Soja: após sofrer com ‘veranico’ de novembro, falta de chuva volta a preocupar produtores
Após as lavouras de soja safra 2024/2025 sofrerem com o veranico do mês de novembro de 2024 – altas temperaturas e pouca umidade do solo – produtores rurais voltam a atenção às lavouras novamente à espera de mais chuvas na região. Desde o fim de dezembro não chove significativamente e as previsões não indicam precipitações para os próximos dias, o que preocupa, já que grande parte das áreas está na fase de enchimento de grãos, estágio mais crítico da planta.
“As expectativas são boas, mas ainda temos necessidade de chuvas na região”, informa o engenheiro agrônomo José Petrucci, diretor técnico da Associação dos Engenheiros Agrônomos de Campo Mourão (AEACM). Segundo ele, como a soja foi implantada em uma boa janela de plantio, isso favorecerá a implantação do milho e uma boa janela de semeadura.
Nas regiões onde a soja foi semeada mais cedo, em meados de setembro, a colheita deve iniciar nos próximos dias. Os trabalhos de retirada da produção do campo praticamente se concentrarão entre o final de janeiro e início de fevereiro. Porém, Petrucci reafirma que é preciso que as condições climáticas voltem a ficar favoráveis. Segundo ele, as lavouras em campo necessitam de chuvas para seu potencial desenvolvimento nesta reta final. As chuvas agora beneficiarão tanto as lavouras da soja, principalmente aquelas implantadas a partir da segunda quinzena de outubro, bem como deixarão as condições favoráveis para a implantação do milho segunda safra.
Na região de Campo Mourão, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab), núcleo de Campo Mourão, a área de soja é de 684.000 hectares na safra 2024/2025. Conforme as projeções do órgão, se as condições climáticas permitirem, a região deverá produzir entre 3.800 a 4.100 quilos de soja por hectare, atingindo um volume de produção de 2,6 milhões a 2,8 milhões de toneladas.
Petrucci observa que a região de Campo Mourão é considerada uma região de transição. Ou seja, é possível encontrar solos de diferentes texturas e regiões de alta e baixa altitude, que aliados a um período de veranico no mês de novembro, geraram três cenários às lavouras de soja. O cenário mais otimista, com lavouras com potenciais até acima de 70 sacas por hectare; cenário ‘bom’, mas não tão otimista, com produtividades de até 60 sacas por hectare e, por fim, cenário mais hostil, com produtividade média entre 45 a 50 sacas de soja por hectares, principalmente em áreas mais arenosas que sofreram com o veranico no mês de novembro.
“Tínhamos chuvas previstas para a última semana do ano na região, algo muito necessário, mas não ocorreram da maneira esperada. Foram muitos irregulares e para os próximos dias não temos previsão de chuvas. Importante que venha esta chuva para confirmar este cenário ‘de boa produtividade’”, ressalta. O agrônomo acrescentou que, em razão do manejo adotado na região pelos produtores rurais, até o momento acredita que não haverá redução na produtividade relacionada a casos de plantas daninhas, pragas ou doenças. “O produtor rural é bem consciente e a assistência técnica na região é bastante atuante, bem tecnificada. Praticamente tudo que foi determinado pela assistência técnica ao produtor foi feito e não tivemos problemas com ocorrências de pragas e doenças”, afirma.
Em nível de Paraná, estão mantidas as boas perspectivas para a safra de verão. Espera-se uma recuperação nas produtividades obtidas no ciclo anterior, que podem gerar 25,3 milhões de toneladas ou 19% a mais que as 21,3 milhões obtidas em 23/24. A área de plantio é de 5,7 milhões de hectares.