Seca “segura” plantio da soja na Comcam

Com praticamente três meses de seca, os produtores rurais aguardam apreensivos a chuva para dar largada ao plantio da soja na região da Comcam. A semeadura está liberada desde o dia 11 de setembro. Porém, sem a umidade no solo necessária para germinação da planta, os trabalhos seguem paralisados. O zoneamento de plantio prossegue até o dia 31 de janeiro.

Seguindo a tendência estadual, a área de soja da safra 2021/22 terá um crescimento de pouco mais de 1% na região de Campo Mourão. Os produtores rurais reservaram 692.620 hectares para a oleaginosa contra 684.968 ha na safra 2020/21. A produção estimada para esta safra é de 2.666.587 milhões de toneladas contra 2.432.321 milhões/ton anteriormente. Os dados são do Departamento de Economia Rural (Deral), vinculado à Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab). De acordo com o órgão, os produtores já anteciparam a comercialização de 170.540 toneladas de soja na Comcam, o equivalente a 6,8% da produção regional. A saca de 60 quilos está sendo comercializada em média R$ 159,00.

O engenheiro agrônomo, André Fernandes de Lima, encarregado do Departamento Técnico da Coamo, em Campo Mourão, comentou que a falta de chuva está atrapalhando também os produtores a prosseguir com o manejo do solo (dessecação), para deixar as áreas preparadas para semear. “Hoje está tudo parado aguardando chuva. Temos parte da área de plantio já pronta para receber as sementes e uma parte ainda que precisamos finalizar esta etapa de dessecação”, falou o agrônomo.

Segundo ele, as últimas chuvas tiveram volume insignificante para amenizar o déficit hídrico. Para se ter ideia, o volume registrado na região de Campo Mourão ficou abaixo de 10 milímetros. “Na região, chuvas mais significativas ocorreram somente em uma parte do município de Campina da Lagoa, Roncador, e Engenheiro Beltrão”, informou. O agrônomo estima que seriam necessários no mínimo entre 40 a 50 milímetros de chuva para que os produtores possam iniciar com tranquilidade a semeadura da soja.

O engenheiro agrônomo comentou que ainda é cedo para se falar em atraso no plantio. “Não podemos ainda falar em atraso, mas sim que estamos ‘em cima do laço’ para concluir as dessecações para deixar o solo 100% preparado para a safra de verão”, explicou. Na região de Campo Mourão, a Coamo atua em uma área de 110 mil hectares de soja e cerca de 7 mil ha de milho.

Lima comentou que os prognósticos indicam que este ano será muito semelhante a 2020, com chuvas bastantes irregulares alternando nas regiões. Segundo ele, o que fará a diferença, em termos de produtividade, será a maneira como o produtor fez o manejo de solo. “O pessoal que está fazendo a lição de casa com correção de solos com adubação equilibrada, investimento em tecnologia, entre outros fatores é que se sobressairá”, ressaltou.

Segundo o Deral, no Paraná, a estimativa é que a soja seja plantada em 5,61 milhões de hectares. A projeção atual é que o estado colha cerca de 20,9 milhões de toneladas do grão ao final da safra. Esse volume representa aumento de 6% em relação à primeira safra do ciclo 2020/21, quando foram colhidas 19.768.900 toneladas. Segundo o órgão, esta será a maior área da história.

“A soja vive um bom momento de preço há muitos anos e apresenta maior liquidez entre os produtos agrícolas, incentivada principalmente por muita exportação. O que impulsiona o produtor é a segurança da cultura. É a cultura que apresenta menor volatilidade de preço, é uma safra em que o produtor se garante, por isso continua apostando na soja”, analisou o economista, Marcelo Garrido.

Plantio do milho também segue paralisado

Da mesma maneira, o plantio do milho de 1ª safra, também segue paralisado na região. O Deral estima uma área de 16.013 hectares na Comcam e produção inicial de 144.117 toneladas. Atualmente 7% da safra já foi comercializada antecipadamente, o equivalente a 10.141 toneladas. Na safra anterior foram semeados 14.193 hectares, que totalizaram 141.163 toneladas. A semeadura do cereal chegou a iniciar na região com as últimas chuvas. Porém, os produtores paralisaram os trabalhos devido a estiagem prolongada.

2ª safra

Já a colheita do milho de segunda safra finalizou na região. Foram colhidos 422.203 hectares. A produção estimada inicialmente era de 2.406.557 milhões de toneladas, mas em decorrência de perdas pela estiagem e fortes geadas caiu para 1.195.227 milhão. A saca de 60 quilos está sendo cotada em média R$ 86,00.