defesa da democracia.

Em meados do século 20, ele, seus familiares e muitos paranaenses vivenciaram fortes adversidades, pelas mais diversas razões, e ficaram à margem do amplo ciclo de desenvolvimento propiciado pelo café no norte do Paraná. O autor relata que, naquela época, a família vivia uma situação relativamente confortável, nos padrões do médio produtor de café, e o futuro prometia dias até melhores.

Quando Rubens começou os estudos aos 7 anos, a situação da família mudou completamente: os Bueno, assim como muitos vizinhos, amigos e conhecidos, amargaram a perplexidade de uma crise sem precedentes. “As geadas de 1953 haviam queimado 60% dos cafezais da região. E os produtores ainda não tinham se recuperado dos prejuízos, quando a nova geada de 1955 derreteu quase 70% das plantações”, lembra a biografia.

De acordo com o livro, a trajetória do avô paterno, ligada ao café, é quase um sumário da existência de alguns dos milhares de cafeicultores que desbravaram o norte paranaense. “Migração, trabalho árduo, ascensão, instabilidade e o desfecho amargo na safra perdida para a geada”, diz um trecho da obra.

O deputado sempre fez defesa intransigente da democracia e dos valores republicanos, mas, respeitado pelo seu caráter crítico, o livro também conta que “Rubens Bueno e sua geração de homens públicos falharam em muitos aspectos”. “Mas não é preciso ser benevolente para reconhecer que houve muitas mudanças para melhor – o que é particularmente real para as gerações que viveram os anos 1960/1970 e têm memória e discernimento para comparar aquele país com o Brasil de hoje”, diz um trecho.

“Tentações autoritárias”

A obra registra, ainda, manifestações do homem público em defesa da democracia, como ocorreu em encontro na região de Campo Mourão. “Por maiores que sejam as tentações de soluções autoritárias, é preciso perseverar na democracia”, afirmou o deputado, na ocasião.

“Não por otimismo ingênuo – a democracia, por si só, não opera milagres e sofre grandes limitações, que talvez jamais sejam superadas. Mas pela convicção de que a liberdade e a razão são uma escolha melhor que o populismo e o messianismo, e porque foi na democracia que o país avançou. Porque sabemos, por experiência, que a ditadura é muito pior”, afirmou o político.

O livro destaca outro alerta do político para a definição dos rumos pelos quais o país poderá seguir. “Nossas escolhas de agora definirão a vida das próximas gerações de brasileiros: mais igualdade, tolerância e crescimento sustentável, ou a irrelevância de um país que se afunda no atraso, no ódio e no isolamento”.