‘Serei um Bispo conservador’, afirma Monsenhor Evandro Braun
Eram 8h39 do dia 29 de março quando o celular do padre Evandro Braun tocou. De férias com 21 familiares em Porto Seguro, na Bahia, teve o comunicado mais inesperado de toda a sua vida: um convite para ser o Bispo de Campo Mourão. E rodeado por familiares, nada pode falar.
Naquela noite, ele não dormiu. Ao lado de sua mãe, num dos tantos quartos do hotel, se levantou inúmeras vezes. Simplesmente, porque a notícia traria uma reviravolta em seu cotidiano. “Minha mãe me viu levantar de madrugada e perguntou o que estava acontecendo. Mas não pude falar”, lembrou ele.
Nesta terça-feira (22), no entanto, ao ser apresentado à imprensa pela diocese de Campo Mourão, já havia absorvido melhor o convite. “Agora estou pronto para acolher e ser acolhido por esta população. Um pastor, ao mesmo tempo em que cuida de suas ovelhas, também quer ser acolhido por elas”, explicou.
Monsenhor Evandro – nomenclatura até ser nomeado Bispo -, é um homem bastante simples. Se expressa bem. Fala com zelo. É visível o cuidado que tem com as palavras. Ele respondeu a todas as perguntas feitas pela imprensa. Não se esquivou de nenhuma. Até mesmo sobre os rumos de seu novo cargo. “Sou conservador. Sigo os ensinamentos do Evangelho”, se definiu.
Conta que nasceu em Teixeira Soares, cidade de 9 mil habitantes próxima a Ponta Grossa, nos Campos Gerais. Lá, sempre viveu na zona rural, a exemplo dos pais, que assim continuam na lavoura. De família religiosa aprendeu com os genitores a ser um homem de modos humildes, comportamento simples. Como consequência direta, rumou caminhos de cristandade. E seguiu como padre.
“Sempre aprendi a ser padre. Tive formação. Fiz cursos. Mas para Bispo não existe um aprendizado específico. Talvez por este motivo a minha grande surpresa pelo convite. Agora aprenderei a ser Bispo”, explicou. Segundo ele, após o comunicado começou a procurar onde ficava a tal Campo Mourão. Olhou mapas. Se informou com outros padres. Descobrindo finalmente onde ficava. “Esta é a minha primeira vez na cidade. Nunca antes havia pisado aqui. Mas agora estou tranquilo e feliz”, revelou. Brincando e sempre com um ótimo humor, disse que o seu dentista o informou sobre o trânsito da cidade.
Monsenhor Evandro acredita que a nova função é nada mais que um verdadeiro chamado de Deus. E por esta razão, terá aqui muitas dádivas. Ele não se define como autoritário. Mas exigente. “Todas as minhas decisões terão a participação da diocese”, disse. Para ele, o grande desafio é começar a “deixar” – os jantares todas as terças feiras com os pais, a sua paróquia, amigos, alunos. “E também aprender. Aprender a viver numa outra cidade. Aprender a ser Bispo”.
Já acostumado a lidar com turismo religioso, afirmou apoiar o 1º Caminho Iniciático de Santiago de Compostela, que começará em breve na cidade. “Trata-se de um instrumento muito intenso para a evangelização. A iniciativa terá meu apoio total”, falou.
Durante o encontro com jornalistas, também brincou-se com a semelhança entre ele e o ex Bispo Dom Virgílio. Por fim, questionado sobre ser um padre exorcista, explicou que cabe ao Bispo tal apontamento. No entanto, para isso, é necessária uma formação. Ou seja, é preciso ser ordenado para tal.
“Estou há dez anos nesta função. Nunca acreditei no demônio. Ele não é digno de fé”, disse. Segundo ele, em uma década, atuou poucas vezes no exorcismo. “Fiz cursos de psicologia e parapsicologia. Hoje, vejo que a maioria das pessoas que me procuram têm uma grande dor. Resultado dos tempos em que vivemos”, comentou.
Monsenhor Evandro, pertencente ao clero de Ponta Grossa, foi nomeado como o novo dispo da diocese de Campo Mourão pelo Papa Francisco. A data para sua posse será em agosto. Desde agosto de 2024 a diocese estava sem um bispo, quando dom Bruno Elizeu Versari foi transferido para diocese de Ponta Grossa. Desde então a diocese de Campo Mourão vem sendo administrada pelo padre Genivaldo Barbosa, pároco da paróquia Santa Rita de Cassia.

Quem é padre Evandro
O padre Evandro Luis Braun nasceu em 3 de agosto de 1976, em Teixeira Soares (PR), filho primogênito de Genito Antônio Braun e Suely Maria Braun. Ingressou no seminário em 28 de fevereiro de 1990, quando ainda cursava a 8ª Série do Ensino Fundamental, no Colégio Nossa Senhora das Graças, em Irati, residindo no seminário Menor Mãe de Deus até a conclusão do 2º Grau.
De 1994 a 1996 cursou Filosofia, no Instituto de Filosofia e Teologia Mater Ecclesiae, em Ponta Grossa, residindo no seminário São José. Cursou Teologia de 1998 a 2001, no Instituto de Filosofia e Teologia Mater Ecclesiae, em Ponta Grossa, residindo no Seminário São João Maria Vianney. Em 1997, foi auxiliar de formação, no Seminário Menor Mãe de Deus. Foi ordenado presbítero em 15 de setembro de 2002, na paróquia Imaculada Conceição, Teixeira Soares.
Atividades pastorais e serviços exercidos
De 2001 a 2009, foi professor da escola de Teologia para Leigos, em Ponta Grossa; De 08 de março de 2002 a 12 de dezembro de 2002, foi auxiliar de formação no seminário Propedêutico Mãe da Divina Graça, em Carambeí; De 8 de março de 2002 a 12 de dezembro de 2015, foi professor da disciplina “Vocação e Discernimento Vocacional” também no seminário Propedêutico Mãe da Divina Graça.
De 1º de janeiro de 2003 a 12 de fevereiro de 2010, foi reitor do Seminário Propedêutico Mãe da Divina Graça e vigário paroquial da paróquia Imaculada Conceição, em Carambeí. Exerceu ainda as funções de secretário da Organização dos Seminário e Institutos Filosóficos-Teológicos do Brasil (OSIB) do regional Sul 2 da CNBB (Paraná) de 19 de julho de 2007 a 14 de julho de 2011.
De 2008 a 2011, foi membro da equipe diocesana de formação “Escuta e Oração”. De 13 de fevereiro a 1º de fevereiro de 2020, foi pároco da paróquia Senhor Menino Deus e reitor do Santuário de Nossa Senhora das Brotas, em Piraí do Sul; De 2010 a 2015, foi diretor espiritual do seminário propedêutico da diocese de Ponta Grossa; De 2010 a 2019 foi coordenador e professor da Escola de Teologia para Leigos Santo Agostinho, do setor 5 da diocese.
Foi coordenador da Pastoral Presbiteral da diocese de 2012 a 2014; De 25 de abril de 2014 a 20 de novembro de 2019, foi assessor do regional Sul 2 da CNBB da Pastoral do Turismo. De 2020 a 19 de novembro de 2023, foi tesoureiro da Coordenação da Pastoral Presbiteral da diocese de Ponta Grossa.
O monsenhor integra, até então, o Colégio de Consultores; é padre exorcista, pároco da paróquia Santa Rita de Cássia, auxiliar na Formação Espiritual do seminário diocesano São José e assessor eclesiástico das oficinas de Oração e Vida na diocese de Ponta Grossa. Também é membro do Conselho das Irmãs Carmelitas Servas da Misericórdia de Sião, e seu vigário geral, secretário do regional Sul 2 da Pastoral do Turismo. Tem orientado retiros para seminaristas, religiosos e religiosas e para o clero de dioceses.